Deputados do PCP no PE dão voz ao distrito de Beja

«Neste dis­trito, onde tantas vezes já es­ti­vemos e onde tantas ou­tras vamos re­gressar, re­a­fir­mamos o com­pro­misso de sempre de co­nhecer pro­fun­da­mente a re­a­li­dade para in­tervir no in­te­resse do povo e do País», dis­seram João Pi­menta Lopes e Sandra Pe­reira no final das jor­nadas de tra­balho na re­gião.

Nas jor­nadas ou­viram-se pro­blemas e afir­maram-se pro­postas do PCP

A en­cerrar o pé­riplo re­a­li­zado entre 1 e 3 de Março, per­cor­rendo 11 con­ce­lhos num in­tenso pro­grama de vi­sitas, en­con­tros, reu­niões e tri­bunas pú­blicas, os eleitos co­mu­nistas no Par­la­mento Eu­ropeu fi­zeram uma de­cla­ração final em que rei­te­raram que «Beja é um dis­trito de enorme po­ten­cial de de­sen­vol­vi­mento», mas que «exige ou­tras po­lí­ticas de in­ves­ti­mento nos ser­viços pú­blicos, res­pon­dendo à falta de mé­dicos, que se cons­tata em vá­rios con­ce­lhos, às ne­ces­si­dades edu­ca­tivas ou dos trans­portes co­lec­tivos nos con­ce­lhos e ao ser­viço do dis­trito».

«Exigem-se também in­ves­ti­mento na fer­rovia, res­postas para a questão da ha­bi­tação, para a va­lo­ri­zação real de sa­lá­rios e re­formas, assim como na con­tenção dos preços dos bens es­sen­ciais e na energia», acres­cen­taram, antes de re­la­taram que «o con­junto amplo de con­tactos efec­tu­ados con­firmam as justas rei­vin­di­ca­ções de pro­mover a pro­dução na­ci­onal e de apoios às micro, pe­quenas e mé­dias em­presas e ex­plo­ra­ções agrí­colas e fa­mi­li­ares, de co­locar a agri­cul­tura ao ser­viço da so­be­rania ali­mentar do País, con­tra­ri­ando a po­lí­tica ori­en­tada para a pro­dução su­pe­rin­ten­siva».

Com efeito, as jor­nadas per­mi­tiram ouvir de viva voz os pro­blemas con­cretos com que se con­frontam po­pu­lação e tra­ba­lha­dores. Desde logo pelos con­tactos es­ta­be­le­cidos com as muitas cen­tenas de tra­ba­lha­dores das minas da So­mincor e da Al­mina, im­por­tantes em­presas da ex­plo­ração de mi­né­rios, onde foi pos­sível re­co­lher tes­te­mu­nhos da au­sência de ac­tu­a­li­za­ções sa­la­riais e do au­mento da in­ten­si­dade la­boral.

Numa re­gião com ele­vado po­ten­cial agro­a­li­mentar, cres­cen­te­mente do­mi­nado pelo grande agro­ne­gócio, as con­versas com tra­ba­lha­dores ru­rais, in­cluindo imi­grantes, também es­ti­veram em des­taque, com al­guns a de­nun­ci­arem, numa das tri­bunas pú­blicas, a si­tu­ação em que se en­con­tram.

Assim não pode ser

Facto mar­cante das jor­nadas foi, igual­mente, os re­latos sobre o au­mento do custo de vida, acerca dos sa­lá­rios que custam a chegar ao fim do mês, es­cu­tados aten­ta­mente pelos eleitos co­mu­nistas nas fá­bricas, nos campos, à porta de uni­dades da grande dis­tri­buição ou no pe­queno co­mércio e mer­cados, onde se re­flecte o cada vez mais baixo poder de compra po­pular.

A de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde também marcou as jor­nadas. À falta de mé­dicos de fa­mília, soma-se o en­cer­ra­mento ou fun­ci­o­na­mento ir­re­gular de cen­tros de saúde em fre­gue­sias, bem como um hos­pital dis­trital com menos va­lên­cias, em­pur­rando para Évora, Lisboa, ou para o sector pri­vado, os do­entes do dis­trito. Os re­latos de quem aguarda uma ma­mo­grafia por avaria do equi­pa­mento no hos­pital, os tempos de es­pera para agen­da­mento de uma con­sulta ou a ne­ces­si­dade de re­correr a con­sultas par­ti­cu­lares na au­sência de pro­fis­si­o­nais no SNS, foram al­guns dos tes­te­mu­nhos que con­fir­maram as con­sequên­cias do de­sin­ves­ti­mento pú­blico na saúde.

Acresce a falta de trans­portes pú­blicos para a mo­bi­li­dade, quer dentro dos con­ce­lhos, quer entre estes, quer mesmo para e da ca­pital do dis­trito, Beja.

Por outro lado, também nas vi­sitas a cor­po­ra­ções de bom­beiros se cons­ta­taram as enormes di­fi­cul­dades fi­nan­ceiras e o avo­lumar das de­si­gual­dades de meios e apoios, par­ti­cu­lar­mente graves no que toca ao trans­porte de do­entes, cujos pa­ga­mentos as­se­gu­rados pelo Es­tado são in­su­fi­ci­entes para co­brir os custos do ser­viço pres­tado.

A de­fesa do poder local e dos seus tra­ba­lha­dores foi, ainda, uma cons­tante ao longo dos três dias das jor­nadas dos de­pu­tados do PCP no PE pelo dis­trito de Beja, so­bres­saindo os efeitos per­versos de um SI­ADAP [sis­tema de ava­li­ação] que pe­na­liza os tra­ba­lha­dores na sua pro­gressão na car­reira e se traduz na com­pressão dos sa­lá­rios a que os vin­cu­lados à Função Pú­blica têm es­tado su­jeitos.

Por tudo isto, João Pi­menta Lopes e Sandra Pe­reira con­cluíram que, do dis­trito de Beja, levam «a voz dos que apertam o cinto, dos que re­sistem ao gar­rote que se lhes impõe». Mas ti­veram também a opor­tu­ni­dade de «deixar as pro­postas do PCP: pela va­lo­ri­zação de sa­lá­rios e pen­sões, pelo con­trolo de preços e o com­bate à es­pe­cu­lação, pelo in­ves­ti­mento nos ser­viços pú­blicos e na pro­dução como fac­tores de pro­gresso so­cial e eco­nó­mico num dis­trito com enorme po­ten­cial».



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