Moção de rejeição para enfrentar e rejeitar a política de direita

Não será pelo PCP que o pro­jecto da di­reita será im­ple­men­tado: a ga­rantia foi dada há uma se­mana por Paulo Rai­mundo, re­a­fir­mandoque o PCP uti­li­zará «todos os meios ao seu dispor» para dar com­bate à po­lí­tica de di­reita e aos pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios.

Sa­bemos bem e desde já o que se pode es­perar da di­reita

Na con­fe­rência de im­prensa no dia 13, de apre­sen­tação das con­clu­sões da reu­nião do Co­mité Cen­tral re­a­li­zada na vés­pera, o Se­cre­tário-Geral do PCP foi ques­ti­o­nado sobre se algum desses meios de com­bate à po­lí­tica de di­reita e aos pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios pas­sava pela apre­sen­tação de uma moção de re­jeição ao pro­grama de um fu­turo go­verno da Ali­ança De­mo­crá­tica (PSD-CDS), ao que res­pondeu afir­ma­ti­va­mente.

O anúncio deu que falar e todas as aten­ções fi­caram daí por di­ante cen­tradas nesse ins­tru­mento par­la­mentar. Poucas re­fe­rên­cias houve à de­cla­ração de Paulo Rai­mundo de que o PCP «to­mará desde já a ini­ci­a­tiva, res­pon­dendo desde logo aos com­pro­missos as­su­midos e às ne­ces­si­dades que se co­locam de ime­diato à vida dos tra­ba­lha­dores e do povo». Porque os pro­blemas que a mai­oria da po­pu­lação en­fren­tava no seu dia-a-dia até 9 de Março, su­bli­nhou, não se re­sol­veram com as elei­ções. Ora, acres­centou, «é a essa ins­ta­bi­li­dade na vida que é pre­ciso pôr fim, é essa ins­ta­bi­li­dade e só essa que pre­cisa de res­posta».

Paulo Rai­mundo ga­rantiu ainda que os co­mu­nistas es­tarão «onde é pre­ciso estar» e que os tra­ba­lha­dores e o povo, como sempre, é com o PCP que contam para de­fender os seus di­reitos. E su­bli­nhou ainda a im­por­tância e sig­ni­fi­cado da luta dos tra­ba­lha­dores, das po­pu­la­ções e de di­versas ca­madas e sec­tores, «de­ter­mi­nante para a real mu­dança que se exige». O di­ri­gente co­mu­nista apelou à par­ti­ci­pação em todas as lutas pelos di­reitos e por uma vida me­lhor, nas co­me­mo­ra­ções po­pu­lares do 25 de Abril e na jor­nada do 1.º de Maio pro­mo­vida pela CGTP-IN.

Ini­ci­a­tiva ins­ti­tu­ci­onal e de massas, es­tí­mulo à luta or­ga­ni­zada, re­forço do Par­tido e das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos uni­tá­rios, alar­ga­mento da con­ver­gência com de­mo­cratas e pa­tri­otas – são estes os meios ao dispor dos co­mu­nistas para travar a di­reita e o seu pro­jecto.

Sem ilu­sões nem be­ne­fício da dú­vida
Con­fir­mada a in­tenção do PCP de avançar com uma moção de re­jeição ao pro­grama de um even­tual go­verno PSD-CDS, acom­pa­nhado ou não for­mal­mente por ou­tras forças, houve quem tenha co­lo­cado em causa a per­ti­nência e opor­tu­ni­dade de tal ini­ci­a­tiva.

Ar­gu­mentam que tal anúncio é pre­ma­turo, pois ainda não há go­verno e muito menos pro­grama – como se este es­perar para ver não as­sen­tasse também – neste caso em sen­tido con­trário – em dar o be­ne­fício da dú­vida ou mesmo cre­di­bi­lizar um pro­grama que ainda não se co­nhece e que, pior, como su­blinha o PCP, será sempre contra os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

Como cla­ri­ficou o Se­cre­tário-Geral nos co­mí­cios de Lisboa e Baixa da Ba­nheira (ver pá­ginas 4 e 5), «não é pre­ciso es­perar pela en­trada em fun­ções para se saber quais os pro­jectos e ob­jec­tivos desse Go­verno, que dali só po­derá vir mais in­jus­tiça e ex­plo­ração». Da parte do PCP, não se ali­menta ilu­sões: «sa­bemos bem e desde já o que se pode es­perar da di­reita, sa­bemos bem para quem sobra sempre o pro­jecto da di­reita, sa­bemos bem, por muito me­di­a­tismo que se crie, o muito de ne­ga­tivo que o pro­jecto do PSD e do CDS, por si só, re­pre­senta».

A moção de re­jeição as­sume, assim, esta «di­mensão po­lí­tica de mar­cação de uma po­sição contra a di­reita e o seu pro­jecto, seja qual for a com­po­sição do go­verno, pois – disse-o também Paulo Rai­mundo – «para lá de ma­no­bras e das fa­bri­cadas dis­cor­dân­cias entre PSD, CDS, IL e Chega, sempre que se co­locar ter de sal­va­guardar os in­te­resses e ob­jec­tivos do grande ca­pital, lá se en­con­trarão as con­ver­gên­cias ne­ces­sá­rias para tentar levar por di­ante esses ob­jec­tivos».

Sobre o po­si­ci­o­na­mento de ou­tras forças face à ini­ci­a­tiva do PCP, o Se­cre­tário-Geral foi claro: «Cada um que as­suma as suas res­pon­sa­bi­li­dades e de­cida a partir do que en­tender. Da nossa parte não há ilu­sões nem be­ne­fí­cios da dú­vida.»

Au­di­ência em Belém
Na au­di­ência com o Pre­si­dente da Re­pú­blica, no dia 14, foi re­a­fir­mada a cer­teza de que não será com o PCP que o pro­jecto da di­reita será im­ple­men­tado.

Numa men­sagem pu­bli­cada no dia 15 (Paulo Rai­mundo não prestou de­cla­ra­ções à saída da au­dição por so­li­da­ri­e­dade com a greve dos jor­na­listas), o Se­cre­tário-Geral do PCP cri­ticou o pe­ríodo de­ma­siado ex­tenso desde a dis­so­lução da As­sem­bleia da Re­pú­blica até ao acto elei­toral e a au­sência, no de­bate, das ques­tões da in­jus­tiça, da de­si­gual­dade e dos sa­lá­rios, que vá­rios pro­ta­go­nistas qui­seram deixar de fora.

 



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