Assange pode recorrer da extradição para EUA

O Tri­bunal Su­pe­rior de Lon­dres au­to­rizou Ju­lian As­sange, fun­dador do portal Wi­ki­Leaks, a apre­sentar re­curso contra a ex­tra­dição para os Es­tados Unidos da Amé­rica (EUA) para ser jul­gado por, entre ou­tros mo­tivos, ter de­nun­ciado os crimes de guerra norte-ame­ri­canos no Iraque.

Jor­na­lista está preso em Lon­dres desde 2019, de­pois de passar sete anos re­fu­giado na em­bai­xada do Equador no Reino Unido

O tri­bunal lon­drino tomou a de­cisão, na se­gunda-feira, 20, após ter exa­mi­nado a res­posta de Washington quanto ao res­peito dos di­reitos do jor­na­lista de origem aus­tra­liana, se for ex­tra­di­tado do Reino Unido, onde se en­contra de­tido, para os EUA.

Re­corde-se que os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu têm pro­mo­vido di­versas ac­ções – in­ter­ven­ções, reu­niões pú­blicas, cartas ou ac­ções de pro­testo – exi­gindo a li­ber­tação ime­diata de Ju­lian As­sange. A 24 de Fe­ve­reiro, por pro­posta dos de­pu­tados do PCP, re­a­lizou-se um de­bate em sessão ple­nária, que contou com a pre­sença de John Shipton, pai de Ju­lian As­sange. Na oca­sião, João Pi­menta Lopes instou as ins­ti­tui­ções da UE a res­pon­derem aos apelos de não ex­tra­dição e li­ber­tação de Ju­lian As­sange, su­bli­nhando que «é hora de pôr fim a esse si­lêncio que não deixa de ser um es­pelho da hi­po­crisia com que abordam a li­ber­dade de ex­pressão e livre prá­tica do jor­na­lismo, que fica na ga­veta quando se trata de di­vulgar crimes de guerra.

As au­di­ên­cias pré­vias sobre a ex­tra­dição do jor­na­lista ti­veram lugar nos dias 20 e 21 de Fe­ve­reiro deste ano. Em Março, o tri­bunal con­cedeu três dias ao go­verno norte-ame­ri­cano para que apre­sen­tasse ga­ran­tias su­fi­ci­entes de que o jor­na­lista po­deria in­vocar a Pri­meira Emenda da Cons­ti­tuição dos EUA (que pro­tege a li­ber­dade de ex­pressão) du­rante o seu pos­sível jul­ga­mento no país, de que não seria pre­ju­di­cado no pro­cesso por ser es­tran­geiro nem seria con­de­nado à morte. Em me­ados de Abril soube-se que as au­to­ri­dades dos EUA ti­nham en­viado as in­for­ma­ções so­li­ci­tadas pelo tri­bunal lon­drino, após o que foi mar­cada nova au­di­ência para 20 de Maio.

A es­posa do jor­na­lista, Stella As­sange, con­si­derou «eva­siva» a re­dacção das ga­ran­tias por parte dos EUA e exigiu às au­to­ri­dades norte-ame­ri­canas que re­tirem todas as acu­sa­ções e en­cerrem o caso.

As­sange, de 52 anos, en­contra-se em re­clusão no cár­cere de Bel­marsh, no sul de Lon­dres, desde que foi de­tido em Abril de 2019, a pe­dido de Washington, de­pois de passar sete anos re­fu­giado na em­bai­xada do Equador na ca­pital bri­tâ­nica, face à ameaça de ser ex­tra­di­tado para os EUA.

Ju­lian As­sange en­frenta 18 acu­sa­ções por parte dos EUA, pelas quais pode ser con­de­nado a 175 anos de ca­deia. O seu «crime»: ter di­vul­gado crimes de guerra dos EUA no Iraque, entre muitas ou­tras in­for­ma­ções que evi­den­ciam as ac­ções de in­ge­rência norte-ame­ri­cana por todo o mundo.

 



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