«Baixar as armas, subir os salários» – reclamam trabalhadores na Europa

Ma­ni­fes­ta­ções em di­versos países da Eu­ropa têm em comum a exi­gência do fim da es­ca­lada de guerra e do au­mento das des­pesas mi­li­tares e da su­bida de sa­lá­rios e me­lhoria das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e dos povos.

Grandes ma­ni­fes­ta­ções em países da Eu­ropa contra a guerra e por me­lhores con­di­ções de tra­balho e de vida para os tra­ba­lha­dores

Em Itália, a União Sin­dical de Base (USB) marcou uma ma­ni­fes­tação para sá­bado, 18, nas ime­di­a­ções do ae­ro­porto de Pisa, sob o lema «Baixar as armas, subir os sa­lá­rios».

Foi feito um apelo à adesão de par­tidos, sin­di­catos e as­so­ci­a­ções para mais um pro­testo contra as ins­ta­la­ções mi­li­tares nessa ci­dade da Tos­cana e o en­vol­vi­mento do go­verno de Itália, a mando da NATO, na guerra da Ucrânia. Os ma­ni­fes­tantes vão di­rigir-se ao Ae­ro­porto Ga­lileu Ga­lilei e des­filar de­pois até ao ae­ro­porto mi­litar, de onde «partem aviões car­re­gados para a guerra».

A ini­ci­a­tiva em Pisa an­te­cede uma ma­ni­fes­tação na­ci­onal em Gé­nova, no dia 25, con­vo­cada pelo Co­lec­tivo Au­tó­nomo dos Tra­ba­lha­dores Por­tuá­rios da­quela ci­dade, na re­gião da Li­gúria. Es­pera-se a par­ti­ci­pação de re­pre­sen­ta­ções de ci­dades como Pádua, Turim, Ca­gliari e Flo­rença, entre ou­tras.

Estão a aderir or­ga­ni­za­ções so­ciais, par­tidos e sin­di­catos, como a USB, que de­nuncia a es­ca­lada do con­flito na Ucrânia, con­fir­mada pelo envio de mais armas e pelo agra­va­mento em Itália das con­di­ções de vida de ca­madas cada vez mais am­plas da po­pu­lação, como con­sequência do en­vol­vi­mento po­lí­tico e mi­litar de Roma no con­flito.

 

Pro­testo em Co­pe­nhaga
reuniu 50 mil pes­soas

Mi­lhares de ma­ni­fes­tantes jun­taram-se em Co­pe­nhaga, no dia 5, em pro­testo contra a ten­ta­tiva de o go­verno aprovar uma lei para abolir um fe­riado na­ci­onal e assim obter mais re­ceitas fis­cais para au­mentar os gastos mi­li­tares da Di­na­marca, no con­texto do apoio do Go­verno di­nar­marquês ao pro­lon­ga­mento da guerra na Ucrânia.

A ma­ni­fes­tação, a maior da úl­tima dé­cada no país nór­dico, foi con­vo­cada pela Con­fe­de­ração das Cen­trais Sin­di­cais Di­na­mar­quesas e reuniu 50 mil pes­soas na ca­pital, em pro­testo contra a abo­lição, a partir de 2024, de um fe­riado re­li­gioso co­me­mo­rado um mês de­pois da Páscoa, desde fi­nais do sé­culo XVII.

O go­verno, uma co­li­gação entre so­ciais-de­mo­cratas e par­tidos da di­reita, pre­tende acabar com o fe­riado para obter um acrés­cimo de re­ceitas fis­cais que ajudem a fi­nan­ciar o cres­ci­mento do or­ça­mento de mi­litar. Uma me­dida que também visa con­tri­o­buir para atingir os ob­jec­tivos da NATO de lo­grar, até 2030, que cada um dos países mem­bros gaste por ano pelo menos dois por cento do PIB em des­pesas mi­li­tares.

Oito par­tidos da opo­sição, de di­fe­rentes ten­dên­cias po­lí­ticas, afir­maram-se contra a ex­tinção do fe­riado.

 

Greve geral
à vista em França

Está mar­cado para hoje, quinta-feira (16), mais um dia de luta em França, con­vo­cado pela In­ter­sin­dical, que aglu­tina as oito mais im­por­tantes cen­trais sin­di­cais do país.

Trata-se da quinta jor­nada de pro­testos, nas úl­timas se­manas, contra a in­tenção do go­verno de impor al­te­ra­ções no cál­culo das pen­sões de re­forma dos tra­ba­lha­dores. Nas ma­ni­fes­ta­ções de 19 e 31 de Ja­neiro e 7 e 11 deste mês, par­ti­ci­param mi­lhões de pes­soas em toda a França.

As mu­danças na le­gis­lação la­boral, que estão a ser dis­cu­tidas no par­la­mento, in­cluem a ex­tensão da idade legal de re­forma de 62 para 64 anos, o au­mento do pe­ríodo de des­contos para 43 anos e a eli­mi­nação de al­guns re­gimes es­pe­ciais de apo­sen­tação.

Pe­rante a re­cusa in­tran­si­gente do go­verno do pre­si­dente Em­ma­nuel Ma­cron a ouvir a mai­oria dos fran­ceses – sete em cada 10, se­gundo es­tudos de opi­nião, estão contra o pro­jecto de lei go­ver­na­mental – os sin­di­catos devem anun­ciar uma greve geral a partir do pró­ximo dia 7 de Março.

 

Há di­nheiro para armas
mas não para a saúde

Em Es­panha, cen­tenas de mi­lhares de ma­dri­lenos ma­ni­fes­taram-se no do­mingo, 12, na zona da Plaza de Ci­beles, no centro da ca­pital es­pa­nhola, para re­clamar um sis­tema de saúde pú­blica de qua­li­dade e uni­versal. Pro­testo se­me­lhante de­correu em San­tiago de Com­pos­tela, na Ga­liza, onde a ci­dade pa­ra­lisou pra­ti­ca­mente com o grande apoio po­pular à marcha por me­lhor saúde.

Em Ma­drid, os ma­ni­fes­tantes exi­giram à pre­si­dente da co­mu­ni­dade au­tó­noma, Isabel Díaz Ayuso, de di­reita, apoio e me­lho­rias no sis­tema de cui­dados pri­má­rios e, em geral, na saúde pú­blica. Um dos dís­ticos em­pu­nhados por ma­ni­fes­tantes re­sumia o sen­ti­mento geral do pro­testo: «Para o rei, armas e clero há sempre di­nheiro, para a saúde e as pen­sões de re­forma não».

Con­vo­cada por «vi­zi­nhos e vi­zi­nhas dos bairros e povos de Ma­drid», a gi­gan­tesca ma­ni­fes­tação na ca­pital teve o apoio das forças po­lí­ticas de es­querda, de as­so­ci­a­ções pro­fis­si­o­nais de mé­dicos e en­fer­meiros e de cen­trais sin­di­cais, como as Co­mi­si­ones Obreras (CCOO) e a União Geral de Tra­ba­lha­dores (UGT).




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