Israel agrava repressão e drama humanitário

Pros­segue o mas­sacre is­ra­e­lita na Faixa de Gaza, ini­ciado há mais de 40 dias, ao mesmo tempo que se in­ten­si­fica a re­pressão nos ou­tros ter­ri­tó­rios da Pa­les­tina ocu­pada. Em Is­rael, co­mu­nistas e ou­tros de­mo­cratas pro­testam contra «a es­ca­lada do fas­cismo» e exigem o fim da guerra.

Co­mu­nistas e ou­tros de­mo­cratas is­ra­e­litas ma­ni­festam-se pelo fim da guerra

A agência Wafa no­ti­ciou, na terça-feira, 14, novos bom­bar­de­a­mentos is­ra­e­litas contra edi­fí­cios ha­bi­ta­ci­o­nais na ci­dade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, os quais pro­vo­caram um nú­mero in­de­ter­mi­nado de ví­timas. Re­gis­taram-se também mortos e fe­ridos em ata­ques aé­reos na ci­dade de Ja­balia, no norte, e no campo de re­fu­gi­ados de Nu­seirat, na zona de Deir al-Balah.

Na Cis­jor­dânia, as forças ocu­pantes ma­taram seis jo­vens numa in­cursão noc­turna na ci­dade nor­tenha de Turl­karem, ele­vando para quase duas cen­tenas, desde o início desta guerra, o nú­mero de as­sas­si­natos de pa­les­ti­ni­anos.

A Al-Ja­zeera no­ti­ciou «fe­rozes com­bates na ci­dade de Gaza» entre tropas is­ra­e­litas e mi­li­ci­anos pa­les­ti­ni­anos.

Até agora, em re­sul­tado da agressão ao en­clave cos­teiro, foram ali mortas mais de 11 mil pes­soas e fe­ridas ou­tras 25 mil, mai­o­ri­ta­ri­a­mente cri­anças, mu­lheres e idosos.

Além dos bom­bar­de­a­mentos por terra mar e ar e da ope­ração ter­restre em curso, as au­to­ri­dades is­ra­e­litas de­cre­taram o blo­queio total da Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 mi­lhões de pes­soas, im­pe­dindo a en­trada de com­bus­tível, me­di­ca­mentos e ali­mentos, e cor­tando o for­ne­ci­mento de elec­tri­ci­dade e água.

 

Mais de mi­lhão e meio
de des­lo­cados em Gaza

Mais de 1,6 mi­lhões de pa­les­ti­ni­anos foram des­lo­cados à força na Faixa de Gaza de­vido aos bom­bar­de­a­mentos is­ra­e­litas, de­nun­ciou uma agência das Na­ções Unidas. A UNRWA, or­ga­nismo da ONU para os re­fu­gi­ados da Pa­les­tina, in­dicou que as ins­ta­la­ções da agência aco­lhem 787 mil pes­soas que fu­giram de suas casas. A en­ti­dade pre­cisa que, da­quele nú­mero, 160 mil re­fu­gi­aram-se em 57 es­colas da UNRWA si­tu­adas no norte do ter­ri­tório, agora ina­ces­sível de­vido à in­vasão por terra do exér­cito is­ra­e­lita.

«Não po­demos aceder a esses lo­cais para ajudar os re­fu­gi­ados e tão-pouco temos in­for­ma­ções sobre as suas con­di­ções», ad­vertiu o or­ga­nismo. O nú­mero de des­lo­cados con­tinua a au­mentar e os re­fú­gios da UNRWA nas zonas cen­tral e me­ri­di­onal estão cheios e não podem aco­lher mais pes­soas.

Até agora, mor­reram 102 em­pre­gados da UNRWA e fi­caram fe­ridos 27, em re­sul­tado dos ata­ques is­ra­e­litas. Trata-se do maior nú­mero de tra­ba­lha­dores hu­ma­ni­tá­rios das Na­ções Unidas mortos num con­flito.

 

Hos­pi­tais pa­ra­lisam

Os poucos hos­pi­tais que con­ti­nu­avam a fun­ci­onar na Faixa de Gaza, no co­meço desta se­mana, po­diam en­cerrar em 48 horas de­vido à falta de com­bus­tível pro­vo­cada pelo blo­queio is­ra­e­lita.

Em de­cla­ra­ções à Al Ja­zeera, um porta-voz do sector da saúde alertou para as di­fi­cul­dades que os hos­pi­tais en­frentam com o cerco e os bom­bar­de­a­mentos is­ra­e­litas. Con­firmou que os cen­tros mé­dicos do norte da faixa já pa­ra­li­saram a ac­ti­vi­dade, in­cluindo os hos­pi­tais Al-Shifa e Al-Quds, os dois mai­ores do ter­ri­tório. O Cres­cente Ver­melho da Pa­les­tina anun­ciou que deixou de fun­ci­onar o único ge­rador de energia do hos­pital Al-Amal, na ci­dade de Khan Younis, no sul, si­tu­ação que põe em pe­rigo a vida dos pa­ci­entes ali in­ter­nados.

No Cairo, en­tre­tanto, foi anun­ciado que o go­verno do Egipto pre­parou 37 hos­pi­tais em oito re­giões do país para re­ceber do­entes e fe­ridos da Faixa de Gaza, es­tando 13 deles já a aco­lher pa­les­ti­ni­anos. As au­to­ri­dades egíp­cias mo­bi­li­zaram 150 am­bu­lân­cias para trans­portar os pa­ci­entes desde o posto fron­tei­riço de Rafah, a única saída do en­clave não con­tro­lada pelos is­ra­e­litas.

 

Co­mu­nistas is­ra­e­litas
exigem o fim da guerra

Nos ter­ri­tó­rios da Pa­les­tina ocu­pada, so­bre­tudo na Cis­jor­dânia, as forças is­ra­e­litas pren­deram, desde 7 de Ou­tubro, mais 2520 pes­soas. Nos úl­timos dias, foram no­ti­ci­adas pri­sões em massa nas re­giões de Je­ru­salém, Ra­mala e He­brón e em zonas como Je­ricó, Na­blus, Qalqiya e Jenin.

As de­ten­ções ocor­reram, a mai­oria, em do­mi­cí­lios e postos de con­trolo. Grupos de di­reitos hu­manos de­nun­ci­aram que os presos pelas tropas ocu­pantes foram agre­didos e viram as re­si­dên­cias sa­que­adas.

A re­pressão das au­to­ri­dades de Te­la­vive au­mentou também no in­te­rior do pró­prio Es­tado de Is­rael. Na se­mana pas­sada, a po­lícia is­ra­e­lita prendeu 18 ac­ti­vistas de es­querda, in­cluindo mem­bros da Frente De­mo­crá­tica de Paz e Igual­dade (Ha­dash) e do Par­tido Co­mu­nista de Is­rael (PCI), du­rante uma ma­ni­fes­tação em Te­la­vive contra a cam­panha mi­litar em Gaza. Num pro­testo se­me­lhante em Je­ru­salém, um ma­ni­fes­tante foi preso e quatro ou­tros foram hos­pi­ta­li­zados, de­vido à vi­o­lência po­li­cial.

Antes, no norte de Is­rael, na ci­dade de Na­zaré, de mai­oria árabe, cen­tenas de mem­bros e apoi­antes do PCI con­cen­traram-se para pro­testar contra «a es­ca­lada do fas­cismo» e exigir o fim da guerra. A po­lícia in­ter­veio e de­teve du­rante al­gumas horas Mohammad Ba­rakeh, di­ri­gente do PCI e líder da co­mu­ni­dade árabe-pa­les­ti­niana de Is­rael. Na oca­sião, Ba­rakeh afirmou que os co­mu­nistas estão dis­postos a de­fender os seus prin­cí­pios e que isso «terá um custo».

Mas, acres­centou, «a nossa po­sição sempre com­binou in­ter­na­ci­o­na­lismo e pa­tri­o­tismo e essa é a po­sição hu­mana e po­lí­tica que pro­tege os povos e acaba com as guerras». E mos­trou-se con­victo de que «o povo pa­les­ti­niano res­sur­girá das cinzas e des­fru­tará dos seus di­reitos».




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