26.º Encontro do Fórum de São Paulo por uma integração que avance na soberania
Sob o lema «Integração regional para avançar na soberania latino-americana e caribenha», decorreu entre 29 de Junho e 2 de Julho, em Brasília, o 26.º encontro do Fórum de São Paulo (FSP).
O encontro rejeitou o neoliberalismo e o imperialismo
Criado em 1990, este espaço de intercâmbio, de articulação e de convergência na acção de forças de esquerda e progressistas tem vindo a contribuir para avanços na luta dos trabalhadores e dos povos e para as transformações de sentido progressista e anti-imperialista operadas na América Latina, tendo como um dos seus objectivos promover a cooperação e a integração latino-americana e caribenha, rompendo com décadas da mais brutal ingerência, desestabilização e domínio do imperialismo norte-americano nesta região.
No documento base de preparação deste 26.º Encontro – o primeiro que se realiza após três anos de interregno – considera-se que este se realizou num momento em que se verificam profundas transformações na situação política da América Latina e das Caraíbas. Uma mudança favorável na correlação de forças, afirma, marcada por revoltas populares em quase todo o continente, que se expressam numa crescente mobilização popular e na contestação ao projecto ideológico e político neoliberal capitalista, bem como em processos eleitorais, nos quais amplas frentes democráticas e progressistas se reagrupam e novas forças surgem em cena, baseadas em ideias coincidentes com as que o FSP propõe e defende.
O acto de abertura do encontro contou com a presença do presidente do Brasil, Lula da Silva, que entre outros aspectos reiterou o seu compromisso com o Fórum de São Paulo e com o que ele representa em termos de cooperação entre as forças de esquerda e progressistas da América Latina e das Caraíbas. Garantiu que «enquanto este coração jovem estiver pulsando, eu estarei lutando para que a gente conquiste respeitabilidade, a dignidade do povo trabalhador da nossa querida América Latina».
Soberania e cooperação
O 26.º Encontro contribuiu para o reforço da cooperação e a adopção de uma agenda de trabalho entre as suas organizações que, entre outras importantes questões, abarca: a defesa dos direitos dos trabalhadores, dos direitos das mulheres, do meio ambiente; as questões ideológicas e o combate à desinformação; a luta anti-imperialista, contra o colonialismo e pela paz e a democracia; a integração da América Latina e Caraíbas; ou a cooperação com outras forças de esquerda e progressistas do mundo.
Quanto àquele que foi o tópico principal deste Encontro, a integração regional, as suas conclusões consideram que é importante avançar na integração da América Latina e das Caraíbas como uma região de paz e desenvolvimento económico e social, com base nas forças de esquerda e progressistas e com propostas para enfrentar os problemas globais, valorizando espaços como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) ou a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Neste sentido, foi recordado o compromisso assumido em 2014 na reunião da CELAC em Havana, em 2014, da Proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz. Foi ainda expresso apoio ao conteúdo do «Consenso de Brasília», adoptado por vários presidentes de governos na América do Sul, onde se estabelecem as bases políticas para avançar com uma integração económica, cultural, social e política.
Solidariedade
As conclusões deste Encontro, bem como várias das resoluções aprovadas, reiteraram a condenação da política do imperialismo norte-americano e dos seus aliados contra vários países da região, como o bloqueio contra Cuba e a inserção deste país na ilegítima e hipócrita lista dos EUA de «países patrocinadores do terrorismo», ou as sanções impostas contra a Venezuela e a Nicarágua – exigindo-se o seu imediato levantamento.
Foi reiterado o apoio à exigência da Argentina de reconhecimento da sua soberania nos territórios da Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, bem como à exigência da devolução a Cuba do território em que está situada a base naval dos EUA em Guantánamo. Assim como expresso o apoio ao processo de paz na Colômbia e o reconhecimento do papel desempenhado pelo Presidente Gustavo Petro e pelo governo cubano neste âmbito.
Foi ainda demonstrada solidariedade com os povos em luta na América Latina e no Mundo, como no Peru, em El Salvador, no Sara Ocidental ou na Palestina.
Os membros do Fórum de São Paulo consideraram ainda que têm a responsabilidade histórica de aproveitar a actual oportunidade de ter na América Latina e nas Caraíbas uma maioria de governos integrados por forças políticas de sentido progressista, sublinhando a importância da construção da mais ampla unidade na diversidade na luta contra as forças neoliberais e imperialistas.
Esteve presente no Fórum de São Paulo, Joel Moriano, membro do Secretariado do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica – A Esquerda no Parlamento Europeu e responsável pelo Gabinete de apoio aos deputados do PCP no PE.