Israel continua os crimes bárbaros contra povo palestiniano

Sem respeitar ninguém nem atender aos apelos de cessar-fogo imediato e permanente provenientes de todo o mundo, as tropas israelitas, em pleno Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos, continuam o genocídio na Palestina.

EUA, que armam Israel, «preocupados» com «ajuda humanitária» aos palestinianos

Face ao prosseguimento da brutal agressão das forças armadas israelitas contra os palestinianos da Faixa de Gaza e à intensificação da repressão na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) exige o fim imediato da carnificina e destruição.

No sexto mês de guerra, «tememos que esta situação já catastrófica possa piorar ainda mais se Israel lançar uma ofensiva militar contra a cidade de Rafah no meio do Ramadão, o mês sagrado para os muçulmanos», refere o organismo. E alerta que «qualquer ataque terrestre a Rafah provocaria uma perda massiva de vidas e aumentaria o risco de mais crimes atrozes».

O ACNUDH reitera a necessidade de Israel – a potência ocupante – «cumprir plenamente as suas obrigações no quadro do direito internacional humanitário de proporcionar à cada vez mais desesperada população civil de Gaza os alimentos e medicamentos necessários».

Por tal motivo, insiste, «devem abrir-se completamente os postos e corredores fronteiriços e adoptar-se medidas para garantir o movimento livre e seguro das colunas de camiões para ajuda humanitária aos civis ao longo de toda a Faixa de Gaza».

«Horrores impensáveis»
Israel não respeita as suas obrigações jurídicas internacionais, não cumpre as medidas provisórias ordenadas pelo Tribunal Internacional de Justiça e comete crimes atrozes, denunciou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados palestiniano.

O texto, divulgado no dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, destaca que, após cinco meses de brutal agressão, a catástrofe no bloqueado território palestiniano ainda «tem a capacidade de nos emocionar». O comunicado cita dados de fontes oficiais, que estimam em mais de 31 mil os palestinianos mortos nos ataques do exército israelita, um dos mais poderoso do mundo, na posse de armas nucleares fabricadas em colaboração com os EUA e a França.

«Há um mês pensámos que o sofrimento não podia ser mais profundo, mas a espiral descendente continua a piorar» e «vemos mulheres e crianças na Faixa de Gaza sob uma imensa tensão, enfrentando horrores impensáveis», realça o documento. «Embora o genocídio afecte tanto as mulheres como os homens, o seu impacto é diferente por género e atinge mais as mulheres e meninas», assinala.

A este respeito, enfatiza a consternação «pelos relatórios sobre ataques deliberados e execuções extrajudiciais de mulheres e crianças palestinianas em lugares onde procuraram refúgio ou enquanto fugiam».

Recorda que «o genocídio na Faixa de Gaza provocou a morte de 8.100 mulheres e 12.750 crianças e o desaparecimento de 8.100 pessoas». Desse total de desaparecidos, a maioria são mulheres e meninas, as quais é provável que estejam sob os escombros dos edifícios derrubados pelos bombardeamentos israelitas.

O número total de vítimas palestinianas, que não cessa de aumentar, ultrapassava, no início desta semana, os 31 mil mortos e os 72 mil feridos, além de muitos milhares de desaparecidos.

Cínica ajuda humanitária
Os EUA afirmam-se «preocupados» com a situação humanitária na Faixa de Gaza, uma hipocrisia quanto continuam a fornecer armas a Israel (o mesmo fazem a Alemanha ou a França), a apoiar a agressão militar israelita e a impedir no Conselho de Segurança da ONU a aprovação de resoluções a exigir o cessar-fogo imediato e permanente.

Face ao bloqueio israelita ao território, que impede a entrada de camiões com auxílio (água, alimentos, medicamentos, combustível), Washington decidiu lançar «ajuda» por via aérea. No entanto, o bloqueio, tal como o massacre, só continuam porque os EUA os permitem e apoiam, revelando o carácter puramente propagandístico desta «ajuda».

As autoridades de Gaza revelaram, no dia 8, que o lançamento de alimentos em pára-quedas foi feito de forma «incorrecta», caindo em cima de pessoas e habitações e provocando pelo menos cinco mortos e vários feridos, a noroeste da cidade de Gaza.

Os EUA e a União Europeia anunciaram, entretanto, a construção de um cais flutuante, na costa do território, tendo em vista acolher a entrada de ajuda humanitária «através de um corredor marítimo» entre Chipre e a Faixa de Gaza.

 

Assassinato de escritores e artistas, destruição de bibliotecas, teatros, museus…

No quadro da carnificina contra a população palestiniana, incluindo mulheres, crianças e idosos, as forças armadas israelitas assassinaram 44 escritores, artistas e activistas da cultura na Faixa de Gaza, onde também destruíram ou danificaram mais de 30 teatros, instituições e centros culturais, denunciou em Ramala a imprensa palestiniana.

A agência Wafa destacou que os crimes de lesa-cultura também afectaram 12 museus, nove bibliotecas e oito editoras e gráficas. Os militares agressores demoliram, total ou parcialmente, cerca de 195 edifícios históricos, a maioria dos quais situados na cidade de Gaza. Vários desses imóveis eram utilizados como centros culturais e instituições comunitárias.

Os bombardeamentos danificaram de igual modo nove sítios patrimoniais e 10 mesquitas e igrejas históricas. Foram ainda destruídos 27 murais artísticos.

Em princípios deste ano, o Ministério da Cultura palestiniano acusou os israelitas de desencadear uma campanha de extermínio contra a cultura e o património histórico nos territórios ocupados. Num relatório sobre as violações cometidas por Telavive contra a cultura palestiniana em 2023, o ministério denunciou que o objectivo é «apagar a memória nacional e promover a distorção dos factos». Também criticou a destruição de edifícios históricos, museus, praças públicas, monumentos comemorativos, obras de arte e murais artísticos, além do roubo de antiguidades e de achados arqueológicos.

Por seu turno, o Ministério do Turismo e Antiguidades palestiniano denunciou que os bombardeamentos contra os sítios arqueológicos, culturais e históricos da Faixa de Gaza procuram destruir o património nacional. Condenou o ataque contra a Mesquita de Omari, um dos sítios arqueológicos e religiosos mais importantes desse território. Recordou que ali se levantou uma igreja bizantina no século V e, depois, no século XIII, o actual templo. Entre outros exemplos, citou os danos no antigo porto de Gaza, a Igreja de Porfírio, a Mesquita de Jabalia e numerosos edifícios históricos e museus.

 



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