Povos defendem «laços entre iguais» entre América Latina e Caraíbas e a UE

Re­a­lizou-se em Bru­xelas, nos dias 17 e 18, a III Ci­meira entre a União Eu­ro­peia (UE) e a Co­mu­ni­dade de Es­tados La­tino-ame­ri­canos e Ca­ri­be­nhos (CELAC), a pri­meira reu­nião desde 2015.

O ob­jec­tivo foi o de for­ta­lecer re­la­ções entre os dois lados do Atlân­tico, no quadro dos de­sa­fios ac­tuais da hu­ma­ni­dade, re­a­fir­mando a Amé­rica La­tina e Ca­raíbas a exi­gência de que esses laços se de­sen­volvam na base da igual­dade e do res­peito mútuo. Um ob­jec­tivo que evi­den­te­mente não é par­ti­lhado pela UE, com os seus in­te­resses di­tados por con­cep­ções co­lo­ni­a­listas e am­bi­ções de do­mínio eco­nó­mico e po­lí­tico.

Em pa­ra­lelo com a reu­nião UE-CELAC, de­correu na ca­pital belga a Ci­meira dos Povos, palco de de­bates sobre a cons­trução de um mundo mais justo. Or­ga­ni­zada por par­tidos e forças pro­gres­sistas, mo­vi­mentos sin­di­cais, so­ciais e de so­li­da­ri­e­dade da Eu­ropa, Amé­rica La­tina e Ca­raíbas, a ci­meira re­a­firmou a von­tade dos povos dos 27 países que in­te­gram a UE e dos 33 que com­põem a CELAC de con­so­lidar «laços entre iguais», sem «vi­sões co­lo­ni­a­listas, pa­ter­na­listas e de in­ge­rência», es­ta­be­le­cendo re­la­ções as­sentes no pleno res­peito da so­be­rania de todos os Es­tados e fo­cados em be­ne­fí­cios mú­tuos.

Um dos temas mais abor­dados na Ci­meira dos Povos, cujos tra­ba­lhos de­cor­reram na Uni­ver­si­dade Livre de Bru­xelas, foi o da busca da paz, num con­texto mun­dial mar­cado pela acção agres­siva do im­pe­ri­a­lismo, com vozes a instar a UE a se­guir o exemplo da CELAC, que se de­clarou em 2014 uma Zona de Paz. «A UE deve também ca­mi­nhar nessa di­recção, urge que se deixe de ali­mentar a guerra e que se aban­done a es­ca­lada ge­o­po­lí­tica im­pe­rante», de­clarou o de­pu­tado Manu Pi­neda, membro do Grupo Con­fe­deral Es­querda Uni­tária Eu­ro­peia / Es­querda Verde Nór­dica – A Es­querda no Par­la­mento Eu­ropeu.

A Ci­meira dos Povos in­cluiu na sua pri­meira jor­nada um painel sobre o blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro que os EUA im­põem contra Cuba há mais de 60 anos. Foi anun­ciada a cons­ti­tuição de um tri­bunal in­ter­na­ci­onal, que se reu­nirá em No­vembro pró­ximo, para de­nun­ciar o cerco man­tido por Washington contra o povo cu­bano.

O papel dos meios de co­mu­ni­cação; a tran­sição eco­ló­gica, in­cluindo a exi­gência de que tenha uma abor­dagem so­cial; a des­co­lo­ni­zação; a crise ca­pi­ta­lista e a dí­vida; o sur­gi­mento de uma nova ordem in­ter­na­ci­onal mais justa e de paz – foram temas também abor­dados.

A pro­pó­sito da ci­meira UE/​CELAC, ainda antes do seu início, o pre­si­dente do Par­tido do Tra­balho da Bél­gica (PTB), Raoul He­de­bouw, con­si­derou-a uma oca­sião única para forjar vín­culos de igual­dade. «Trata-se de um evento cru­cial e uma grande opor­tu­ni­dade para que a UE deixe de se­guir os EUA e es­tenda a mão a ou­tros povos do mundo com laços de igual­dade», afirmou.

 

Sandra Pe­reira na Ci­meira dos Povos

Sandra Pe­reira, de­pu­tada do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, par­ti­cipou na Ci­meira dos Povos. Tomou parte no painel sobre «Novas formas de guerra suja: gol­pismo, law­fare, de­sin­for­mação, san­ções e guerra eco­nó­mica», no se­gundo dia dos tra­ba­lhos. E foi mo­de­ra­dora no acto de en­cer­ra­mento da ci­meira, no Par­la­mento Eu­ropeu, evento que contou com a pre­sença, entre ou­tros con­vi­dados, dos pre­si­dentes Al­berto Fer­nández, da Ar­gen­tina; Luis Arce, da Bo­lívia; Gus­tavo Petro, da Colômbia; e Mi­guel Díaz-Canel, de Cuba.





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