«Casa fria como a Islândia?»
«Casa fria como a Islândia? Neste Inverno ninguém vai bater o dente em casa. Descubram as dicas Ikea para se manterem quentes, reduzindo a necessidade de aquecedores.» «Quando entram em casa vestem o casaco? Se aí em casa está tanto frio como na Lapónia, talvez precisem de dicas para se aquecerem.»
Não, este texto não tem o patrocínio da Ikea. Pretende apenas chamar a atenção para o ponto a que chegámos: o frio que se passa nas casas portuguesas é tanto que a multinacional sueca de decoração o usa como publicidade às suas mantas, cobertores e edredrões.
Todos os estudos feitos mostram a dificuldade que a generalidade do povo tem de manter as casas quentes. É um problema transversal a todo o território nacional, que não se pode desligar das condições físicas da generalidade das casas e que está na origem de graves problemas de saúde, nomeadamente entre as crianças e os idosos.
O discurso da moda chama-lhe «pobreza energética». Em seu nome lançam-se projectos, planos e programas, a tarifa social da energia e o apoio de 10 euros por botija de gás. Sendo úteis para quem lhes consiga aceder, a verdade é que o essencial fica de fora: o preço da energia no nosso país é um escândalo e os salários por cá praticados inadmissíveis. Tudo num quadro em que os lucros das empresas energéticas não páram de subir – só os da Galp subiram 86% até Setembro.
Controlar os preços, baixar o IVA da electricidade e do gás para 6%, controlo público e democrático do sector energético, fim das borlas fiscais a estas empresas – tudo medidas que o PCP tem proposto. Além do aumento geral dos salários e das reformas. Neste como noutros problemas, a vida torna cada vez mais claro que é este o caminho a trilhar. Sob pena de a Ikea continuar a comparar as nossas casas com a Lapónia e a Islândia.