ANC promove diálogo com vista a solução governativa

O Con­gresso Na­ci­onal Afri­cano (ANC) está a de­bater com ou­tras forças po­lí­ticas a for­mação de um go­verno de uni­dade na­ci­onal na África do Sul, tendo em conta o quadro po­lí­tico re­sul­tante das elei­ções de 29 de Maio no país.

ANC en­ceta diá­logo com ou­tros par­tidos tendo em vista for­mação de Go­verno

O ANC, que ob­teve a mai­oria dos lu­gares no par­la­mento sul-afri­cano nas re­centes elei­ções ge­rais, anun­ciou que está a tra­ba­lhar na for­mação de um go­verno de uni­dade na­ci­onal. O anúncio foi feito pelo pre­si­dente do ANC e da África do Sul, Cyril Ra­maphosa, no final de uma reu­nião do Co­mité Exe­cu­tivo Na­ci­onal do par­tido, re­a­li­zada em Pre­tória, no dia 6.

O di­ri­gente ex­plicou que essa forma de go­verno é, neste mo­mento, a mais viável e eficaz para sa­tis­fazer as ex­pec­ta­tivas de todos os sul-afri­canos, pelo que o ANC en­cetou um diá­logo com ou­tros par­tidos. Acres­centou que o ANC tem di­fe­renças ide­o­ló­gicas com ou­tros par­tidos mas isso não o im­pe­dirá de tra­ba­lhar com essas for­ma­ções sem aban­donar os seus prin­cí­pios.

Ra­maphosa re­velou que, com base na aná­lise dos re­sul­tados das elei­ções na­ci­o­nais e pro­vin­ciais efec­tu­adas no final do mês pas­sado, a di­recção do ANC de­cidiu que se deve tentar reunir o mais amplo es­pectro de forças so­ciais, em­bora evi­tando as que «pro­curam pro­vocar o caos e a ins­ta­bi­li­dade».

Nas elei­ções de Maio, o ANC elegeu o maior nú­mero de de­pu­tados, 159, tendo a Ali­ança De­mo­crá­tica (DA) ob­tido 87, o uMkhonto we Sizwe (MK) 58, os Com­ba­tentes da Li­ber­dade Eco­nó­mica (EFF) 39 e o Par­tido da Li­ber­dade In­katha (IFP) 17. Di­versos ou­tros par­tidos, mi­no­ri­tá­rios, ele­geram também de­pu­tados.

O ANC con­si­dera que, como par­tido lar­ga­mente mai­o­ri­tário – con­quistou 40 por cento dos votos –, tem a res­pon­sa­bi­li­dade de ga­rantir a uni­dade, a es­ta­bi­li­dade, a paz e o pro­gresso no país, e que hoje, na África do Sul, não é pos­sível qual­quer so­lução go­ver­na­tiva sem o ANC.

Assim, o go­verno de uni­dade na­ci­onal terá como ob­jec­tivo abordar os pro­blemas ac­tuais mais pre­mentes para todos os sul-afri­canos, in­cluindo a cri­ação de em­prego e o cres­ci­mento da eco­nomia, o alto custo de vida, a cri­mi­na­li­dade e a cor­rupção.

Ao ava­liar os re­sul­tados elei­to­rais, Ra­maphosa re­alçou ser evi­dente que os sul-afri­canos es­peram que os seus di­ri­gentes tra­ba­lhem juntos, su­perem as di­fe­renças e ac­tuem em con­junto para be­ne­fício de todos.

Co­mu­nistas apoiam go­verno de uni­dade

O Par­tido Co­mu­nista Sul-Afri­cano (SACP) di­vulgou uma de­cla­ração, saída da reu­nião alar­gada do seu Bu­reau Po­lí­tico, em Jo­a­nes­burgo, no dia 5, re­a­fir­mando o apoio ao ANC, que en­ca­beça a ali­ança que go­verna a África do Sul desde 1994, a qual in­tegra também o SACP e a cen­tral sin­dical Co­satu.

O SACP ma­ni­festa a sua opo­sição à pro­cura de um acordo com a DA, de di­reita, que li­dera as forças ne­o­li­be­rais contra o ANC. E acusa a DA de ser «al­ta­mente apoiada pelos sec­tores do­mi­nantes do ca­pital, prin­ci­pal­mente a bur­guesia branca, cujas raízes re­montam à era da opressão co­lo­nial e do apartheid da mai­oria negra» e de ter re­ce­bido apoio de «fun­da­ções oci­den­tais». Na mesma linha, o SACP opõe-se a um acordo com o MK, «cujas ori­gens re­montam ao fac­ci­o­sismo, à cor­rupção da cap­tura do Es­tado e à re­sis­tência à res­pon­sa­bi­li­zação».

Os co­mu­nistas sul-afri­canos apoiam um go­verno de uni­dade na­ci­onal, «li­de­rado pelo ANC e ori­en­tado para o de­sen­vol­vi­mento e a trans­for­mação» e con­si­deram tal so­lução «cru­cial para de­fender e fazer avançar os in­te­resses da classe tra­ba­lha­dora contra os seus ad­ver­sá­rios es­tra­té­gicos».

 



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