Celebrar a vitória de Cuito Cuanavale

Carlos Lopes Pereira

Foi por estes dias assinalado, com grande dignidade, em Angola e na África do Sul, o 36.º aniversário da vitória na Batalha de Cuito Cuanavale, marco importante na história da luta pela consolidação da independência angolana e da libertação da África Austral.

Na zona de Cuito Cuanavale, na província de Cuando Cubango, a batalha desenrolou-se entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. Foi um dos maiores confrontos militares no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – com a intervenção de milhares de soldados, artilharia pesada, tanques, aviação – e momento decisivo na luta pela libertação do sul de África e pela paz na região.

Na batalha, as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e o contingente de internacionalistas cubanos, juntamente com combatentes da Organização do Povo da África do Sudoeste (a SWAPO, da Namíbia) e do Congresso Nacional Africano (o ANC sul-africano), enfrentaram o exército da África do Sul do apartheid, então a maior potência militar regional – «invencível», dizia-se – e que apoiava as tropas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

A vitória alcançada a 23 de Março de 1988 resultou na expulsão das tropas do regime racista sul-africano e aliados, que ocupavam a região pondo em perigo a integridade territorial e a soberania de Angola. E conduziu a negociações entre as partes – Angola e Cuba de um lado, África do Sul racista e Estados Unidos da América do outro –, que culminaram com a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, a 22 de Dezembro de 1988.

Esses acordos possibilitaram a aplicação das resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e o avanço do processo de independência da Namíbia, concretizada a 21 de Março de 1990. E mais: propiciaram a libertação de Nelson Mandela, após 27 anos de prisão, e, em consequência, o desmoronar do regime do apartheid na África do Sul.

Compreende-se bem, pois, que pelo seu enorme significado para a região, em 2018 se tenha decidido proclamar o 23 de Março como Dia da Libertação da África Austral, por decisão dos chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Este ano, uma vez mais, angolanos e cubanos celebraram a vitória, determinante para a libertação da África Austral e para as profundas transformações progressistas que ocorreram na região nestas mais de três décadas e meia.

Agora, no dia 23, num acto em Cuito Cuanavale, com a presença de antigos combatentes, deputados, membros do governo, altas patentes militares, membros do corpo diplomático de Cuba e dos países da África Austral e autoridades locais, foi exaltado o triunfo que marcou o início do fim do regime do apartheid e abriu caminho para a independência da Namíbia.

Também na África do Sul, em Pretória, justamente no Parque da Liberdade, representantes do ANC, do Partido Comunista Sul-Africano, de sindicatos e outras organizações democráticas, bem como diplomatas cubanos e de diversos países africanos, celebraram juntos os 36 anos da vitória de Cuito Cuanavale. Foi destacado que a comemoração não só reconhece a importância histórica da vitória na batalha, mas também serve para que as novas gerações conheçam melhor essa gesta, um contributo imenso à liberdade e paz em África.

 



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