Estatuto da Carreira Docente permanece prioridade da FENPROF

A queda do Go­verno, a dis­so­lução da AR e a con­vo­cação de elei­ções «não põem em causa o que a luta dos pro­fes­sores e a acção da FEN­PROF têm vindo a con­se­guir», co­mentou o Se­cre­ta­riado Na­ci­onal da fe­de­ração.

A luta com­pensa, mas é pre­ciso dar-lhe con­ti­nui­dade nas vá­rias frentes

A re­visão do Es­ta­tuto da Car­reira Do­cente (ECD) «ainda não se tinha ini­ciado», pois as reu­niões re­a­li­zadas desde Ja­neiro com o Mi­nis­tério da tu­tela (MECI) vi­saram a re­visão do re­gime de Mo­bi­li­dade por Do­ença, ob­servou o órgão di­ri­gente da FEN­PROF, numa nota de dia 14. Esta ma­téria «não cons­tava se­quer do ECD, pas­sando a in­tegrá-lo apenas como re­fe­rência».

Para a va­lo­ri­zação da do­cência, «que passa, ne­ces­sa­ri­a­mente, pela re­visão do ECD», a FEN­PROF as­se­gurou que co­lo­cará ao pró­ximo go­verno a exi­gência de dar pri­o­ri­dade a este pro­cesso ne­go­cial, para que dele re­sulte «um me­lhor Es­ta­tuto, capaz de tornar atrac­tiva a pro­fissão».

As ques­tões re­la­ci­o­nadas com es­tru­tura da car­reira, ín­dices sa­la­riais, tran­sição entre es­tru­turas e ava­li­ação do de­sem­penho de­verão surgir «à ca­beça», nessa ne­go­ci­ação, tal como a FEN­PROF de­fendeu e o MECI re­cusou. A fe­de­ração com­ba­terá, «mais uma ten­ta­tiva de pôr fim à car­reira do­cente, en­quanto corpo es­pe­cial da Ad­mi­nis­tração Pú­blica».

A apo­sen­tação será também uma ma­téria a tratar, tal como ou­tras ques­tões que não constam do pro­to­colo que al­gumas or­ga­ni­za­ções as­si­naram. «Par­ti­cu­lar­mente neste do­mínio, será im­por­tante ter em conta os com­pro­missos que vão as­sumir os par­tidos», as­si­nala-se no co­mu­ni­cado.

A pro­posta global da FEN­PROF para a re­visão do Es­ta­tuto da Car­reira Do­cente foi ana­li­sada e ra­ti­fi­cada num ple­nário na­ci­onal, dia 7, no au­di­tório do ISCTE, em Lisboa. Como então re­alçou a fe­de­ração, as li­nhas ge­rais desta pro­posta final re­sul­taram de mais de 380 reu­niões, em que par­ti­ci­param mais de 6 mil pro­fes­sores, bem como inú­meros con­tri­butos in­di­vi­duais e al­gumas cla­ri­fi­ca­ções que re­sul­taram do de­bate.

No ple­nário foi também apro­vada uma moção, in­ti­tu­lada «Va­lo­ri­zação, já! Um ECD que torne atrac­tiva a pro­fissão», na qual se frisa que «o com­bate à ac­tual falta de pro­fes­sores – que, de ime­diato, de­verá passar por re­cu­perar quem aban­donou –, exige um pro­cesso ne­go­cial que per­mita a en­trada em vigor do novo es­ta­tuto de car­reira, re­visto e va­lo­ri­zado, no pró­ximo ano lec­tivo».

Nesta moção ficou ex­pressa a exi­gência de que «este pro­cesso de re­visão do ECD seja a opor­tu­ni­dade para: re­vogar as quotas na ava­li­ação; acabar com todo e qual­quer cons­tran­gi­mento na pro­gressão, de que as vagas são a con­cre­ti­zação ac­tual; eli­minar as ul­tra­pas­sa­gens na car­reira, o que sig­ni­fica contar in­te­gral­mente o tempo de ser­viço pres­tado por cada do­cente; aprovar um mo­delo for­ma­tivo de ava­li­ação; acabar com os abusos e ile­ga­li­dades nos ho­rá­rios de tra­balho, cla­ri­fi­cando o con­teúdo das suas di­versas com­po­nentes; des­bu­ro­cra­tizar a for­mação con­tínua; tratar todos os do­centes por igual, no que con­cerne a ho­rá­rios de tra­balho e re­du­ções lec­tivas, seja qual for a na­tu­reza do seu vín­culo la­boral; aprovar um re­gime es­pe­cí­fico de apo­sen­tação».

In­ves­ti­gação ci­en­tí­fica
O Es­ta­tuto da Car­reira de In­ves­ti­gação Ci­en­tí­fica (ECIC), apro­vado dia 14 na AR, «não com­bate a pre­ca­ri­e­dade la­boral», pro­testou a FEN­PROF. Num co­mu­ni­cado emi­tido an­te­ontem, subs­crito pelo Se­cre­ta­riado Na­ci­onal e o De­par­ta­mento de En­sino Su­pe­rior e In­ves­ti­gação, a fe­de­ração afirmou que «PSD e PS, com a cum­pli­ci­dade de ou­tros, des­per­di­çaram mais uma opor­tu­ni­dade para se con­se­guir uma car­reira de in­ves­ti­gação ci­en­tí­fica mo­derna, justa e va­lo­ri­zada».

Ob­jecto de uma lei do Par­la­mento, o ECIC «deixa de estar sob a es­fera da ne­go­ci­ação co­lec­tiva». Na Co­missão de Edu­cação e Ci­ência não foi re­ser­vado «o tempo ne­ces­sário para a ade­quada dis­cussão de todas as pro­postas», apenas re­a­li­zando «uma ma­ra­tona ace­le­rada de vo­ta­ções, com o pro­pó­sito de re­meter um pro­jecto de lei para o ple­nário, antes da dis­so­lução da AR». Desta forma, «vá­rios as­pectos im­por­tantes para a vida dos in­ves­ti­ga­dores e para o Sis­tema Ci­en­tí­fico e Tec­no­ló­gico Na­ci­onal fi­caram à margem da dis­cussão e do ar­ti­cu­lado apro­vado».

Fi­caram re­flec­tidas «di­versas in­di­ca­ções e su­ges­tões» da FEN­PROF, o que leva à con­clusão de que «os ga­nhos já con­quis­tados mos­tram que a luta com­pensa, mas também que é pre­ciso dar-lhe con­ti­nui­dade».

 



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