Governo tem de mostrar que ouve a forte luta dos professores
Nas negociações que convocou para hoje, em mesa negocial única, o Ministério da Educação «terá de alterar algumas posições», em especial sobre vinculação, colocação por directores e contagem de serviço.
Decretar serviços mínimos nas escolas é um grave precedente
Na segunda-feira, 30 de Janeiro, em Leiria – onde teve lugar uma greve distrital com muito elevada adesão e uma manifestação com milhares de docentes –, o Secretário-geral da Fenprof congratulou-se com a alteração, de quatro mesas negociais, para apenas uma, o que «dá mais força às organizações» sindicais.
Mário Nogueira, citado pela agência Lusa, disse esperar que o Governo «deixe de não querer ouvir esta pressão dos professores», claramente demonstrada nas escolas e nas ruas, especialmente nas greves de âmbito distrital, que terminam dia 8, no Porto.
«Se o Governo souber ouvir», «terá de alterar algumas posições», preveniu o dirigente, concretizando que não pode «haver vinculação de professores em que os mais graduados, com 15 e 20 anos de serviço, ficam de fora e outros colegas, com quatro ou cinco anos, possam vincular»; professores efectivos dos quadros das escolas, que passem ao Quadro de Zona Pedagógica, não podem ter os directores a decidir a sua colocação em outras escolas; e o ME não pode «continuar a não querer contar o tempo de serviço dos professores».
Mas há outras reivindicações, que exigem alteração urgente por parte do Ministério, como «continuar a impedir a progressão, com vagas, e a aplicar quotas na avaliação, mobilidade por doença, técnicos especializados».
As greves de âmbito distrital, iniciadas a 16 de Janeiro, em Lisboa, prosseguiram em ordem alfabética, repetindo e até alargando, nos últimos dias, os índices de participação, mobilizando a esmagadora maioria dos professores e educadores.
A Fenprof e os seus sindicatos continuaram a divulgar imagens e níveis detalhados de adesão às greves em Évora (25 de Janeiro), Faro (26), Guarda (27), Leiria (30), Portalegre, (anteontem, dia 31) e Santarém (ontem, 1 de Fevereiro).
As próximas greves abrangem os distritos de Setúbal (hoje, dia 2), Viana do Castelo (amanhã), Vila Real (segunda-feira, 6), Viseu (dia 7) e Porto (dia 8).
Para 11 de Fevereiro, sábado, está convocada uma manifestação nacional, em Lisboa.
Serviços mínimos repudiados
Depois de esclarecerem que os serviços mínimos, decretados no dia 27, não se aplicam às greves distritais, a Fenprof e as sete organizações sindicais que as convocaram (a que depois se juntou a FNE) vieram declarar que tal decisão «na Educação, para além dos que a lei estabelece, constituirá uma violação da própria lei».
A CGTP-IN, no dia 28, repudiou esta determinação de serviços mínimos nas escolas, notando que «é inédita no nosso País» e «procura abrir um precedente para pôr em causa o direito à greve».
A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, no dia 30, repudiando a definição de serviços mínimos, alertou que esta «poderá condicionar, no futuro, o legítimo direito à greve». A federação da CGTP-IN observou que a imposição abrange «tarefas que, no essencial, são realizadas por trabalhadores não docentes».
Recordou que os assistentes operacionais (auxiliares de acção educativa), os assistentes técnicos e os técnicos superiores especializados «asseguram tarefas de basilar importância na Escola Pública» mas estão «entre os trabalhadores mais mal pagos da Administração Pública» e sofreram a «destruição da sua carreira», com a aplicação da Lei 12-A/2008.