Crimes de ódio são «monstro» e quem o alimenta é responsável
O PCP condenou prontamente os acontecimentos da madrugada de sábado, no Porto, em que vários imigrantes argelinos foram agredidos por um grupo de 10 homens munidos com paus e, presumivelmente também com uma arma de fogo. Na sequência destes acontecimentos, seis homens foram identificados e um foi detido, tendo sido presente a tribunal e ficado em prisão preventiva.
Numa nota emitida sobre o sucedido, o Secretariado da Direcção da Organização Regional do Porto do PCP manifestou de imediato a sua solidariedade para com as pessoas agredidas e o «veemente repúdio e condenação» das agressões, exigindo o apoio às vítimas e o célere apuramento do que aconteceu e punição dos responsáveis. Os problemas da habitação ou da criminalidade que se vivem na região, garante o Partido, «não têm na população imigrante a causa e responsáveis, mas sim na ausência de respostas do sistema capitalista e de sucessivos governos cujas políticas fomentam a exploração de quem trabalha e promovem a especulação imobiliária».
Também o Secretário-Geral do Partido se pronunciou sobre o sucedido, alertando para o «monstro» que está à solta e apelando a que seja responsabilizado quem o alimenta. Em declarações aos jornalistas, após uma reunião com a Liga de Bombeiros Portugueses (ver página 32), Paulo Raimundo condenou os crimes de ódio e destacou a «actuação muito rápida das forças policiais» e a «resposta popular» prontamente dada a esse crime. O dirigente comunista manifestou ainda o desejo de que os envolvidos sejam rapidamente julgados e, se for caso disso, condenados. «Dificilmente não o serão», acrescentou.
Questionado ainda sobre as declarações do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, que exigiu a extinção da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), Paulo Raimundo lembrou a posição do PCP contra a extinção do SEF, mas garantiu que o problema hoje não é saber se o SEF foi bem ou mal extinto ou se a AIMA foi bem o mal constituída: «O problema são os mais de 400 mil processos que continuam a acumular-se, com as vidas suspensas de muitas pessoas. Há pessoas que estão, neste momento, a caducar a sua autorização de residência.»
Acontecimentos intoleráveis
O primeiro candidato da CDU às eleições de 9 de Junho para o Parlamento Europeu, João Oliveira, também reagiu às agressões aos cidadãos imigrantes, considerando-as «acontecimentos intoleráveis que têm que ser condenados», os seus responsáveis identificados e punidos e as vítimas apoiadas em tudo o que necessitarem.
Para João Oliveira, estes acontecimentos não estão desligados do discurso de ódio, de racismo e de xenofobia que vem sendo propagado na sociedade portuguesa por forças políticas reaccionárias e antidemocráticas que «aproveitam a circunstância em que os imigrantes são sujeitos à exploração e à desumanização, com a falta de resposta mais elementar na garantia dos seus direitos – no trabalho, na habitação, no acesso à saúde – para pressionar a degradação das condições de vida também dos portugueses».