18 de Janeiro de 1934: lições que permanecem
A acção revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 marca a afirmação da classe operária como vanguarda da luta antifascista e o PCP como o partido da classe operária e grande dinamizador da resistência ao fascismo.
Pouco tempo depois, o Partido estava novamente activo nas fábricas vidreiras
Já muito se escreveu no Avante! sobre a jornada do 18 de Janeiro de 1934: os objectivos e os métodos (desajustados das condições existentes); a inédita unidade alcançada entre comunistas, anarco-sindicalistas e socialistas; a coragem e heroísmo demonstrados pelos participantes (por todos, independentemente da filiação política) e a brutal repressão que se abateu sobre eles; a singularidade da Marinha Grande, onde a insurreição assumiu uma expressão mais forte e chegou a ser proclamado o “soviete”.
Por diversas vezes se nomeou também aqueles que o dinamizaram, sobretudo na terra do vidro: António Guerra, José Gregório e tantos outros, que figuram na galeria dos abnegados resistentes antifascistas que pagaram com a prisão, com a tortura e até com a própria vida a audácia de quererem um País livre e justo e uma vida melhor para si e para a sua classe.
Também já se contou, e nunca é de mais “recontar“, que esta foi a primeira grande acção da classe operária enquanto força social autónoma, que teve como primeira motivação a contestação à ilegalização dos sindicatos livres e consequente imposição da sua fascização, segundo o modelo italiano da Carta del Lavoro, na qual foi “inspirado” o Estatuto do Trabalho Nacional. E que desde essa data, o PCP – força determinante entre os operários marinhenses – passaria a ser igualmente a grande força da resistência antifascista.
Se lembrar a história é, por si mesmo, um contributo para a luta de hoje, há lições da greve geral insurreccional que, 91 anos passados, importa ter sempre presente. Desde logo a necessidade de adaptar as reivindicações e os métodos de luta às condições objectivas e a compreensão de que a vitória não se alcança num acto súbito, mas na sequência de um processo eventualmente demorado e sempre complexo.
O exemplo da Marinha Grande ensina ainda o papel central desempenhado pela organização e influência do Partido, pela estrutura sindical de classe e pela unidade dos trabalhadores. Foi tudo isso que explicou o impacto que a jornada de 1934 teve naquela vida do distrito de Leiria e como nem a mais brutal repressão impediu que, pouco depois, o Partido estivesse novamente activo nas fábricas vidreiras.