Votos de bom ano exigem outra política

«O que os por­tu­gueses es­pe­ra­riam ouvir do Pre­si­dente da Re­pú­blica (PR) era a afir­mação do seu papel em fazer cum­prir a Cons­ti­tuição e os di­reitos que nela estão con­sa­grados», con­si­derou Jorge Cor­deiro, re­a­gindo à men­sagem de ano novo pro­fe­rida por Mar­celo Re­belo de Sousa.

«A nossa cen­sura é à po­lí­tica»

La­men­ta­vel­mente, nesse plano, o PR foi «es­casso», qua­li­ficou o membro do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, que, em de­cla­ra­ções à co­mu­ni­cação so­cial ao início da noite de do­mingo, in­sistiu que o «ob­jec­tivo de de­fender um ano me­lhor e não per­dido de 2023, con­segue-se, so­bre­tudo, com ou­tras op­ções po­lí­ticas».

«Uma po­lí­tica que va­lo­rize os sa­lá­rios, as pen­sões e os ser­viços pú­blicos, que com­bata o au­mento do custo de vida e dos preços, que as­se­gure a pro­dução na­ci­onal e o de­sen­vol­vi­mento do País», de­ta­lhou Jorge Cor­deiro, para quem «é isso que ver­da­dei­ra­mente os por­tu­gueses querem ouvir» e que, «no es­sen­cial, pode as­se­gurar o com­bate às in­jus­tiças e de­si­gual­dades», que per­mi­tirá, «efi­caz­mente, com­bater a po­breza e de­sen­volver uma po­lí­tica que não fa­vo­reça os grupos eco­nó­micos».

Ques­ti­o­nado sobre a questão da es­ta­bi­li­dade po­lí­tico-go­ver­na­tiva, também aflo­rada na men­sagem pre­si­den­cial, o di­ri­gente co­mu­nista notou que tal de­pende «da es­ta­bi­li­dade ou ins­ta­bi­li­dade da vida dos por­tu­gueses».

«Se­guindo este per­curso de agra­va­mento das con­di­ções de vida, de perda de poder de compra por parte dos tra­ba­lha­dores e re­for­mados, de não com­bate às de­si­gual­dades e in­jus­tiças, a ins­ta­bi­li­dade sur­girá in­de­pen­den­te­mente da ex­pressão ins­ti­tu­ci­onal do Go­verno», afirmou.

 

A cen­sura é po­lí­tica

Antes, dia 29 de De­zembro, re­a­gindo à de­missão do mi­nistro das infra-es­tru­turas e Ha­bi­tação, de­cor­rente da si­tu­ação que con­duziu à de­missão da Se­cre­tária de Es­tado do Te­souro, Ale­xandra Reis, o também membro da Co­missão Po­lí­tica do PCP, Jorge Pires, sa­li­entou que «mais do que a de­missão deste ou da­quele membro do Go­verno, o que im­porta são as op­ções po­lí­ticas que levam à adopção de prá­ticas em vigor nos grupos eco­nó­micos quanto ao es­ta­tuto de ges­tores».

Tais cri­té­rios, cor­rentes, de resto, «põem em evi­dência o cho­cante con­traste com a ge­ne­ra­li­dade dos tra­ba­lha­dores que viram as suas in­dem­ni­za­ções por des­pe­di­mento re­du­zidas no pe­ríodo da troika e que con­ti­nuam a não ser re­va­lo­ri­zadas, apesar das su­ces­sivas ini­ci­a­tivas do PCP nesse sen­tido».

Ou seja, «mais do que saber quais os pró­ximos ti­tu­lares [das pastas go­ver­na­tivas dei­xadas vagas], o que o in­te­resse na­ci­onal exige é que seja re­ver­tido o pro­cesso de pri­va­ti­zação da TAP, que o Go­verno tem em curso com o aplauso de PSD, CDS, Chega e IL», bem como travar «a gula an­te­ci­pada das trans­por­ta­doras es­tran­geiras, que vêem nisso uma imensa opor­tu­ni­dade para a sua es­tra­tégia de do­mi­nação do sector».

Jorge Pires não des­va­lo­rizou «o sig­ni­fi­cado po­lí­tico dos acon­te­ci­mentos», mas in­sistiu que «o que re­al­mente os tra­ba­lha­dores e o povo querem ver é a res­posta aos seus pro­blemas mais pre­mentes, que afectam a sua vida», de­sig­na­da­mente através de «uma po­lí­tica que as­se­gure o au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões, o con­trolo dos preços, a va­lo­ri­zação ser­viço pú­blico, a co­meçar pelo SNS, ga­ran­tindo o efec­tivo di­reito à saúde, a uma Es­cola Pú­blica de qua­li­dade e a ga­rantia do di­reito à ha­bi­tação».

Em suma, «a nossa cen­sura é à po­lí­tica do Go­verno». Uma po­lí­tica que, no caso da TAP, se traduz na «des­truição do ser­viço pú­blico», de­fendeu Jorge Pires.

 



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