Fruto do de­sin­ves­ti­mento de su­ces­sivos go­vernos, os pro­blemas na ha­bi­tação de cariz so­cial agravam-se a cada dia que passa no edi­fi­cado, sem obras de re­qua­li­fi­cação, nem de be­ne­fi­ci­ação, como se as­siste na Zona Ur­bana de Con­ceição, em Gui­ma­rães, criada em 1975.Du­rante a sua exis­tência, so­freu uma in­ter­venção nas fa­chadas a pensar na re­a­li­zação da Gui­ma­rães Ca­pital Eu­ro­peia da Cul­tura. «No seu in­te­rior nem um prego! Ou uma lata de tinta! Se mal es­tava, assim con­tinua», de­nuncia a As­so­ci­ação de Mo­ra­dores.

Apesar das di­fí­ceis con­di­ções de ha­bi­ta­bi­li­dade, em «re­sul­tado da Lei Cristas» foi im­posto um au­mento co­lossal das rendas (entre os cinco mil e os dois mil por cento) para todas as ha­bi­ta­ções do Ins­ti­tuto da Ha­bi­tação e da Re­a­bi­li­tação Ur­bana (IHRU) no con­celho de Gui­ma­rães. «O PCP levou este as­sunto ao Par­la­mento, dando-nos ins­tru­ções e força para lutar», re­cordam os mo­ra­dores, que re­co­lheram mais de cinco mil as­si­na­turas para uma pe­tição que a mai­oria PSD/​CDS re­jeitou. «Re­cor­remos à jus­tiça com pro­cesso en­trado no Tri­bunal Ad­mi­nis­tra­tivo; pas­sámos a de­po­sitar a renda ha­bi­tual de cada mo­rador na Caixa Geral de De­pó­sitos à ordem do IHRU, que se re­cusou re­cebê-la, e assim acon­tece até aos dias de hoje», acres­centa a as­so­ci­ação que nunca de­sistiu da sua luta.

Mo­ra­dores unidos
Também em Mar­vila, os mo­ra­dores dos bairros so­ciais –que têm como se­nho­rios a Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa, o IHRU e a Se­gu­rança So­cial – não cruzam os braços pelo seu di­reito à ha­bi­tação digna, tendo como porta-vozes os eleitos da CDU da fre­guesia e da ci­dade. Entre os muitos pro­blemas, des­taca-se a baixa qua­li­dade do es­paço pú­blico e de cons­trução, de­gra­dação de boa parte do edi­fi­cado e de­zenas de edi­fí­cios sem ma­nu­tenção desde a sua cons­trução.

No final de 2022 foi cons­ti­tuída a Co­missão de Mo­ra­dores de Mar­vila, cuja in­ter­venção já ob­teve al­guns re­sul­tados con­cretos, como a sus­pensão do des­pejo de fa­mí­lias no Bairro Marquês de Abrantes, re­so­lução dos dois es­gotos que cor­riam para a via pú­blica junto aos lotes 13 e 535 e a des­ta­pagem de sete tampas de es­gotos de uma rua, co­bertas por as­falto há mais de dois anos, ou me­lhoria li­geira do fun­ci­o­na­mento dos ele­va­dores de vá­rios lotes no Bairro do Con­dado.