Greve no Grupo IP reforçou urgência de aumentar salários

Se só na Infra-es­tru­turas de Por­tugal não foi cumprida a ori­en­tação de ne­go­ciar e acordar au­mentos sa­la­riais in­ter­ca­lares, é a ad­mi­nis­tração que se põe acima da tu­tela ou é esta que não tem au­to­ri­dade?

O au­mento sa­la­rial in­ter­calar tem de ser ne­go­ciado

A in­ter­ro­gação foi sus­ci­tada pela FEC­TRANS/​CGTP-IN, ao final da manhã de dia 14, sexta-feira, quando in­formou que a greve nas em­presas do Grupo IP (IP Infra-es­tru­turas, IP Te­lecom, IP Pa­tri­mónio e IP En­ge­nharia) re­gis­tava «uma forte adesão». Daqui re­sultou «uma enorme per­tur­bação da cir­cu­lação fer­ro­viária de com­boios de pas­sa­geiros e mer­ca­do­rias e a sus­pensão, no dia de hoje, das inú­meras obras que de­correm nas infra-es­tru­turas, assim como a pa­ra­li­sação das di­versas ac­ti­vi­dades destas em­presas».

Os tra­ba­lha­dores, como re­cordou a fe­de­ração, «lutam pela ne­go­ci­ação do au­mento in­ter­calar, tal como acon­teceu nou­tras em­presas pú­blicas», e «re­clamam, nos termos do com­pro­misso as­su­mido pelo mi­nistro da Tu­tela no pas­sado dia 8 de Maio, que se inicie a re­visão das car­reiras pro­fis­si­o­nais, tal como já de­corre nas ou­tras em­presas».

«Com esta forte adesão», sa­li­enta a FEC­TRANS, os tra­ba­lha­dores «de­mons­tram que não aceitam a ati­tude de in­tran­si­gência da ad­mi­nis­tração, que visa per­pe­tuar si­tu­a­ções de in­jus­tiça e des­va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios e pro­fis­sões». A fe­de­ração alerta que o mo­tivo para tal po­derá mesmo ser um en­ten­di­mento de que, «pe­rante a di­fi­cul­dade de re­crutar novos tra­ba­lha­dores, o me­lhor a fazer é ex­ter­na­lizar ainda mais ac­ti­vi­dades».

Este pro­blema tinha sido le­van­tado no dia 5, num co­mu­ni­cado das or­ga­ni­za­ções que con­jun­ta­mente con­vo­caram a greve de dia 14 (ASCEF, FEC­TRANS/​SNTSF, FNSTFPS, FENTCOP, SIN­DEFER, SINFA, FNFB, SIOFA E STIR) e que in­cluíram nas rei­vin­di­ca­ções a con­tra­tação de pes­soal ne­ces­sário: «Não re­crutar tra­ba­lha­dores ori­gina uma so­bre­carga de tra­balho para os que cá estão e jus­ti­fica mais e mais tra­balho ex­terno», sendo que «há muito a IP se vem as­su­mindo como uma em­presa de gestão de in­ves­ti­mentos, pro­cu­rando fazer lá fora o que deve ser feito cá dentro».

Deste modo, a va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios – com au­mentos in­ter­ca­lares ne­go­ci­ados, au­mento da re­mu­ne­ração mí­nima e re­visão do Re­gu­la­mento de Car­reiras – é igual­mente uma forma de «de­fender um Grupo IP com fu­turo».

Re­cor­dando que «o Go­verno deu uma ori­en­tação para as em­presas pú­blicas», que «só a ad­mi­nis­tração da IP é que não cum­priu», a fe­de­ração ques­tiona se «é a ad­mi­nis­tração da IP que se julga acima da tu­tela e, assim, des­va­lo­riza as ori­en­ta­ções re­ce­bidas, ou é o Go­verno que não tem au­to­ri­dade sobre uma das em­presas que tu­tela».

O Grupo IP, re­sul­tado da fusão entre a Refer e a Es­tradas de Por­tugal, gere infra-es­tru­turas ro­do­viá­rias e fer­ro­viá­rias.

 

DN da FEC­TRANS pelas 35 horas

No úl­timo tri­mestre deste ano, a FEC­TRANS vai re­a­lizar «uma se­mana de luta em torno da re­dução do ho­rário de tra­balho para as 35 horas se­ma­nais, sem re­dução de sa­lário».

Numa re­so­lução apro­vada pela Di­recção Na­ci­onal da fe­de­ração, dia 11, as­si­nala-se que «a de­gra­dação dos sa­lá­rios conduz à di­fi­cul­dade de re­crutar tra­ba­lha­dores para o sector, que cada vez está mais con­fron­tado com re­curso à ex­plo­ração de­sen­freada, des­re­gu­lação dos ho­rá­rios e ao tra­balho ex­tra­or­di­nário, o que sig­ni­fica, na prá­tica, o au­mento da jor­nada de tra­balho».

Ora, de­fende a FEC­TRANS, «a re­dução dos tempos de tra­balho é o ca­minho, tendo em conta os de­sen­vol­vi­mentos ci­en­tí­ficos e tec­no­ló­gicos, que devem ser co­lo­cados ao ser­viço de quem tra­balha». Este ca­minho «é ge­rador de em­prego e per­mite uma maior con­ci­li­ação do tra­balho com a vida pes­soal e fa­mi­liar dos tra­ba­lha­dores».

Mas o Go­verno «in­cen­tiva a con­ti­nu­ação e am­pli­ação desta re­a­li­dade, quando de­cide pelo alar­ga­mento ge­ne­ra­li­zado dos ho­rá­rios das cre­ches, o que vai ao en­contro das pre­ten­sões pa­tro­nais», cri­tica a fe­de­ração.

O órgão di­ri­gente de­cidiu ainda «di­na­mizar a acção rei­vin­di­ca­tiva, a partir da dis­cussão com os tra­ba­lha­dores e as es­tru­turas sin­di­cais nas em­presas». Este es­forço «deve cul­minar num ple­nário de di­ri­gentes sin­di­cais do sector dos trans­portes e co­mu­ni­ca­ções, dia 3 de Ou­tubro».

 



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