Trabalhadores comemoram primeiro de Maio com lutas
O 1.º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, foi assinalado em países de diferentes continentes com lutas a exigir melhores salários e reformas, a reivindicar mais direitos laborais, a condenar bloqueios e sanções, a protestar contra as guerras e a exigir a paz.
Melhores salários e reformas, direitos laborais, não aos bloqueios, não à guerra
Em Espanha, centenas de milhares de pessoas manifestaram-se com numerosas reivindicações, entre as quais a redução da jornada laboral, de 40 para 37,5 horas semanais. Convocadas pelas Comissões Operárias e pela União Geral de Trabalhadores, as mobilizações tiveram lugar nas principais cidades espanholas, onde se repudiou o aumento do orçamento de defesa para compra de armamento e se condenou o genocídio do povo palestiniano cometido por Israel.
Em França, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) estimou que 300 mil pessoas, 100 mil delas em Paris, participaram nas manifestações do 1.º de Maio, reclamando sobretudo melhores salários, reformas justas e paz. A CGT convocou desfiles e comícios em conjunto com os Solidários, a Federação Sindical Unitária e associações de jovens. Outras organizações promoveram actividades separadas.
Em Itália, os sindicatos convocaram greves e manifestações. A União Sindical de Base, a Confederação Geral Italiana do Trabalho e outros sindicatos convocaram manifestações em Roma e noutras cidades italianas, onde se rejeitou os baixos salários, a falta de segurança laboral, as privatizações e o aumento dos gastos militares à custa da redução de verbas para o sector social. A União Sindical Italiana convocou uma greve nacional.
Na Grécia, uma greve geral de 24 horas convocada para o 1.º de Maio deixou o país sem transportes públicos e com os portos bloqueados, em plena época turística. Os trabalhadores e seus sindicatos exigem aumentos salariais e melhores condições laborais. Em Atenas, milhares de pessoas manifestaram-se defronte do parlamento.
Mar de gente em Cuba
Na América Latina, destaque para Cuba, onde 600 mil pessoas desfilaram em Havana e mais de cinco milhões por toda a ilha, reafirmando o compromisso popular com a Revolução e o socialismo. Sob o lema «Por Cuba juntos criamos», realizaram-se concentrações e marchas em diversas cidades. Na capital, o Secretário-Geral da Central de Trabalhadores de Cuba, Ulises Guilarte, ratificou o compromisso com um futuro de paz, prosperidade e justiça. O dirigente sindical realçou que o mar de gente que inundou as praças de todo o país confirma a decisão do povo de resistir às investidas contra-revolucionárias e reafirmou a vontade de manter a unidade interna e a solidariedade com outros povos.
Na Venezuela, decorreram grandes desfiles em Caracas e noutras cidades, numa reafirmação do apoio dos trabalhadores à Revolução Bolivariana. Na véspera, o governo anunciou uma série de medidas em benefício da classe trabalhadora, cujo papel «tem sido um factor fundamental da resistência heróica e vitoriosa do povo venezuelano em todos estes anos de agressão, bloqueio, sanções».
Na Colômbia, integrantes de organizações operárias, estudantes, camponeses e indígenas protagonizaram nas principais praças do país desfiles e manifestações para comemorar o 1.º de Maio e apoiar as reformas promovidas pelo governo.
Na Argentina, dezenas de milhares de trabalhadores participaram, em Buenos Aires, apesar de um forte dispositivo repressivo, numa marcha de protesto contra as políticas antilaborais do governo de extrema-direita. A manifestação foi organizada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e CTA Autónoma, sob o lema «O trabalho é sagrado», frase atribuída ao papa Francisco.
No Brasil, o presidente Lula da Silva prometeu debater as exigências dos trabalhadores para pôr fim à jornada laboral do 6x1 (seis dias de trabalho e um dia de descanso), bem como a proposta das centrais sindicais de redução da jornada laboral semanal de 44 para 36 horas. Sobre o fim do modelo 6x1, Lula afirmou que é hora do Brasil dar esse passo, «para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores».
O 1.º de Maio foi comemorado também noutros países latino-americanos, como a Nicarágua (com contundentes críticas do presidente Daniel Ortega às expulsões de migrantes pelos EUA), as Honduras (com a presidente Xiomara Castro a defender «eleições gerais livres, justas, pacíficas e democráticas» em Novembro) e o México (com o anúncio, pela presidente Claudia Sheinbaum, da instauração gradual, até 2030, da semana laboral de 40 horas).
Solidariedade internacionalista
Na Índia, foram organizados no 1.º de Maio comícios em várias cidades. Na capital, Delhi, diferentes centrais sindicais promoveram uma manifestação na cidade velha. Houve muitas outras concentrações, como em Bangalore, coração da indústria de telecomunicações, ou em áreas rurais como Bihar, convocadas por sindicatos agrícolas, onde se ouviram vozes a rejeitar as políticas reaccionárias do governo central indiano e a saudar a solidariedade internacionalista.
Há notícia também de manifestações de trabalhadores, no 1.º de Maio, em outros países asiáticos, como Paquistão, Sri Lanka, Bangladesh, Nepal, Filipinas, Coreia do Sul, Japão ou Indonésia. Em todas elas foram exigidos melhores salários e reformas e respeito pelos direitos laborais e também se ouviram protestos contra a guerra das tarifas desencadeada pelos EUA, que pode provocar uma crise económica mundial com consequências no emprego.
Na China, o 1.º de Maio foi festejado com cinco dias feriados, proporcionando assim um período de descanso e, ao mesmo tempo, estimulando viagens, turismo e consumo interno. Em finais de Abril, em Pequim, foi prestada homenagem a trabalhadores exemplares e assinalado o centenário da fundação da Federação de Sindicatos de Toda a China. Na ocasião, o presidente Xi Jinping fez uma intervenção em que abordou o estatuto e o papel da classe operária e dos sindicatos no desenvolvimento do país e elogiou os êxitos do movimento operário chinês ao longo dos últimos 100 anos, sob a direcção do Partido Comunista da China.