Ataque israelita na Cisjordânia e mais massacres na Faixa de Gaza

Tropas is­ra­e­litas lan­çaram um ataque contra ci­dades na Cis­jor­dânia e in­ten­si­fi­caram os mas­sa­cres na Faixa de Gaza, cau­sando mortes e fe­ridos e des­truição de infra-es­tru­turas.

Mais de 40 mil mortos e de 93 mil fe­ridos em 11 meses de ge­no­cídio contra o povo pa­les­ti­niano

LUSA Agressão e blo­queio is­ra­e­lita agrava si­tu­ação ali­mentar e sa­ni­tária dos pa­les­ti­ni­anos

Forças is­ra­e­litas lan­çaram no dia 28 de Agosto um grande ataque contra a Cis­jor­dânia, pro­vo­cando de­zenas de mortos e fe­ridos pa­les­ti­ni­anos e im­por­tantes danos nas infra-es­tru­turas civis. Trata-se do maior ataque is­ra­e­lita desde 2002 contra a po­pu­lação deste ter­ri­tório ile­gal­mente ocu­pado por Is­rael.

Os prin­ci­pais alvos foram Jenin, Na­blus, Tubas e Tul­karem, no norte da Cis­jor­dânia. Nos as­saltos co­or­de­nados contra as quatro ci­dades, as forças is­ra­e­litas em­pre­garam cen­tenas de mi­li­tares e meios ter­res­tres, bem como aviões de guerra, drones e bul­do­zers.

A ci­dade de Jenim e, ali perto, o seu campo de re­fu­gi­ados, foram cer­cados pelo exér­cito is­ra­e­lita, que mantém os ata­ques a ambas as lo­ca­li­dades. As tropas is­ra­e­litas ocu­pantes iso­laram o prin­cipal hos­pital de Jenin, proi­bindo a en­trada de am­bu­lân­cias com os fe­ridos, e de­mo­liram nu­me­rosas es­tru­turas ur­banas. Em poucos dias, os mi­li­tares des­truíram cerca de 70 por cento das ruas e es­tradas da zona, da­ni­fi­caram a rede eléc­trica da ci­dade e do campo de re­fu­gi­ados pa­les­ti­niano e dei­xaram a ge­ne­ra­li­dade da­po­pu­lação sem acesso à água.

As tropas is­ra­e­litas ocu­pantes também as­sal­taram o po­voado de Idhna, pouco de­pois de um ataque perto do posto de con­trolo de Tarqu­miya, ao sul de He­brón.

Um cor­res­pon­dente da te­le­visão Al-Ja­zeera clas­si­ficou de «fe­rozes» os com­bates em Jenim e no vi­zinho campo de re­fu­gi­ados, dada a re­sis­tência pa­les­ti­niana pe­rante os agres­sores e ocu­pantes is­ra­e­litas. Do seu lado, ao ava­liar a si­tu­ação, o chefe do es­tado-maior is­ra­e­lita ame­açou «ir de ci­dade em ci­dade» na Cis­jor­dânia para per­se­guir a le­gí­tima re­sis­tência pa­les­ti­niana.

«Parar a guerra! Pôr fim à ocu­pação!»
O Par­tido Co­mu­nista de Is­rael (PCI) e a Frente De­mo­crá­tica de Paz e Igual­dade (Ha­dash) de­nun­ci­aram que «os ata­ques da ocu­pação na Cis­jor­dânia são uma con­ti­nu­ação da cam­panha de des­truição na Faixa de Gaza». Num co­mu­ni­cado con­junto, exi­giram que as forças de ocu­pação cessem as ope­ra­ções mi­li­tares na Margem Oci­dental.

De acordo com Ofer Cassif, de­pu­tado do Ha­dash, «o as­salto das forças de ocu­pação na Margem Oci­dental não tem nada a ver com a se­gu­rança de Is­rael». Con­si­dera que «é apenas mais uma acção na guerra total que o go­verno is­ra­e­lita trava contra todo o povo pa­les­ti­niano para anexar a sua terra e ex­pulsá-lo da sua pá­tria». E exige o cessar da guerra e o fim da ocu­pação.

Novos mas­sa­cres na Faixa de Gaza
Em novos mas­sa­cres, nu­me­rosos pa­les­ti­ni­anos foram mortos ou fe­ridos nos úl­timos dias na Faixa de Gaza, palco há 11 meses de uma guerra ge­no­cida le­vada a cabo por Is­rael contra o povo pa­les­ti­niano.

O Cres­cente Ver­melho pa­les­ti­niano re­gistou ví­timas mor­tais nos bairros de Al-Sabra e de Al-Zay­toun, na ci­dade se­ten­tri­onal de Gaza, e a agência Wafa no­ti­ciou ata­ques is­ra­e­litas contra o campo de re­fu­gi­ados de Ja­balia, também no norte do ter­ri­tório pa­les­ti­niano. Ou­tros bom­bar­de­a­mentos mor­tais pelas forças is­ra­e­litas ocu­pantes foram exe­cu­tados contra o campo de re­fu­gi­ados de Nu­seirat, no centro, e a ci­dade de Khan Yunis, no sul.

Mais de 40.600 pa­les­ti­ni­anos mor­reram na Faixa de Gaza desde o início da cam­panha bé­lica is­ra­e­lita, em Ou­tubro de 2023, e ou­tros 93.800 fi­caram fe­ridos.

Is­rael re­cusa sair da Faixa de Gaza
Or­ga­ni­za­ções pa­trió­ticas pa­les­ti­ni­anas con­de­naram a re­cusa is­ra­e­lita de re­tirar-se do cor­redor Fi­la­délfia, o que con­si­de­raram cons­ti­tuir um obs­tá­culo e uma re­jeição ao cessar-fogo no ter­ri­tório.

A de­cisão do go­verno de Is­rael de per­ma­necer nesse eixo sig­ni­fica a re­cusa de re­tirar-se da Faixa de Gaza, con­fir­mando o ob­jec­tivo do pri­meiro-mi­nistro Ne­tanyahu de manter a com­pleta ocu­pação do ter­ri­tório, afirmam os pa­les­ti­ni­anos.

O cor­redor Fi­la­délfia é uma faixa de terra pa­les­ti­niana de 100 me­tros de largo e 14,5 qui­ló­me­tros de com­pri­mento pa­ra­lela à fron­teira entre a Faixa de Gaza e o Egipto, que os ocu­pantes is­ra­e­litas querem manter con­tro­lada.

Em Te­la­vive e nou­tras ci­dades de Is­rael, su­cedem-se, en­tre­tanto, grandes ma­ni­fes­ta­ções contra o go­verno e a exigir um cessar-fogo e ne­go­ci­a­ções para li­bertar os presos. Em apoio a tais exi­gên­cias, de­correu na se­gunda-feira, 2, uma greve geral de 24 horas, con­vo­cada pelo maior sin­di­cato do país, o His­ta­drut.

Cam­panha da ONU contra a po­li­o­mi­e­lite

A ONU des­tacou a im­por­tância de uma cam­panha de va­ci­nação contra a po­li­o­mi­e­lite na Faixa de Gaza e apelou ao res­peito pela vida da po­pu­lação e das equipas hu­ma­ni­tá­rias que par­ti­cipam na ini­ci­a­tiva.

O or­ga­nismo de Obras Pú­blicas e So­corro das Na­ções Unidas para os Re­fu­gi­ados da Pa­les­tina (UNRWA) in­formou que a va­ci­nação co­meçou, no dia 1, na zona cen­tral do ter­ri­tório. Trata-se de uma cor­rida contra o tempo para chegar a mais de 600 mil cri­anças na Faixa de Gaza, avisou a UNRWA.

A va­ci­nação foi de­ci­dida de­pois de con­firmar-se o pri­meiro caso de pólio na Faixa de Gaza em 25 anos.

 

Pa­les­ti­ni­anos tor­tu­rados nas mas­morras is­ra­e­litas

Mais de 10.300 pa­les­ti­ni­anos foram presos desde há 11 meses pela po­lícia e o exér­cito is­ra­e­litas na Cis­jor­dânia, de­nun­ciou a As­so­ci­ação de Pri­si­o­neiros Pa­les­ti­ni­anos, em Ra­mala.

Os nú­meros in­cluem 355 mu­lheres e 720 me­nores de idade. Neste pe­ríodo, pelo menos 23 de­tidos, oriundos da Cis­jor­dânia, mor­reram nos cár­ceres is­ra­e­litas.

Estes nú­meros não con­ta­bi­lizam os mi­lhares de pa­les­ti­ni­anos de­tidos por Is­rael na Faixa de Gaza.

Por outro lado, a Co­missão de As­suntos de Pri­si­o­neiros e Ex-pri­si­o­neiros con­denou o in­cre­mento das tor­turas e ve­xames nas pri­sões is­ra­e­litas.

Já a Fun­dação Ad­da­meer de­nun­ciou que as au­to­ri­dades is­ra­e­litas mantêm em total iso­la­mento a ac­ti­vista e di­ri­gente pa­les­ti­niana Kha­lida Jarrar, de 61 anos. Se­gundo o seu ad­vo­gado, que con­se­guiu vi­sitá-la, Kha­lida Jarrar está a so­frer me­didas ex­tre­ma­mente duras. A ac­ti­vista de di­reitos hu­manos e membro do Bu­reau Po­lí­tico da Frente Po­pular para a Li­ber­tação da Pa­les­tina foi presa em De­zembro de 2023. Em me­ados de Agosto úl­timo, agentes dos ser­viços pri­si­o­nais de Is­rael ir­rom­peram na sua cela na prisão de Damon e sem aviso trans­fe­riram-na para o cár­cere de Neve Tirza, uti­li­zado para manter iso­lados os de­tidos.

A di­ri­gente pa­les­ti­niana está proi­bida de re­ceber qual­quer vi­sita e foi iso­lada numa cela de dois me­tros por um metro e meio, fe­chada e sem ja­nelas. As au­to­ri­dades pri­si­o­nais for­necem-lhe quan­ti­dades in­su­fi­ci­entes de água e de ali­mentos.

Em Se­tembro de 2021, Kha­lida foi li­ber­tada de­pois de passar dois anos numa prisão is­ra­e­lita. Du­rante a sua de­tenção, a sua filha fa­leceu, mas as au­to­ri­dades is­ra­e­litas re­cu­saram que Kha­lida Jarrar pu­desse estar pre­sente no fu­neral da sua filha.

 



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