Necessária unidade para defender os postos de trabalho e a Efacec

O SITE Norte apelou«a todos os tra­ba­lha­dores» da Efacec, «para que se unam e de­fendam os em­pregos ame­a­çados, assim de­fen­dendo, em si­mul­tâneo», a em­presa. O PCP exigiu que pare o des­man­te­la­mento.

É esta a his­tória do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal com a po­lí­tica de di­reita


A «reestruturação», que inclui um despedimento colectivo na área da Engenharia, foi anunciada, na quinta-feira, dia 21, numa comunicação, por via electrónica, da administração da Efacec, nomeada pelo Mutares, o fundo de investimento alemão «a quem o Governo pagou 395 milhões de euros para ficar com a Efacec, em Novembro do ano passado», como recordou o SITE Norte.

O sin­di­cato da FI­E­QUI­METAL/​CGTP-IN, num co­mu­ni­cado que emitiu na se­gunda-feira, alertou que «os tra­ba­lha­dores que se vejam vi­sados neste pro­cesso não devem as­sinar ne­nhum do­cu­mento que os com­pro­meta e devem con­tactar o SITE Norte, para se in­for­marem e ob­terem apoio».

Da ad­mi­nis­tração, é exi­gido que «ex­plique as ra­zões que mo­tivam a sua in­tenção, o que im­plica parar esta ini­ci­a­tiva no ime­diato».

O des­pe­di­mento co­lec­tivo, «a con­cre­tizar-se, terá con­sequên­cias pro­fun­da­mente ne­ga­tivas para os tra­ba­lha­dores, em pri­meiro lugar, mas também para a pró­pria Efacec», avisa o sin­di­cato, no­tando que «o plano» para esta me­dida «já era co­nhe­cido desde que che­garam ao fim as mal ditas “res­ci­sões ami­gá­veis”».

Este anúncio vem con­firmar que «o SITE Norte tinha razão, quando alertou que o do­mínio do ca­pital es­tran­geiro, nesta em­presa es­tra­té­gica, não ser­viria para be­ne­fi­ciar o País nem os tra­ba­lha­dores». En­quanto «a prin­cipal pre­o­cu­pação dos fundos de in­ves­ti­mento são os nú­meros» e o pró­prio Mu­tares «tem o seu his­to­rial de “sal­vação” de em­presas de média di­mensão», o sin­di­cato «está pre­o­cu­pado com o pre­sente e o fu­turo dos tra­ba­lha­dores, com a afir­mação e con­so­li­dação de uma em­presa que é cru­cial para o de­sen­vol­vi­mento da re­gião e do País».

Pelo in­te­resse na­ci­onal

«Re­pete-se a his­tória das úl­timas dé­cadas da in­dús­tria e do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, em geral: a sub­missão aos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos e à União Eu­ro­peia», co­mentou a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto (DORP) do PCP. Numa nota pu­bli­cada na se­gunda-feira, re­corda-se «o au­mento da de­pen­dência ex­terna, a perda de em­prego de qua­li­dade, de com­pe­ti­ti­vi­dade da eco­nomia na­ci­onal e a perda de so­be­rania», como «con­sequên­cias da po­lí­tica de di­reita».

Pas­saram menos de cinco meses desde a pri­va­ti­zação, um «pro­cesso opaco e le­sivo dos in­te­resses na­ci­o­nais», re­a­li­zado pelo Go­verno PS, ao qual o PCP se opôs «desde o pri­meiro mo­mento» e que «contou com o en­vol­vi­mento e pa­tro­cínio da Co­missão Eu­ro­peia e o apoio po­lí­tico do PSD, CDS, CH e IL».

«A re­a­li­dade aí está, a com­provar que está em curso um pro­cesso de des­man­te­la­mento da Efacec», acusou a DORP, re­gis­tando que o Mu­tares «in­formou que irá “des­con­ti­nuar” vá­rias áreas de ne­gócio e que dei­xaram de aceitar pro­jectos na Mo­bi­lity (ENE) e no Am­bi­ente (AMB)». Agora, «de­pois de muitas de­zenas de des­pe­di­mentos por “mútuo acordo”, avançou com um des­pe­di­mento co­lec­tivo, de 12 tra­ba­lha­dores (al­ta­mente qua­li­fi­cados), e o en­cer­ra­mento de uma área de ne­gócio», bem como «o des­man­te­la­mento da Efacec Elec­tric Mo­bi­lity, uma área de ne­gócio com mais de 100 tra­ba­lha­dores».

A DORP afirma que, «pe­rante esta si­tu­ação exige-se que o poder po­lí­tico não se li­mite a as­sistir à des­ca­rac­te­ri­zação e re­dução da Efacec, é pre­ciso agir e in­tervir para sal­va­guardar os in­te­resses na­ci­o­nais».

Os tra­ba­lha­dores «podem contar com o PCP, na de­fesa in­tran­si­gente de todos os postos de tra­balho, pelo au­mento dos sa­lá­rios e na de­fesa de todos os di­reitos».

Re­a­fir­mando que «só o con­trolo pú­blico da Efacec ga­rante os in­te­resses do País e a de­fesa dos tra­ba­lha­dores», o Par­tido as­se­gura que «irá con­ti­nuar a in­tervir pela de­fesa e o de­sen­vol­vi­mento da Efacec, em­presa es­tra­té­gica, ne­ces­sária ao de­sen­vol­vi­mento» na­ci­onal.


Querem mais!

Na sua co­mu­ni­cação aos tra­ba­lha­dores, «o fundo alemão Mu­tares afirma que cada tra­ba­lhador dá de lucro à em­presa 130 mil euros, mas que querem mais». Para o PCP, isto é «o mais des­ca­rado ci­nismo de quem olha para tra­ba­lha­dores como má­quinas de gerar lucro, a quem se es­maga sa­lá­rios e di­reitos e que se des­carta na pri­meira opor­tu­ni­dade».

«O que é ne­ces­sário é au­mentar sa­lá­rios e não des­pedir tra­ba­lha­dores», con­trapõe a DORP.

 



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