Uma das maiores greves da Administração Pública
R5fffNo dia 17 teve lugar «uma das maiores greves da Administração Pública dos últimos anos, com serviços encerrados de Norte a Sul do País e nas regiões autónomas, devido a uma adesão em massa» à luta, como sintetizou o coordenador da Frente Comum de Sindicatos, a estrutura que convocou a paralisação.
Pouco depois do meio-dia, num depoimento gravado junto de um piquete de greve, na Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, Sebastião Santana salientou que «o descontentamento é generalizado», garantindo que «temos pela frente a continuação da luta, para que o Governo entenda, de uma vez por todas, que não pode fazer orelhas moucas às exigências dos trabalhadores e à necessidade de reforço dos serviços públicos».
Governo tem de ouvir
«Hoje parámos a Administração Pública em todo o País», «não se consegue identificar um único serviço onde não estivessem trabalhadores em greve», frisou. A greve foi, assim, «uma manifestação de indignação e de vontade de mudança, que o Governo vai ter de ouvir», «vai ter de dar respostas, no imediato, às questões centrais: o aumento imediato dos salários, a valorização de todas as carreiras, a revogação do SIADAP, o reforço dos serviços públicos», concluiu Sebastião Santana.
Desde a noite de dia 16, a Frente Comum e os sindicatos promoveram encontros com a comunicação social, para darem nota do andamento da greve, junto a piquetes, no Estaleiro da Câmara Municipal da Amadora, nos hospitais de São José e Santa Maria (Lisboa), no Arsenal do Alfeite (Almada, como exemplo de desinvestimento do Estado), na Escola José Falcão (Coimbra), na Loja do Cidadão de Faro e no Hospital de São João (Porto).
Em alguns destes momentos, a Secretária-geral e outros dirigentes da CGTP-IN marcaram presença, declarando solidariedade e reforçando a mobilização para a manifestação nacional do dia seguinte, com objectivos semelhantes.
Junto do Hospital de São João esteve também Paulo Raimundo, Secretário-geral do PCP (como referimos nas páginas 18 e 19). Ao piquete no Arsenal do Alfeite, o apoio do Partido foi reafirmado por Bruno Dias, membro do Comité Central do Partido e deputado. Na Amadora e no Hospital de São José, compareceram, respectivamente, os deputados Duarte Alves e João Dias.
Os serviços de higiene urbana e recolha de resíduos sólidos foram especialmente afectados, na madrugada, devido a níveis de adesão muito elevados, referindo o STAL que houve adesão total nos concelhos de Amadora, Barreiro, Évora, Loures, Guimarães, Moita, Palmela e Seixal. A partir da manhã, a greve fez-se sentir na generalidade dos serviços das autarquias locais e empresas municipais.
A elevada adesão à greve levou ao encerramento e a perturbações no funcionamento de muitas escolas e de serviços em muitos hospitais (com mínimos assegurados nos internamentos e nas urgências), como assinalou, repetidamente, Sebastião Santana, contestando a imposição de serviços mínimos ilegais em muitos estabelecimentos de ensino. Várias câmaras municipais fizeram questão de esclarecer que tal imposição, por parte de um órgão da Administração Central, não se poderia aplicar ao pessoal não docente que passou a ter vínculo aos municípios.