EUA lançam perigosas achas para a fogueira da guerra

A ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana pre­si­dida por Biden terá de­ci­dido a uti­li­zação de mís­seis a partir da Ucrânia contra o ter­ri­tório da Rússia, o que cons­titui mais um pe­ri­goso passo na es­ca­lada de con­fron­tação e guerra que tem vindo a ser pro­mo­vida pelos EUA, a NATO e a UE, e que a con­cre­tizar-se po­derá ter con­sequên­cias im­pre­vi­sí­veis.

EUA terão de­ci­dido a uti­li­zação, a partir da Ucrânia, de mís­seis de médio al­cance norte-ame­ri­canos contra ter­ri­tório russo


No domingo passado, 17, a imprensa norte-americana noticiou que o presidente dos EUA, Joseph Biden, terá decidido a utilização mísseis tácticos norte-americanos Atacms para atacar no interior do território russo. Esta decisão, a confirmar-se, surge num momento em que a actual administração norte-americana está de saída, em virtude da vitória de Donald Trump e dos Republicanos nas recentes eleições nos EUA.

Órgãos de co­mu­ni­cação em França anun­ci­aram que a França e o Reino Unido te­riam também de­ci­dido a uti­li­zação, em moldes se­me­lhantes, dos mís­seis Sclap e Storm Shadow, no en­tanto, tal no­tícia foi pos­te­ri­or­mente re­ti­rada. Até ao mo­mento, Washington, Paris e Lon­dres não con­fir­maram ofi­ci­al­mente tais in­for­ma­ções.

Apesar das re­servas ma­ni­fes­tadas pelo chan­celer alemão Olaf Scholz re­la­ti­va­mente a esta de­cisão – in­cluindo quanto à ins­ta­lação deste tipo de ar­ma­mento por parte da Ale­manha na Ucrânia –, por temer uma es­ca­lada des­con­tro­lada do con­flito, a mi­nistra dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, An­na­lena Ba­er­bock, dos Verdes, já a saudou, dei­xando ainda mais a des­co­berto as di­fe­renças exis­tentes no seio da co­li­gação go­ver­na­mental.

En­tre­tanto, a porta-voz do Mi­nis­tério dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros russo, Maria Zakha­rova, fez saber logo no dia se­guinte que a res­posta da Rússia a even­tuais ata­ques com mís­seis de longo al­cance contra o seu ter­ri­tório será «pro­por­ci­onal e tan­gível». A porta-voz ga­rantiu que o uso de mís­seis de médio al­cance por parte de Kiev sig­ni­fi­cará a par­ti­ci­pação di­recta dos EUA e seus “sa­té­lites” nas hos­ti­li­dades contra a Rússia, re­pre­sen­tando «uma mu­dança ra­dical na es­sência e na­tu­reza do con­flito».

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, re­cordou a po­sição de Mos­covo face à even­tu­a­li­dade da uti­li­zação deste tipo de ar­ma­mento contra a Rússia, que foi for­mu­lada em Se­tembro, de ma­neira clara e sem am­bi­gui­dades, por parte do Pre­si­dente russo, Vla­dimir Putin. E des­tacou que a de­cisão sig­ni­fi­cava uma su­bida «qua­li­ta­ti­va­mente nova» na es­piral de ten­sões, ad­ver­tindo para as con­sequên­cias que po­deria ter a au­to­ri­zação do uso de mís­seis de médio al­cance contra a Rússia.


CPPC apela ao re­forço da luta pela Paz!

O Con­selho Por­tu­guês para a Paz e Co­o­pe­ração (CPPC) re­a­firmou que a de­fesa da paz de­pende es­sen­ci­al­mente da luta dos povos e da força do mo­vi­mento da paz na de­fesa da de­mo­cracia, da li­ber­dade, da jus­tiça e do pro­gresso so­cial, da ami­zade e co­o­pe­ração entre os povos, o que também se aplica às re­centes elei­ções nos EUA.

Su­bli­nhando que, na­quele país, Re­pu­bli­canos e De­mo­cratas, apesar das suas di­fe­renças, re­pre­sentam duas faces de um mesmo sis­tema e estão unidos num mesmo ob­je­tivo cen­tral – a con­ti­nu­ação do do­mínio dos EUA à es­cala global –, o CPPC con­si­dera que «é este do­mínio e tudo o que re­pre­senta de in­ge­rência, ex­plo­ração, saque, guerra, morte, so­fri­mento e des­truição, que urge com­bater – seja qual for a ad­mi­nis­tração “de ser­viço” na Casa Branca e no Pen­tá­gono».

Não ig­no­rando os de­sa­fios que uma nova ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana traz a quem de­fende a paz, o de­sar­ma­mento e a co­o­pe­ração entre países e povos, o CPPC re­corda que foi com a ac­tual ad­mi­nis­tração, De­mo­crata, «que se agravou o con­flito no Leste da Eu­ropa, numa guerra que há muito vinha a ser pre­pa­rada pelos EUA, NATO e UE e que co­locou a Hu­ma­ni­dade pe­rante o risco de um con­flito ge­ne­ra­li­zado de di­men­sões ca­tas­tró­ficas». Foi também com Biden e Harris que se «ace­lerou a ní­veis in­sanos a cor­rida aos ar­ma­mentos, se alargou ainda mais a NATO ou se criou um novo bloco mi­litar no Pa­cí­fico, o AUKUS», e que Is­rael pôde, com ar­ma­mento e co­ber­tura di­plo­má­tica dos EUA, «co­meter ge­no­cídio na Pa­les­tina, in­vadir o Lí­bano e bom­bar­dear o Irão, a Síria e o Iémen».

O CPPC re­alça estar certo do ca­minho a tri­lhar: «o re­forço do mo­vi­mento da paz, alar­gando-o a mais sec­tores e per­so­na­li­dades, em Por­tugal e no mundo; a so­li­da­ri­e­dade com os povos que re­sistem e lutam pelo seu di­reito à paz, ao de­sen­vol­vi­mento e à so­be­rania – desde logo o povo pa­les­ti­niano, que luta pelo seu di­reito a existir e a ter o seu pró­prio Es­tado, in­de­pen­dente e so­be­rano, como con­sa­grado em inú­meras re­so­lu­ções das Na­ções Unidas».

 



Mais artigos de: Internacional

Genocídio na Faixa de Gaza e expulsões em Jerusalém Oriental

Is­rael pros­segue a agressão ge­no­cida contra o povo pa­les­ti­niano e in­ten­si­ficou ata­ques contra o Lí­bano e a Síria. As au­to­ri­dades pa­les­ti­ni­anas de­nun­ciam uma guerra de ex­ter­mínio na Faixa de Gaza e uma “lim­peza ét­nica” na zona de Je­ru­salém Ori­ental, por parte de Is­rael.

Conselho Mundial da Paz reunido no Nepal

O Co­mité Exe­cu­tivo do Con­selho Mun­dial da Paz (CMP), que o CPPC in­tegra, reuniu-se nos dias 9 e 10 de No­vembro na ca­pital do Nepal, Kat­mandu. A so­li­da­ri­e­dade com a Pa­les­tina e a luta pela paz e contra a NATO es­ti­veram em des­taque.

China reafirma que relações com os EUA devem ser baseadas em princípios

A China pormenorizou os «consensos alcançados» durante a reunião entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo norte-americano, Joseph Biden. O encontro ocorreu no dia 17, no quadro da Cimeira de Líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), realizada em Lima, capital do Peru. Segundo um comunicado do...

Fome e pobreza debatidas na cimeira do G20 no Brasil

A terceira e última sessão da Cimeira de Líderes do Grupo dos 20 (G20), que decorreu nos dias 18 e 19 na cidade do Rio de Janeiro, dedicou os debates ao desenvolvimento sustentável e à transição energética. O fórum das 19 principais economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, terminou com a cerimónia de...

Conquista na greve da Boeing

Cerca de 33 mil trabalhadores da Boeing em Washington, Oregon e Califórnia, nos Estados Unidos da América, começaram no dia 6 a regressar aos seus postos de trabalho, após uma exitosa greve de quase dois meses que resultou num aumento salarial e em outras melhorias das condições laborais. A retoma integral da produção...