Misericórdias devem aplicar direitos e salários das IPSS

Tra­ba­lha­dores de santas casas de Mi­se­ri­córdia e da União das Mi­se­ri­cór­dias Por­tu­guesas ma­ni­fes­taram-se em Lisboa, para exigir a apli­cação das normas de con­tra­tação co­lec­tiva das IPSS, como é de lei.

A luta or­ga­ni­zada é a res­posta para não em­po­brecer a tra­ba­lhar

A por­taria de ex­tensão do con­trato co­lec­tivo de tra­balho das Ins­ti­tui­ções Par­ti­cu­lares de So­li­da­ri­e­dade So­cial foi pu­bli­cada a 2 de No­vembro, «de­pois de se­manas de lutas e greves por todo o País», como re­cordou o CESP/​CGTP-IN, num co­mu­ni­cado em que apelou à par­ti­ci­pação na acção de 12 de Maio.

Ainda em Abril, o sin­di­cato tinha acu­sado a UMP de con­ti­nuar «na linha da men­tira, usando de todas as ar­ti­ma­nhas para não aplicar a lei». Tanto a UMP, como o Mi­nis­tério do Tra­balho, «du­rante anos», de­fen­deram a tese de que aquela, não sendo uma as­so­ci­ação pa­tronal, não po­deria subs­crever um con­trato co­lec­tivo de tra­balho (CCT). Mas «agora, dando o dito por não dito, apres­saram-se a as­sinar um CCT com a UGT», através da FNE. Como o CESP de­nun­ciou, esse con­trato «vi­gora por um pe­ríodo de seis meses» e contém «di­reitos e con­di­ções in­fe­ri­ores aos que são ga­ran­tidos com a por­taria de ex­tensão do CCT para os tra­ba­lha­dores de todas as IPSS».

O CESP, que re­velou haver casos de mi­se­ri­cór­dias que estão a apre­sentar de­cla­ra­ções aos tra­ba­lha­dores, para que «es­co­lham» o con­trato da FNE/​UGT, des­tacou quatro pontos de com­pa­ração.

Pela por­taria de ex­tensão do CCT das IPSS, as mi­se­ri­cór­dias e a UMP devem: aplicar uma ta­bela sa­la­rial igual ao res­tante sector so­cial; cum­prir um ho­rário normal de 37 horas se­ma­nais; pagar diu­tur­ni­dades; pagar pelo dobro (acrés­cimo de cem por cento) o tra­balho pre­zado em dia fe­riado.

O «CCT que querem que tu as­sines» im­pli­caria «a di­visão dos tra­ba­lha­dores do sector so­cial», ha­vendo casos em que, com idên­ticas fun­ções, se pode re­ceber nas mi­se­ri­cór­dias menos 150 euros por mês do que nas IPSS – como uma di­ri­gente re­latou à agência Lusa, du­rante a con­cen­tração de dia 12, de manhã, frente à sede da UMP.

Além disso, o con­trato a que a FNE/​UGT deu a as­si­na­tura prevê um ho­rário de 40 horas se­ma­nais; ex­clui o pa­ga­mento de diu­tur­ni­dades; e aceita o pa­ga­mento do tra­balho em dia fe­riado abaixo do valor que deve ser apli­cado, cum­prindo a por­taria de ex­tensão.

«Não é ver­dade que as mi­se­ri­cór­dias possam es­co­lher, como dis­seram, não aplicar a por­taria, por causa do acordo as­si­nado com a FNE/​UGT, nas costas do CESP», su­bli­nhou o sin­di­cato.

Após a con­cen­tração na UMP, os tra­ba­lha­dores le­varam o pro­testo para junto do Mi­nis­tério do Tra­balho. Uma de­le­gação exigiu, no ga­bi­nete da mi­nistra, a fis­ca­li­zação do cum­pri­mento da por­taria de ex­tensão em todas as mi­se­ri­cór­dias.

Da UMP é ainda exi­gida a ne­go­ci­ação de au­mentos sa­la­riais para 2023.

O CESP anun­ciou já uma greve nas santas casas de Mi­se­ri­córdia, a 9 de Junho, com con­cen­tra­ções de âm­bito dis­trital.

 

Mi­nis­tério boi­cota au­mentos

O CESP pro­moveu na mesma sexta-feira, à tarde, uma con­cen­tração em frente do Mi­nis­tério do Tra­balho, para exigir a pu­bli­cação do con­trato co­lec­tivo de tra­balho que o sin­di­cato ne­go­ciou com a Anarec, para postos de com­bus­tível e par­ques de es­ta­ci­o­na­mento. A exi­gência foi le­vada por uma de­le­gação ao ga­bi­nete da mi­nistra.

Trata-se de in­tro­missão do Mi­nis­tério na con­tra­tação co­lec­tiva ne­go­ciada entre o sin­di­cato e a as­so­ci­ação pa­tronal, afirma o CESP.

Num co­mu­ni­cado, a an­te­ceder a con­cen­tração, o sin­di­cato ex­plicou que o Mi­nis­tério «de­cidiu boi­cotar» a pu­bli­cação da re­visão do con­trato, em 2020 e em 2022, ale­gando que a Anarec não re­pre­senta em­presas de par­ques de es­ta­ci­o­na­mento. «É ina­cei­tável que o Mi­nis­tério do Tra­balho seja por­tador de re­ti­rada de di­reitos e sa­lá­rios», pro­testou o CESP, as­si­na­lando que os tra­ba­lha­dores «não vêem um euro de au­mento desde 2018».

Na ne­go­ci­ação de 2022, o sin­di­cato acordou com a Anarec duas ta­belas sa­la­riais, para ga­rantir os au­mentos de 2020.

 

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Manifestação exigiu estabilidade na ciência

Mais de mil tra­ba­lha­dores ci­en­tí­ficos ma­ni­fes­taram-se an­te­ontem, 16, em Lisboa, exi­gindo do Go­verno uma res­posta «efec­tiva e ime­diata» que ponha fim à pre­ca­ri­zação dos vín­culos la­bo­rais na­quele que é um sector es­tra­té­gico para o País.

Com caravana ao longo da EN2 professores mantêm a luta

Após as greves de âm­bito dis­trital, que ter­mi­naram em Lisboa, no dia 12, as or­ga­ni­za­ções sin­di­cais de do­centes vão or­ga­nizar uma «ca­ra­vana dos pro­fes­sores», na EN2, par­tindo dia 22 de Chaves para Faro.

Luta por valorização e pelo SNS marcou Dia do Enfermeiro

Com uma greve e uma con­cen­tração junto do Mi­nis­tério da Saúde, em Lisboa, o SEP/​CGTP-IN as­sinalou o Dia In­ter­na­ci­onal do En­fer­meiro, 12 de Maio, exi­gindo so­lu­ções para pro­blemas da classe e do SNS.

Intervenção sindical dá frutos

«Um princípio de entendimento para o acordo colectivo de trabalho (ACT) na Madeira, que melhora significativamente as condições de trabalho dos médicos do Serviço de Saúde da Região», foi anunciado, dia 9, pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul. Das medidas acordadas com o Governo Regional e inscritas no novo ACT, o...

Contra precariedade no MAAT

Em solidariedade com os trabalhadores do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, que a Fundação EDP mantém contratados a recibos verdes, a Interjovem/CGTP-IN realizou um concerto, no dia 11, ao final da tarde. No exterior do MAAT, em Belém (LIsboa), entre as actuações das bandas Sir Dinha e...

Exigido aumento salarial intercalar no Grupo Altice

A frente sindical, constituída por Sinttav, SNTCT, STT, FE e Sinquadros, formalizou no dia 12 uma proposta de aumentos salariais intercalares, para «repor parte da desvalorização dos salários e fazer face ao aumento continuado do custo de vida». É reivindicado um acréscimo mínimo de 110 euros, no vencimento-base de todos...

Grande greve na Valorsul

A unidade dos trabalhadores e a grande greve realizada de 8 a 12 de Maio na Valorsul, que provocou a paralisação da maioria das unidades de produção, «exigem novas propostas» da administração, como se assinala numa nota publicada pela Fiequimetal/CGTP-IN. Caso contrário, os trabalhadores,...

Contra Lock-out na R. Piairo

«O patrão esperou que os trabalhadores confeccionassem todas as peças existentes na empresa, para proceder ao despedimento colectivo, o que para nós configura lock-out», afirmou o Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, que organizou um protesto dos trabalhadores da R. Piairo, no dia 12....