Notas para um “polígrafo” eleitoral

Carlos Gonçalves

Um verdadeiro “polígrafo” faz cá muita falta! Uma “maquineta” que, além de detector de mentiras infalível, imune a manipulações e simulacros, fosse incapaz de mistificar – com recurso a comandos e parâmetros de “análise” –, e rejeitasse preconceitos e falsificações para nos manipular com tolices, como acontece no famigerado jornal homónimo da SIC-Expresso.

Uma ferramenta assim, que mostrasse as mentiras, faria jeito aos jornalistas que ainda procuram cumprir princípios e normas de isenção no tratamento noticioso eleitoral. Estaríamos (jornalistas e “utentes”) um pouco mais defendidos da ditadura dos grupos económico-mediáticos, que visa tornar esta campanha em espectáculo, baderna (e trafulhice), para que nada se esclareça e tudo continue conforme os grandes interesses, para que medrem inverdades, sem espaço de esclarecimento ou alternativa expressa, se agrave o “pensamento único” e degrade a democracia.

Por exemplo, no caso da AD, seria útil para o País esclarecer, com verdade, a rede de negócios imobiliários nas instituições, ao serviço do capital financeiro, os milhares de milhões que canalizou dos bens, serviços e necessidades de todos (e em que agora querem incluir o armamento) para a grande burguesia, a especulação, a roleta bolsista, a acumulação de riqueza e o luxo.

No caso do PS, seria útil dizer, com verdade, da sua responsabilidade, mais a AD, no agravamento da situação do SNS e demais serviços públicos, no descambar das prestações e respostas sociais, nos salários e direitos dos trabalhadores, na produção nacional e no (des)investimento, para servir o projecto federalista da UE e acumular dividendos e lucros.

No caso do CH, seria útil desmistificar, com verdade, as muitas aldrabices, a xenofobia e a arruaça – mesmo “contra Cristo” – a incoerência, na corrupção, na ética, na segurança, nos direitos, e no apoio em dias ímpar às políticas de PSD/PS que “critica” em dias par, sempre para servir os mega-interesses e atacar a liberdade e o regime.

No caso da CDU, seria útil que um “polígrafo” a sério mostrasse, com verdade, a realidade, sem reescrita da história nem discurso de ódio, só isso!

Uma “maquineta” assim contribuiria para votações mais justas. Mas estará sempre nas nossas mãos esclarecer e afirmar a CDU.

 



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