Repressão na Palestina agravada em Janeiro
Aumenta a repressão israelita na Palestina ocupada, onde uma incursão militar no campo de refugiados de Jenim, na Cisjordânia, provocou 10 mortos e duas dezenas de feridos. Nos primeiros 29 dias do ano foram assassinados 33 palestinianos pelas forças israelitas.
Exército, polícia e colonos israelitas mataram dezenas palestinianos em Janeiro
Lusa
O ministério da Saúde, em Ramala, confirmou que um ferido grave, de 24 anos, faleceu devido aos disparos das forças ocupantes, elevando para uma dezena o número de vítimas mortais resultante da incursão de 26 de Janeiro. Além dos mortos, o ataque dos militares de Telavive causou mais de 20 feridos. A operação do exército israelita contra o campo de refugiados elevou a tensão nos territórios ocupados.
A agência WAFA noticiou que só nos primeiros 29 dias deste ano as forças ocupantes mataram 33 palestinianos. E lembrou que, em 2022, exército, polícia e colonos israelitas mataram 224 palestinianos, a maioria deles na Cisjordânia.
O governo palestiniano condenou estes ataques, assim como as acções israelitas contra os árabes que vivem na zona ocupada de Jerusalém Oriental. O ministério de Assuntos Exteriores e Expatriados denunciou as medidas adoptadas contra as populações palestinianas desta cidade, salientando que as decisões do governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu são graves violações do direito internacional e um castigo colectivo como parte da política de ocupação. Tais acções arbitrárias, destacou, «reflectem uma mentalidade colonial racista e arrogante baseada na lógica da força», pelo que a actual escalada de violência provocada por Israel «desembocará numa explosão regional». Face a esta situação, Ramala apelou à denominada comunidade internacional, em especial os EUA, a passar das palavras aos actos visando travar as agressões.
No contexto do incremento da repressão israelita em Jerusalém Oriental, contam-se, além do anúncio da construção de novos colonatos no território, o envio de mais soldados para a cidade e a autorização a colonos israelitas para andar armados e disparar contra palestinianos que considerem «perigosos». Os israelitas decidiram também estender aos familiares dos palestinianos envolvidos em actos de legítima defesa medidas, como a demolição das suas habitações, o seu despedimento laboral, a revogação da autorização de residência em Jerusalém Oriental e a sua expulsão para zonas ocupadas da Cisjordânia.
Repetidamente, os palestinianos denunciam a colonização judia de Jerusalém Oriental e as intenções de Telavive de mudar a demografia da grande metrópole mediante a expulsão dos árabes.
Israel ocupou a zona oriental de Jerusalém na guerra de 1967 e desde então rejeita entregá-la aos palestinianos, apesar das resoluções da ONU, incluindo do seu Conselho de Segurança, e dos protestos a nível mundial.
Rejeição da violência contra povo palestiniano
Multiplicam-se no plano internacional as manifestações de repúdio contra a violência israelita sobre o povo palestiniano.
Em Cuba, o Instituto Cubano de Amizade com os Povos e a Associação de Amizade Cubano-Árabe condenaram o ataque israelita a Jenin e todas as acções que tentam «derrotar a resistência admirável do heróico povo palestiniano».
Também a China condenou os ataques e «toda a forma de violência contra civis» no quadro do conflito entre Israel e a Palestina e pediu à comunidade dos países para, com urgência, criar as condições para retomar as conversações de paz entre as duas partes. O governo chinês denunciou como causa fundamental do conflito a rejeição da aspiração legítima do povo palestiniano em formar um Estado independente.