Estado pode travar insolvência da Inapa

O Grupo Inapa, com cerca de 200 trabalhadores em Portugal e outros 1500 distribuídos por várias empresas no estrangeiro, anunciou há dias que pretende declarar a insolvência. O PCP exige a intervenção do Estado, o seu maior accionista.

O Estado detém, através da Parpública, 44,89% da Inapa

Em comunicado enviado no início da semana à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Inapa – Investimentos, Participações e Gestão (Inapa IPG) afirma que declarará a insolvência dos próximos dias.

O grupo justifica a decisão com a situação da sua subsidiária alemã Inapa Deutschland, que se encontra confrontada com uma «carência de tesouraria de curto prazo» no montante de 12 milhões de euros, para a qual não foi encontrada no quadro da lei alemã uma «solução de financiamento» no prazo estabelecido. Os «impactos imediatos» da situação da empresa alemã leva, segundo a Inapa IPG, à decisão de «iminente insolvência» do grupo. Seis membros do Conselho de Administração demitiram-se na segunda-feira.

A Inapa foi a primeira grande unidade de produção de papel em Portugal e, no início do milénio, passou a dedicar-se à distribuição de papel, embalagem e comunicação visual. Conta actualmente com 200 trabalhadores em Portugal e cerca de 1500 distribuídos por diversas empresas no estrangeiro. Depois de declarar lucros de 18 milhões de euros em 2022, a Inapa apresentou resultados líquidos negativos, em 2023, de quase 8 milhões.

Estado é accionista maioritário
O Grupo Parlamentar do PCP questionou, na segunda-feira, o ministro de Estado e das Finanças acerca da situação da empresa, lembrando que as quebras de resultados entre 2022 e 2023 não colocavam a empresa em situação de insolvência iminente e que tal perspectiva não surgia tão pouco nas perspectivas para 2024 apresentadas pelo grupo. Quanto aos problemas da subsidiária alemã, eram já referidos.

Na pergunta que dirigiu ao ministro, a deputada Paula Santos recorda a estrutura accionista da Inapa, composta pelos seguintes accionistas qualificados, detentores de 62,29 por cento das acções ordinárias: Parpública (44,89 por cento); Nova Expressão SGPS (10,85 por cento); Novo Banco (6,55 por cento). O Estado português, lembra a parlamentar comunista, é assim o «maior accionista» da Inapa.

Assim sendo, acrescenta Paula Santos, «não é aceitável que o Governo PSD/CDS afirme que só soube da situação de tesouraria da empresa a 11 de Julho, data da suspensão das acções em bolsa». A ser verdade, resta uma de duas hipóteses (qual delas a mais grave?): «ou o Estado, enquanto principal accionista, deu cobertura às operações que a empresa desenvolveu fora do País e que estão na origem da insolvência» ou as principais opções de gestão foram tomadas por critérios privados, apesar de a empresa ter capital maioritariamente público.

Há dinheiro
Na terça-feira, à margem da concentração de médicos em Lisboa (ver página 12), Paulo Raimundo comentou a situação na Inapa, salientando que o Governo «tem de responder de forma rápida». O dirigente comunista referiu-se ainda aos 200 postos de trabalho «que é preciso salvaguardar, com condições e direitos», e da capacidade existente na empresa para continuar a laborar.

Sobre os 12 milhões de euros que a empresa garante serem necessários para continuar em actividade, Paulo Raimundo garantiu que «não vale a pena virem falar em falta de dinheiro. Quanto é que o Estado, dos bolsos de cada um de nós, vai pagar pelo lay-off, completamente injustificado, em curso na Autoeuropa? Há dinheiro e o Estado tem de intervir, adquirir capital da Inapa, salvaguardando os postos de trabalho e o futuro da empresa.»

 



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