China rejeita coerção dos EUA e defende normas internacionais

Pe­rante o au­mento das taxas adu­a­neiras ini­ciado pelos EUA vi­sando de­zenas de países, a China mantém uma firme res­posta em de­fesa dos seus in­te­resses e pro­cura re­forçar a co­o­pe­ração com ou­tros países, assim como com a UE. Pe­quim rei­tera que está aberta ao diá­logo e que se Washington quer re­al­mente ne­go­ciar deve fazê-lo numa base de res­peito mútuo e igual­dade de tra­ta­mento.

«As guerras ta­ri­fá­rias não pro­duzem ven­ce­dores»

Lusa


A «guerra tarifária» da nova administração dos EUA revela, a cada dia que passa, os seus reais objectivos: a defesa da hegemonia económica norte-americana no mundo e a submissão dos demais países, incluindo os seus aliados, às suas imposições e interesses. O próprio Trump afirmou-o há dias, numa iniciativa do Partido Republicano: «Estes países estão a telefonar-nos (…). Estão mortinhos por fazer um acordo. Dizem: “Por favor, por favor, faça um acordo connosco. Nós fazemos qualquer coisa”.» No entanto, está por clarificar se os EUA conseguirão ou não alcançar todos os seus intentos, incluindo o estabelecimento de condições mais favoráveis do que as anteriores nos processos de negociação que estão a ter lugar com diversos países.

En­tre­tanto, no dia 9, e face à onda de choque pro­vo­cada pelo au­mento das taxas adu­a­neiras às ex­por­ta­ções de de­zenas de países para os EUA, Trump foi obri­gado a um pri­meiro recuo, anun­ci­ando a sus­pensão por 90 dias das ta­rifas apli­cadas a 75 países, man­tendo-as a 10%, en­quanto de­cor­rerem ne­go­ci­a­ções. E dois dias de­pois, foi obri­gado a novo recuo, anun­ci­ando a sus­pensão das ditas «ta­rifas re­cí­procas» nas im­por­ta­ções de pro­dutos elec­tró­nicos, ao mesmo tempo que afir­mava que «nin­guém se vai safar» da po­lí­tica co­mer­cial dos EUA.

Um dos únicos países a ficar de fora das anun­ci­adas «tré­guas tem­po­rá­rias» foi a China, a quem os EUA im­pu­seram au­mentos das taxas adu­a­neiras até 145%.

Re­sistir à in­ti­mi­dação dos EUA

Face à in­ti­mi­dação norte-ame­ri­cana, a China adoptou contra-me­didas para sal­va­guardar os seus le­gí­timos in­te­resses, im­pondo uma ta­rifa de 125% a todos os pro­dutos pro­ve­ni­entes dos EUA. Res­pon­sá­veis do Mi­nis­tério dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros chinês ga­rantem que, «pe­rante a in­ti­mi­dação dos EUA, não há saída para o com­pro­misso e a con­cessão». «Não temos medo de pro­vo­ca­ções, não re­cu­a­remos.»

An­te­ri­or­mente, o pre­si­dente Xi Jin­ping tinha já as­si­na­lado que du­rante mais de 70 anos «o de­sen­vol­vi­mento da China ba­seou-se sempre na auto-su­fi­ci­ência e no tra­balho árduo, sem de­pender nunca de dá­divas e muito menos re­ce­ando qual­quer re­pressão ir­ra­ci­onal».

Se­gundo Xi, in­de­pen­den­te­mente de como possa mudar o con­texto ex­terno, a China for­ta­le­cerá a sua con­fi­ança, man­terá a sua de­ter­mi­nação e con­cen­trar-se-á em gerir bem os seus pró­prios as­suntos.

A China tem rei­te­rado estar aberta ao diá­logo mas que se os EUA querem re­al­mente ne­go­ciar devem fazê-lo numa base de res­peito mutuo e igual­dade de tra­ta­mento.

China re­a­firma aposta na co­o­pe­ração

A China e a União Eu­ro­peia (UE) devem em con­junto re­sistir à «in­ti­mi­dação uni­la­teral» dos EUA. Fa­lando em Pe­quim, no dia 11, du­rante um en­contro com o pri­meiro-mi­nistro es­pa­nhol, Pedro Sán­chez, Xi Jin­ping ob­servou que tanto a China como a UE in­te­gram as prin­ci­pais eco­no­mias do mundo, lem­brando que a pro­dução eco­nó­mica com­bi­nada das duas partes ex­cede um terço do total mun­dial. Pe­quim e Bru­xelas estão a or­ga­nizar uma ci­meira que terá lugar, pro­va­vel­mente, na se­gunda me­tade de Julho.

O pre­si­dente chinês, que re­a­liza esta se­mana im­por­tantes vi­sitas ao Vi­et­name, à Ma­lásia e ao Cam­boja – países também afec­tados pelo au­mento das taxas al­fan­de­gá­rias norte-ame­ri­canas –, tem afir­mado rei­te­ra­da­mente que as «as guerras co­mer­ciais e ta­ri­fá­rias não pro­duzem ven­ce­dores» e de­fen­dido que «de­vemos sal­va­guardar de­ci­di­da­mente o sis­tema mul­ti­la­teral de co­mércio, as ca­deias in­dus­triais e de abas­te­ci­mento glo­bais es­tá­veis e um con­texto in­ter­na­ci­onal aberto e co­o­pe­ra­tivo».

A China e o Vi­et­name as­si­naram 45 do­cu­mentos de co­o­pe­ração bi­la­teral, abran­gendo áreas como a co­nec­ti­vi­dade, a in­te­li­gência ar­ti­fi­cial, o con­trolo al­fan­de­gário, o co­mércio de pro­dutos agrí­colas, a cul­tura e o des­porto, os meios de sub­sis­tência da po­pu­lação, o de­sen­vol­vi­mento de re­cursos hu­manos ou os meios de co­mu­ni­cação so­cial.

A vi­sita ao Vi­et­name coin­cide com o 75.º ani­ver­sário do es­ta­be­le­ci­mento das re­la­ções di­plo­má­ticas entre a China e o Vi­et­name, en­quanto países so­ci­a­listas vi­zi­nhos.

 



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