Ataques laborais e salários de miséria nas grandes superfícies

A as­so­ci­ação pa­tronal das em­presas da grande dis­tri­buição co­mer­cial pre­tende manter sa­lá­rios baixos e in­sistir no banco de horas para agravar a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores em sede de ne­go­ci­ação co­lec­tiva.

Com lu­cros de mi­lhões, em­presas de dis­tri­buição optam por manter sa­lá­rios baixos

Quem o afirma é o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços. Se­gundo o CESP, a As­so­ci­ação Por­tu­guesa de Em­presas de Dis­tri­buição (APED), na sua úl­tima pro­posta para a re­visão do Con­trato Co­lec­tivo de Tra­balho (CCT), con­tinua a es­co­lher não re­solver ne­nhum dos pro­blemas que afectam os tra­ba­lha­dores do sector. Com fac­tu­ração de mi­lhões de lu­cros, que re­pre­sentam 12,4 por cento do PIB na­ci­onal, as em­presas re­pre­sen­tadas pela APED in­sistem na ma­nu­tenção de baixos sa­lá­rios, ho­rá­rios des­re­gu­lados, ritmos de tra­balho in­tensos e vín­culos pre­cá­rios.

Sobre o banco de horas, o sin­di­cato lembra que, cum­prindo o CCT em vigor subs­crito pelo CESP, o tra­ba­lhador re­cebe a do­brar por cada hora extra que la­bora e pode re­cusar tra­balho su­ple­mentar sem ne­nhuma jus­ti­fi­cação. Já no re­gime de banco de horas pro­posto pela as­so­ci­ação pa­tronal, «a li­ber­dade que nos querem vender», sig­ni­fica que as horas não são pagas, não podem ser re­cu­sadas e existe a pos­si­bi­li­dade de passar a dever tempo à en­ti­dade pa­tronal, alerta o CESP.

A ta­bela sa­la­rial pro­posta pela APED fica muito aquém da­quela que foi apre­sen­tada pelo sin­di­cato do sector. A di­fe­rença atinge, na ca­te­goria do topo de car­reira, 162 euros.

 

Li­ber­dade sin­dical
e dis­cri­mi­nação

No Grupo Sonae, o CESP alertou que a li­ber­dade sin­dical tem vindo a ser posta em causa. Se­gundo o sin­di­cato, vá­rios tra­ba­lha­dores têm sido cha­mados para con­versas in­di­vi­duais com di­rec­tores de loja e che­fias. Men­tiras sobre o CESP e sobre o Con­trato Co­lec­tivo de Tra­balho e di­versas ame­aças têm pau­tado estas in­ti­mi­da­ções, que alas­traram até à re­ti­rada do di­reito à ma­jo­ração a tra­ba­lha­dores que ade­riram a greves re­a­li­zadas em 2022.

No Lidl, para além de re­a­firmar a exi­gência dos tra­ba­lha­dores de au­mento in­ter­calar de 50 euros, a acres­centar ao acerto feito pela em­presa no início do ano, o CESP acusa a en­ti­dade pa­tronal de es­calar a dis­cri­mi­nação pra­ti­cada sobre mães, pais e tra­ba­lha­dores com mo­bi­li­dade re­du­zida. Tra­ba­lha­dores que usu­fruem de di­reitos pa­ren­tais, como a ama­men­tação ou a fle­xi­bi­li­dade de ho­rário, têm sido pre­ju­di­cados na sua ava­li­ação, con­vi­dados a descer de ca­te­goria pro­fis­si­onal, a re­ne­go­ciar os seus postos de tra­balho ou, até, a sair da em­presa. A aban­donar o Lidl me­di­ante acordo têm sido igual­mente con­vi­dados tra­ba­lha­dores com mo­bi­li­dade re­du­zida, por «não con­se­guirem acom­pa­nhar os ritmos in­tensos de tra­balho», acusou o CESP.



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