Fascismo e Guerra, opções do capital monopolista
A derrota do nazi-fascismo foi um dos maiores feitos dos trabalhadores e dos povos e uma prova clara da força da sua luta, para o qual foi determinante o contributo heróicos da União Soviética e do seu Exército Vermelho, demonstrando a capacidade do socialismo.
A propaganda imperialista – bem ao estilo americano – procura apresentar o fascismo como um acaso histórico sem contexto social e económico e fruto das “personalidades lunáticas” de Hitler e Mussolini. Estas linhas de ofensiva ideológica, para além de serem cruciais para branquear as ameaças fascistas de hoje, têm como objectivo esconder a natureza de classe do fascismo, a ditadura terrorista dos monopólios.
Aquando da ascensão do fascismo em países como a Itália e a Alemanha, o capitalismo vivia uma crise sem precedentes, com a produção industrial planetária a cair em 40%, as bolsas 70% e o volume do comércio mundial 30%. Este mundo saído da I Guerra Mundial, em que as várias potências imperialistas se gladiaram em disputa de mercados, matéria-prima e colónias, viu ainda eclodir a Revolução de Outubro que, como raio de luz no horizonte dos trabalhadores e povos pelo mundo, era considerada a principal ameaça pelas classes dominantes.
Confrontados com o adensar da luta dos trabalhadores, a grande burguesia procurou formas de organização de Estado que correspondessem à violência necessária para travar os movimentos revolucionários. Aquilo que se omite hoje, quando no Parlamento Europeu se branqueia o fascismo, se banaliza os seus crimes e se condena os que o combateram, como os comunistas, é que o nazi-fascismo foi uma criação do sistema capitalista em crise, enquanto instrumento de dominação dos grandes monopolistas e latifundiários que, por exercício do terror e da guerra, procuravam impor o seu domínio de classe.
Se provas faltassem para demonstrar a natureza de classe dos regimes fascistas, bastaria lembrar os objectivos dos campos de concentração e extermínio onde milhões foram mortos a trabalhar em condições sub-humanas para servir os monopólios como a IGFarben – que integrava, por exemplo, a Bayer – a BMW, Volkswagen ou a Rheinmetall, produtora do armamento para os que combatiam os futuros libertadores destes mesmos campos.
Se o combate dos EUA, do Reino Unido e da França às potências do Eixo – Alemanha, Itália e Japão –, também indispensável para a derrota do nazi-fascismo, é apresentado como prova de uma separação entre estas potências e o fascismo, é importante lembrar que, por maiores que fossem as contradições e disputas entre o grande capital no plano internacional, a convergência de classe entre as diferentes burguesias teve também vários momentos em que se evidenciou, nomeadamente em torno dos objectivos de combater a URSS.
Se, por um lado, a URSS desenvolvia esforços diplomáticos visando um sistema de segurança colectivo face ao ascenço do fascismo e aos perigos que tal representava, as grandes potências capitalistas como a França ou a Inglaterra apostavam no compadrio com as potências fascistas, esperando que estas se virassem contra a URSS. Seja o Pacto de Concórdia e Cooperação, em Julho de 1933, ou a Conferência de Munique, em Setembro de 1938, o nazi-fascismo contou com o apoio e compadrio das grandes potências capitalistas. Como disse Norman Montagu, então governador do Banco de Inglaterra: «Hitler e Schacht são na Alemanha bastiões de civilização. (…) Defendem o nosso tipo de ordem social contra o comunismo.»
E foi assim que, escamoteando o apoio do grande capital monopolista e omitindo o compadrio das grandes potências capitalistas, a burguesia procurou e procura branquear a sua associação ao fascismo e que este é um seu instrumento de domínio.
Esqueceram-se que os comunistas e outros antifascistas, com o seu projecto emancipador e de progresso, juntamente com os trabalhadores e os povos, os lutadores pela paz de todo o mundo, com a sua resistência e acção comum, podem sempre travar e reverter a marcha perigosa de acontecimentos como o que representou a ameaça do nazi-fascismo para toda a Humanidade.