Quem trabalha tem direito a uma vida digna
No fim-de-semana em que, por todo o País, soou A Carvalhesa dos sistemas sonoros de largas dezenas de carros, a CDU afirmou as suas propostas para assegurar um País mais justo e uma vida melhor para quem cá vive e trabalha. Domingo, na Marcha do Trabalho que encheu de força e combatividade o núcleo urbano antigo do Seixal, reivindicou-se o aumento geral dos salários em 15 por cento, num mínimo de 150 euros para cada trabalhador.
No Seixal exigiu-se «igualdade no trabalho e na vida»
Esta terra de liberdade, com uma histórica participação na resistência ao fascismo, foi palco de importantes lutas por melhores condições de trabalho, direitos sociais e igualdade. Hoje, os problemas dos trabalhadores são outros, mas não menores, continuando a estar sujeitos ao empobrecimento por terem salários de miséria;a precariedade alastra; cresce o duplo emprego; praticam-se horários cada vez mais extensos e desregulados; abusa-se da laboração contínua, do trabalho nocturno, por turnos e ao fim-de-semana; condiciona-se direitos, designadamente de maternidade e paternidade ou de organização sindical.
Devido ao anúncio de condições climatéricas adversas, a Marcha arrancou junto ao Mercado Municipal, ao som de uma charanga com gaitas de foles e tambores, e terminou no salão dos Bombeiros Mistos do Seixal. Paulo Raimundo juntou-se a meio do percurso, na Rua da Liberdade, onde distribuiu cravos.
«O aumento do salário é justo e necessário», «Precariedade não; estabilidade sim» e «Pela paz, pelo pão e o direito à habitação», foram palavras de ordem entoadas durante o percurso. Em cartazes e pancartas – denunciando problemas nas empresas do distrito, como na Autoeuropa, no Grupo Motorpor ou na Hanon – deixavam-se outras mensagens, com os jovens trabalhadores [e foram muitos] presentes «Pelo direito a ter uma vida digna».
O trabalho no centro
Depois do desfile, as mais de 400 pessoas presentes encheram o salão. Após os músicos terem interpretado Grândola Vila Morena, cantada por todos, seguiram-se quatro testemunhos: Maria João Falcão falou sobre a precariedade laboral e na vida; Paulo Coelho deu conta da luta desenvolvida na multinacional Coca-Cola; Vera Rocha revelou que passados 30 anos a trabalhar como primeira escriturária, continua a receber o salário mínimo nacional; Anabela Rei reclamou o aumento dos salários na Administração Local.
Paulo Raimundo avançou com propostas concretas nesta área, desde logo o aumento dos salários: «Será que somos só nós que sentimos que o salário não chega ao final do mês; que vamos ao supermercado e sabemos que não se aguenta o preço dos alimentos; que enfrentamos o drama do acesso à habitação; que sentimos as dificuldades do dia-a-dia?». Esta realidade, assegurou, faz parte da vida da «maioria do nosso povo», que, nas próximas eleições tem a oportunidade de dar mais força à CDU para «reforçar a sua voz na Assembleia das República». Ao fazê-lo vai também eleger Heloísa Apolónia, terceira na lista da CDU, e contribuir para o regresso do Partido Ecologista «Os Verdes» no Parlamento.
Antes, Paula Santos, que volta a encabeçar a lista da Coligação PCP-PEV por Setúbal, criticou o facto de, naquele domingo, estarem fechadas três urgências de obstetrícia na região, estando a do Hospital de Setúbal aberta apenas para casos urgentes. Sobre o tema da iniciativa, referiu que «valorizar os trabalhadores é um dos eixos estratégicos do projecto da CDU» e um dos elementos centrais do seu Plano de Desenvolvimento Integrado do Distrito de Setúbal, que tem «enormes potencialidades e riquezas».
A CDU propõe:
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Aumento do salário mínimo para 1000 euros, em Julho
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Aumento de todos os salários em 15% (150 euros, no mínimo)
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Reduzir o horário de trabalho para 35 horas semanais e 7 horas diárias, sem perda de direitos