Mais famílias, mais pequenas

Margarida Botelho

O Instituto Nacional de Estatística continua a divulgar dados do Censos de 2021, fornecendo elementos essenciais a quem queira conhecer o País – e a transformá-lo, como é o nosso caso.

Submersos no mar de escândalos que se apoderou do mundo das notícias, na semana passada foi a vez dos números sobre os agregados familiares. Como já se sabia, com menos população de 2011 para 2021, subiu o número de famílias, para cerca de quatro milhões. O que resulta na diminuição da dimensão dos agregados familiares, que são agora compostos em média por 2,5 pessoas.

Um milhão de pessoas – quase um quarto dos agregados considerados – vive sozinha. 12,5% do total dos agregados são pessoas com mais de 65 anos que vivem sozinhas, das quais 65% são mulheres idosas.

A maioria dos núcleos familiares tem filhos a cargo. Mais de 45% são casais com filhos, 18,5% são famílias monoparentais – um dos tipos de famílias que mais cresceu em dez anos. Destas, 85% são compostas pela mãe e pelos filhos, quase 580 mil famílias. Apesar de ter crescido, o número de famílias monoparentais em que o adulto é o pai é ainda minoritário, cerca de 14%.

Sem surpresas, o Censos revela que o número médio de filhos é maior quando ambos têm emprego ou escolaridade ao nível superior.

Quando se tenta pensar e intervir sobre as condições de vida dos portugueses, em aspectos tão diversos como a habitação, o custo de vida, os serviços públicos ou a demografia, não se podem ignorar estes elementos. E colocam-se com muita premência questões que o PCP tem colocado: a emergência do aumento dos salários e das pensões; a necessidade da fixação de preços, sobretudo dos bens de primeira necessidade e da habitação; o carácter estratégico da criação de uma rede pública de creches, bem como de uma rede pública de lares. Se quisermos um País de futuro, com qualidade de vida e gente feliz.




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