Muitos milhares no 1.º de Maio garantem intensificação da luta

A de­ter­mi­nação para pros­se­guir e in­ten­si­ficar a luta, pelo au­mento dos sa­lá­rios e pelas de­mais rei­vin­di­ca­ções co­lo­cadas pelos tra­ba­lha­dores e pelo mo­vi­mento sin­dical uni­tário, per­passou as in­ter­ven­ções de Tiago Oli­veira e ou­tros di­ri­gentes da CGTP-IN, ficou ins­crita na re­so­lução acla­mada na Ala­meda Dom Afonso Hen­ri­ques, evi­den­ciou-se nas faixas e car­tazes e soou bem alto, nas pa­la­vras de ordem, em Lisboa e em todos os dis­tritos e re­giões au­tó­nomas, nas co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores.

Os tra­ba­lha­dores são quem mais sofre com a po­lí­tica de pro­moção da guerra


As iniciativas, dinamizadas pelas estruturas distritais e regionais da CGTP-IN, envolvendo os sindicatos e contando com o apoio do movimento das comissões de trabalhadores, decorreram ao longo do dia. Atletismo e outros desportos, animação para crianças, música, petiscos e convívio, concentrações e manifestações contaram com a participação de muitos milhares de pessoas, que quiseram fazer do 1.º de Maio um dia de festa e de luta.

Em Lisboa, a ma­ni­fes­tação partiu do Martim Moniz e chegou à Ala­meda perto das 17 horas. O Se­cre­tário-Geral da CGTP-IN e ou­tros di­ri­gentes da con­fe­de­ração su­biram ao palco ins­ta­lado à frente da Fonte Lu­mi­nosa.

Pe­rante os mi­lhares de pes­soas, agru­padas no rel­vado e junto das bancas de comes-e-bebes e dos ba­zares, tomou a pa­lavra uma di­ri­gente da In­ter­jovem. Maria João Falcão falou sobre as con­di­ções de vida dos jo­vens tra­ba­lha­dores, lem­brou al­gumas exem­plos de lutas re­centes com re­sul­tados po­si­tivos e anun­ciou a de­cisão de re­a­lizar, de 1 a 7 de Junho, uma se­mana de agi­tação sin­dical junto da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora.

Tiago Oli­veira co­meçou por as­si­nalar que, nos 51 anos da Re­vo­lução, «o povo e os tra­ba­lha­dores saíram mais uma vez à rua, de­mons­trando que Abril con­tinua bem vivo e nos nossos co­ra­ções». Evocou ainda «os mas­sa­cres de Chi­cago que es­ti­veram na origem do 1.º de Maio, há 139 anos», sau­dando «os mi­lhões de tra­ba­lha­dores que, por todo o Mundo e em Por­tugal, saem à rua, exigem e con­quistam mais di­reitos e lutam por me­lhores con­di­ções de vida e de tra­balho».

Hoje, face a «tempos pe­ri­gosos», os tra­ba­lha­dores «são cha­mados a in­tervir». «Com todos os con­flitos em curso e com uma cada vez maior po­lí­tica de pro­moção da guerra e de cor­rida às armas, quem mais sofre e quem é a maior ví­tima deste rumo não são aqueles que o pro­movem, mas sim, o povo, os tra­ba­lha­dores», acen­tuou o Se­cre­tário-Geral da CGTP-IN.

Em Por­tugal, «o Go­verno da AD (PSD/​CDS), apoiado pelo CH e a IL e que contou com o PS para vi­a­bi­lizar o seu Pro­grama e o Or­ça­mento do Es­tado para 2025, apro­fundou a po­lí­tica de di­reita», razão por que «a vida dos tra­ba­lha­dores, dos jo­vens, dos re­for­mados e da po­pu­lação em geral está hoje mais di­fícil».

Por um lado, «o pa­tro­nato, apoiado nas op­ções po­lí­ticas ao ser­viço do ca­pital, apro­veita-se da si­tu­ação geral para atacar di­reitos e au­mentar a ex­plo­ração, pro­cu­rando levar mais longe o ob­jec­tivo de manter e per­pe­tuar os baixos sa­lá­rios e au­mentar os seus lu­cros». Ao longo de dé­cadas, «os su­ces­sivos go­vernos co­locam nas mãos dos pa­trões as fer­ra­mentas ne­ces­sá­rias para o au­mento da ex­plo­ração».

Em res­posta, a CGTP-IN con­ti­nuará a mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores para com­bater tais op­ções. Tiago Oli­veira disse como isso será feito: «Nas ruas, exi­gindo uma po­lí­tica di­fe­rente, que cumpra a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica, os di­reitos de quem tra­balha e que crie con­di­ções para um fu­turo me­lhor, mas também em cada em­presa e local de tra­balho, en­fren­tando o ca­pital, en­fren­tando quem, todos os dias, se tenta apro­priar da força de quem tra­balha».

O Se­cre­tário-Geral da CGTP-IN citou, va­lo­ri­zando, vá­rias lutas de tra­ba­lha­dores: nas Águas do Vi­meiro, na Airbus, na Carris, na PSG, na Pres­tibel, na VE­OLIA na ESIP, na Hanon, na Teijin, na Bar­bosa e Al­meida, na Vi­dralia, na Santos Ba­rosa, na Sch­mitt, na TKE, nas grandes su­per­fí­cies co­mer­ciais, no sector so­cial, nas te­le­co­mu­ni­ca­ções, e no sector pú­blico. In­dicou ainda as lutas já mar­cadas, para os pró­ximos dias, na Ca­belte, nas lojas e cen­tros de con­tacto da EDP, na Sumol+Compal, na CP, na Coca Cola, na Nobre, nos bares dos com­boios.

«É isto que nos de­fine, é isto que nos di­fe­rencia», su­bli­nhou o di­ri­gente, re­a­fir­mando que «as­su­mimos este papel de luta, de com­ba­ti­vi­dade, porque um mundo mais justo e so­li­dário é pos­sível, outro rumo para o País é pos­sível e por ele vamos lutar».

Também com o voto

Para a CGTP-IN, «é ur­gente uma po­lí­tica que im­ple­mente so­lu­ções para os pro­blemas, que afirme um novo mo­delo de de­sen­vol­vi­mento, so­be­rano, que pro­mova a pro­dução na­ci­onal, o au­mento geral e sig­ni­fi­ca­tivo de todos os sa­lá­rios e pen­sões, a ga­rantia e me­lhoria dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, um sis­tema fiscal mais justo e a de­fesa e re­forço do SNS, da Es­cola Pú­blica, da Se­gu­rança So­cial e, entre ou­tros, da ha­bi­tação».

No pre­sente con­texto po­lí­tico, Tiago Oli­veira frisou que «no dia 18 de Maio, é fun­da­mental re­a­firmar que a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores é cen­tral para o de­sen­vol­vi­mento do País», para «ga­rantir que na As­sem­bleia da Re­pú­blica es­tarão mais de­pu­tados com­pro­me­tidos com os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e com a de­fesa e me­lhoria de di­reitos, com os va­lores e con­quistas de Abril».

 

Es­cla­recer, mo­bi­lizar e lutar

A CGTP-IN sa­li­enta que «a mo­bi­li­zação e o es­cla­re­ci­mento dos tra­ba­lha­dores são fun­da­men­tais para a cons­trução de um novo rumo para o País». Na Re­so­lução deste 1.º de Maio, acla­mada na Ala­meda após a in­ter­venção de Tiago Oli­veira, re­corda-se que «foi com a luta que ga­ran­timos au­mentos de sa­lá­rios e di­reitos e que demos um con­tri­buto es­sen­cial para re­chaçar ata­ques a di­reitos fun­da­men­tais».

No fu­turo, «será com a luta que en­fren­ta­remos e der­ro­ta­remos novas ofen­sivas do ca­pital e a acção das forças e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios, «será com a con­ti­nu­ação e re­forço da luta que abri­remos ca­minho para a cons­trução de um País mais justo».

Para tal, «é ne­ces­sário in­ten­si­ficar a acção rei­vin­di­ca­tiva e a in­ter­venção nos lo­cais de tra­balho, pela va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, por uma efec­tiva e justa dis­tri­buição da ri­queza por eles pro­du­zida, com­pa­tível com a re­cu­pe­ração e me­lhoria do poder de compra dos sa­lá­rios e das pen­sões».

De igual forma, «é ur­gente a res­posta do pa­tro­nato e do Go­verno às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores», re­a­fir­madas na Re­so­lução: au­mento dos sa­lá­rios em, pelo menos, 15%, não in­fe­rior a 150 euros; va­lo­ri­zação das car­reiras e pro­fis­sões, sa­lário mí­nimo na­ci­onal de 1000 euros; re­po­sição do di­reito de con­tra­tação co­lec­tiva, com a re­vo­gação da ca­du­ci­dade e de­mais normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral; re­dução do ho­rário de tra­balho para 35 horas se­ma­nais; fim da des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, adap­ta­bi­li­dades, bancos de horas e todas as ten­ta­tivas de ge­ne­ra­lizar a la­bo­ração con­tínua e o tra­balho por turnos; com­bate à pre­ca­ri­e­dade, para que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um con­trato efec­tivo; au­mento sig­ni­fi­ca­tivo do valor das pen­sões de re­forma; ga­rantia de re­forma aos 65 anos e pos­si­bi­li­dade da sua an­te­ci­pação, sem pe­na­li­za­ções, com car­reiras con­tri­bu­tivas de 40 anos; re­forço do in­ves­ti­mento nos ser­viços pú­blicos, nas fun­ções so­ciais do Es­tado e na va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração pú­blica; ga­rantia do di­reito à ha­bi­tação; res­peito pela Cons­ti­tuição e ga­rantia do di­reito à Paz.

 

PCP con­fi­ante nesta força

«Aqui estão as exi­gên­cias a que é pre­ciso dar res­posta, mas também está aqui a força que in­tervém nas em­presas e nos lo­cais de tra­balho, nas co­mis­sões de utentes pela saúde, nas lutas pela exi­gência da ha­bi­tação», disse o Se­cre­tário-Geral do PCP. Em breves de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, du­rante a ma­ni­fes­tação do 1.º de Maio, em Lisboa, Paulo Rai­mundo sa­li­entou que essa força «está aqui, exi­gindo sa­lá­rios e di­reitos, contra a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, pela va­lo­ri­zação do tra­balho por turnos». «Isso tudo está aqui a ex­primir-se, com uma grande força, e dá-nos uma grande con­fi­ança, para a re­so­lução dos pro­blemas, para aquilo que im­porta, que é a vida das pes­soas».

Da de­le­gação do Par­tido fi­zeram ainda parte Fran­cisco Lopes, Mar­ga­rida Bo­telho e Fer­nanda Ma­teus (mem­bros dos or­ga­nismos exe­cu­tivos do Co­mité Cen­tral), An­tónio Fi­lipe e Carlos Cha­parro (mem­bros do CC), An­tónia Lopes (da Co­missão Cen­tral de Con­trolo, Fi­lipa Brás e Hum­berto Faísca (das di­rec­ções re­gi­o­nais de Lisboa e Se­túbal).

PEV pre­sente

Na ma­ni­fes­tação par­ti­cipou uma de­le­gação do Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes», cons­ti­tuída por Dulce Ar­ro­jado, Ma­nuela Cunha, Ma­riana Silva e Vítor Ca­vaco, mem­bros da Co­missão Exe­cu­tiva da Di­recção Na­ci­onal do PEV.

 

 

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