De quem é a ciência produzida?

São muitos os cientistas e investigadores, em Portugal e em muitos outros países, que partilham uma mesma inquietação: a de que a ciência, enquanto esforço colectivo, deve servir o bem comum e não estar, em primeira instância, ao serviço de interesses que a procuram mercantilizar.

Hoje, vive-se uma realidade perversa, em que prospera o negócio das grandes editoras de revistas científicas, que se apropriam do trabalho produzido pelos cientistas e investigadores. A que acresce a contradição existente ao nível europeu entre as diretrizes que a UE promove através de programas que defendem políticas de acesso aberto (como o programa Horizon) e a forma como continua a assinar acordos que garantem milhões de euros a algumas editoras.

Essas e outras questões estiveram em análise no debate «Acesso Aberto: De quem é a ciência que produzimos?», promovido recentemente pela célula da Cidade Universitária de Lisboa do PCP. A lançar a discussão estiveram Sandra Pereira, investigadora da Universidade de Lisboa, militante do PCP e antiga deputada no Parlamento Europeu; Simone Tulumello, investigador do ICS-UL, que tem trabalhado em prol do acesso aberto e integra a mais antiga revista de Ciências Sociais de Portugal, a Análise Social (de acesso aberto); e Eloy Rodrigues, investigador da Universidade do Minho e especialista em questões de acesso aberto e repositórios públicos.

Nas várias intervenções e propostas discutiu-se, para além de repensar os actuais modelos de avaliação, a possibilidade de reapropriação de revistas com um património histórico relevante ligado a departamentos universitários, a necessidade de diversificar o modo de publicação, abrangendo tanto editoras nacionais de acesso aberto, como livros que possam chegar a um público mais abrangente.

Falou-se ainda da importância dos repositórios públicos como forma de garantir o acesso universal ao conhecimento produzido e de como não é possível transformar o actual modelo de publicações sem antes repensar os critérios de avaliação dos investigadores, que permanecem atados às métricas das revistas controladas por estes monopólios editoriais.





Mais artigos de: PCP

É imperativo eliminar toda a violência sobre as mulheres

O PCP assinalou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, dia 25, através da apresentação, na Assembleia da República (AR), de uma estratégia de prevenção e combate à prostituição. Antes, no dia 22, foi aprovada outra proposta dos comunistas que visa o reforço dos meios financeiros da rede de apoios às vítimas de violência.

Revolução de Abril em perspectiva em Torres Novas

O PCP inaugurou no dia 22, na sede da Banda Operária Torrejana, em Torres Novas, a exposição Abril é Mais Futuro. O evento contou com a participação de Jerónimo de Sousa, membro do Comité Central. Para além da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, a exposição sublinha a necessidade de lutar pelos valores de Abril,...

A operação revanchista e os alinhamentos reveladores

A operação montada a propósito do 25 de Novembro, culminando com a sessão na Assembleia da República na passada segunda-feira, foi acompanhada de empenhados contributos na esfera mediática. A data não é redonda, tão pouco surgiram elementos novos sobre a data que não seja o revigorar dos sectores mais revanchistas e...