Tanto directo para tão pouca informação

A in­for­mação que re­ce­bemos através dos prin­ci­pais meios de co­mu­ni­cação so­cial é cada vez mais mar­cada pelo ime­di­a­tismo: re­gral geral, não pre­ci­samos es­perar pelo pró­ximo no­ti­ciário te­le­vi­sivo ou ra­di­o­fó­nico, ou pela pró­xima edição do jornal, para que esta nos chegue.

As trans­for­ma­ções tec­no­ló­gicas per­mitem que os vá­rios ca­nais in­for­ma­tivos de te­le­visão su­portem horas de emissão com di­rectos de vá­rios pontos do País e do mundo sem in­ves­ti­mento de meios hu­manos e téc­nicos pe­sados. Também para rádio, as pos­si­bi­li­dades de en­trar na emissão em di­recto de qual­quer ponto de­pendem quase ex­clu­si­va­mente das con­di­ções de acesso à rede móvel. Na im­prensa es­crita, a ten­dência é para que os prin­ci­pais tí­tulos man­te­nham nas suas edi­ções on-line ar­tigos que vão sendo ac­tu­a­li­zados ao longo do dia com breves no­tí­cias, pro­cu­rando re­plicar o que há al­guns anos era quase ex­clu­sivo de emis­sões es­pe­ciais te­le­vi­sivas, como su­cedeu nas úl­timas cam­pa­nhas elei­to­rais: a pri­o­ri­dade foi ali­mentar esses «mi­nuto-a-mi­nuto», em que cada de­cla­ração de cada can­di­dato ia sur­gindo à me­dida que acon­tecia, num in­tenso fre­nesim.

Esta ten­dência co­loca vá­rias dú­vidas. Es­tamos mais in­for­mados por re­ce­bermos no­tí­cias mais pró­ximas do acon­te­ci­mento (porque os jor­na­listas as trans­mitem tão pró­ximo do local e do mo­mento quanto pos­sível), ou a au­tên­tica ava­lanche in­for­ma­tiva não per­mite ir além da es­puma dos dias? Quantas vezes os jor­na­listas que estão no ter­reno ab­dicam de exercer a sua pro­fissão e se trans­formam em sim­ples «pés de mi­cro­fone», que re­co­lhem as de­cla­ra­ções deste ou da­quele per­so­nagem, pe­dindo que de­pois co­mentem de­cla­ra­ções ou actos de ter­ceiro e ig­no­rando a no­tícia que têm à frente (no caso da acção geral do PCP, pode-se dizer que tal é re­cor­rente; a tí­tulo de exemplo, pode-se re­ferir a re­cente de­cla­ração sobre edu­cação, à qual a SIC en­viou uma equipa ex­clu­si­va­mente para ques­ti­onar sobre os novos na­vios da Trans­tejo)?

Quando tal su­cede, é fre­quente se­guirem-se blocos de aná­lise por jor­na­listas ou ditos es­pe­ci­a­listas (um exemplo clás­sico: a uma qual­quer de­cla­ração de um res­pon­sável po­lí­tico em di­recto numa te­le­visão, segue-se um painel que junta jor­na­listas de po­lí­tica que vão «en­qua­drar» o que foi dito na grelha de aná­lise do­mi­nante e co­men­ta­dores de po­lí­tica, todos eles com os seus ali­nha­mentos po­lí­tico-ide­o­ló­gicos, fixar a lei­tura que deve ser feita do que se passou). Para lá de um cons­tran­gi­mento à lei­tura crí­tica e for­mação livre de opi­nião por parte de cada um, para que serve este mo­delo em que a aná­lise de quem pre­sen­ciou o facto-no­tícia é pre­te­rida por quem está em sua casa, numa re­dacção ou num es­túdio?

O fas­cínio pelo di­recto tem le­vado re­cen­te­mente a si­tu­a­ções ca­ri­catas em que pivôs te­le­vi­sivos lançam di­rectos de de­cla­ra­ções de res­pon­sá­veis po­lí­ticos sem fa­zerem ideia de onde ou sobre que vão falar. Pelo menos, com isso, ficou claro que o de­cisão edi­to­rial ou não existe ou de­pende de cri­té­rios de ali­nha­mento po­lí­tico e não do valor no­ti­cioso de cada acon­te­ci­mento.

 



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