2007 – Museu da escrita do Sudoeste
O ditado «as palavras voam, mas as pedras ficam», do provérbio romano verba volant, scripta manent («as palavras voam, os escritos permanecem»), tem no concelho de Almodôvar expressão privilegiada: as estelas, do grego stela, «pedra erguida», do Museu da escrita do Sudoeste, registos da língua de um povo misteriosamente desaparecido e que se crê ter sido a primeira escrita da península baseada num alfabeto. Terá sido usada pelos Tartessos, povo que viveu entre os anos 1000 e 500 a.C. no espaço das actuais regiões da Andaluzia, Baixo Alentejo e Algarve, e dela sobreviveram fragmentos gravados na pedra, a maioria encontrada no Alentejo. O espólio do museu inclui uma estela de grande dimensão que é também das mais ricas em termos de grafia. Esta escrita invulgar foi registada nos finais do séc. XVIII por frei Manuel do Cenáculo, que chamou às estelas pedras Phenicias. Mais tarde, Estácio da Veiga designou-a como «escrita do Algarve», tendo o nome evoluído de «escrita ibérica» ou «sud-lusitana» até à actual designação de «escrita do Sudoeste». Os tartessos são hoje considerados uma civilização formada a partir da miscigenação de habitantes locais e colonizadores gregos e fenícios na Península Ibérica. O Museu de Almodôvar é o único do mundo dedicado à enigmática grafia.