Este é o tempo de cada um assumir o caminho de resistência e luta

Ao longo da passada semana, realizou-se um conjunto de comícios com a participação do Secretário-Geral, Paulo Raimundo, onde se juntaram muitos dos que contribuíram para a construção da campanha da CDU nas recentes eleições legislativas e que aqui se mantêm, firmes e confiantes, para as batalhas que aí vêm. Em Sintra, Baleizão, Almada e Vila Nova de Gaia foram milhares os comunistas e amigos do Partido que responderam à chamada e saíram à rua para dar força à alternativa política que tanto é necessária para o nosso País.

Não podem ser de regressos ao passado que se escrevem as páginas do futuro

Saídos de um exigente momento de eleições, onde o resultado da CDU é um importante sinal de resistência num contexto de grande ofensiva ideológica, voltaram-se a juntar aqueles que ergueram a campanha ao longo das últimas semanas. Os que, com a sua força e militância, foram ao contacto, colaram cartazes,planearam iniciativas e, conversa a conversa, voltaram a contrariaraqueles que vaticinaram o desaparecimento dos comunistas.

Nas diferentes intervenções que Paulo Raimundo realizou nestes comícios, voltou a ficar claro que no PCP não existe uma conversa durante a campanha e outra no seu seguimento. Com uma nova composição do Parlamento mais negativa, marcada pelo crescimento da AD, Chega e IL e indissociável da aposta do capital na promoção de valores reaccionários e fascizantes, os comunistas continuarão a fazer frente à política dos grandes interesses económicos, da guerra e das privatizações, colocando a vida de cada um e os problemas do dia-a-dia no centro da sua acção, garantiu.

Para o dirigente comunista, importa opor às antigas fórmulas que procuram colocar os trabalhadores e o povo a lutar entre si, uma política que sirva a maioria, que diga que a vida de cada um importa e seja comprometida com a construção de um caminho de ruptura com a privatização e destruição dos serviços públicos, assim comoda venda a retalho do País e sua soberania.

Num momento em que muita se fala de estabilidade, reafirmou-se que a única estabilidade que interessa é aquela na vida de quem cá vive e trabalha. Estabilidade que estará mais longe de ser alcançada num quadro institucional mais favorável à intensificação da política neoliberal e de ataque aos direitos, com o aprofundamento da política de direita.

A compreensão deste cenário não pode levar, no entanto, à adopção de posturas conformistas, imobilistas e, muito menos, de entendimentos com a direita e suas concepções retrógradas. São muitos daqueles que deram o seu voto às forças reaccionárias que também irão sofrer com os efeitos das suas políticas, seja na procura dos desmantelamentos do SNS e da Escola Pública, seja com os ataques aos salários e pensões. É também com eles, acrescentou, que se exige que se vá ao contacto, compreendendo as causas que levaram a essa sua decisão e, sem deixar ninguém para trás, afirmar o rumo alternativo que importa construir e que somente se tornará realidade com o continuado engrossar das fileiras daqueles que o procuram seguir.

Tomamos a iniciativa

Perante os muitos camaradas presentes, Paulo Raimundo assinalou que estas iniciativas, mais do que comícios, eram fortes demonstrações de determinação e confiança, assim como de disponibilidade para o combate a travar. Com a coragem de sempre, todos os democratas e patriotas estão convocados para uma batalha que opõe os que nos querem levar para a loucura da guerra e ficam calados perante o genocídio do povo palestiniano, que querem um País submisso à UE, à NATO e aos EUA e que desejam um ajuste de contas com Abril, àqueles que dizem que, pelo contrário, aquilo que faz falta é o retomar desse mesmo caminho de Abril, desde já com o cumprimento real da Constituição, assim como uma política de cooperação e amizade, que valorize e respeite a soberania dos povos e aposte verdadeiramente em Portugal, nas suas capacidades produtivas e nas gentes que aqui vivem e trabalham. Combate que encontrará já uma importante expressão na apresentação da moção de rejeição ao programa do governo por parte do PCP, afirmando que é este o momento para clarificar quem apoia esta política, quem é conivente e aqueles que se opõem.

Todos não somos demais para um combate que se trava em condições cada vez mais duras e antagónicas às soluções que a realidade exige, garantiu o Secretário-Geral, sublinhando que está nas mãos de cada um dar o seu contributo em defesa dos direitos, da democracia e da Paz, chamando cada vez mais pessoas para assumirem esta resistência e luta contra os retrocessos que nos procuram impor.

Aquilo que é preciso, realçou, é tomar a iniciativa. Tomar a iniciativa nas escolas, nos bairros e nos locais de trabalho; tomar a iniciativa na dinamização da luta em torno dos problemas concretos sentidos na vida de cada um; tomar a iniciativa na afirmação e alargamento do projecto autárquico da CDU; tomar a iniciativa na construção de mais uma grande edição da Festa do Avante!; tomar a iniciativa na dinamização da acção “Mais salários e pensões, para uma vida melhor”, que conta já com mais de cem mil assinaturas. «Tomamos a iniciativa pois sabemos o quadro em que intervimos, conhecemos bem a vida daqueles que chegam sempre ao final do salário antes de chegarem ao final do mês. Afirmamos a política patriótica e de esquerda que se exige pois não podem ser de regressos ao passado que se escrevem as páginas do futuro».

O Secretário-Geral aproveitou ainda para saudar aqueles que, nos dias a seguir às eleições, manifestaram o seu interesse em juntar-se ao PCP, sendo já muitos os que querem juntar a sua voz à voz da alternativa e assim contribuir para um PCP mais forte e com mais capacidade de intervenção. Perante uma situação em que a humanidade está confrontada com o aprofundar das contradições da crise do capitalismo, o avançar da guerra, a predação do ambiente e o agravar da exploração, o PCP é a força que afirma o caminho do ideal comunista e a construção de uma sociedade nova de Paz, liberdade e democracia sustentada pela força daqueles que cá andam todos os dias, na luta contras as injustiças.

Defender a cultura

No combate às concepções reaccionárias e antidemocráticas, cuja proliferação contribui para edificar um quadro cultural de divisão, individualismo e ódio, é determinante a valorização da cultura do nosso País, assim como dos trabalhadores da área. Combater o obscurantismo e enaltecer as dimensões humanistas e progressistas da cultura nacional faz-se também na promoção de momentos culturais como os destes comícios. Em Almada, Luísa Basto (acompanhada, ao piano, por Nuno Tavares) cantou temas como «Assim como quem nasce» ou «Cantar Alentejano», num momento marcado pelo lançamentos de cravos a partir duma varanda após a actuação. Em Gaia, ouviu-se «Música com Paredes de Vidro» a interpretar hinos como «L’Appel du Komintern» e o «Hino de Caxias». Em Sintra, Rui Mário declamou poemas de Maria Almeida Medina, Pablo Neruda, José Gomes Ferreira, Vinicius de Moraes e Ary dos Santos, tendo terminado com uma emocionada versão do poema «A Bandeira Comunista» acompanhado por centenas de camaradas no pavilhão que entusiasticamente se juntaram nos versos finais.

 

Contra o golpe à Constituição

Em Almada, Paulo Raimundo denunciou a tentativa de golpe, da parte de PSD, CDS, CH e IL, na suas intenções de rever a Constituição. «Aquilo que o nosso povo precisa não é de golpes», considerou, avançando que o que os portugueses precisam «é que cada artigo do texto constitucional tenha tradução na vida de cada um».
Para tal, o dirigente comunista destacou a necessidade do cumprimento de importantes direitos previstos na Constituição de Abril, como os direitos dos trabalhadores, o acesso à educação, a subordinação do poder económico ao poder político, o direito à habitação, o acesso à saúde ou os direitos de pais, mães e crianças.
Estes direitos, no entanto, sublinhou, para serem concretizados, necessitam de uma alternativa às forças cujo único interesse é assaltar a Segurança Social, agravar a legislação laboral ou avançar nas privatizações. Por isso, referiu, o que «precisamos de rever […] é a política anticonstitucional que está em curso e os seus protagonistas».

No final da sua intervenção o Secretário-Geral recordou as palavras de Álvaro Cunhal num comício histórico do Partido e que, ainda que num contexto diferente, ainda se aplicam: «perante a ofensiva da direita, da nossa parte, ninguém arreda pé».

 

Dar resposta aos problemas

Alfredo Maia, em Gaia, recordou alguns dos problemas do distrito, «o único onde a profundíssima injustiça das portagens se mantém em todas as ex-SCUT (A4, A28, A29, A41 e A42), graças a PS, PSD, CDS, IL e CH».
«Mas pior», acrescentou, «conspiram todos para introduzir portagens na VCI, sob o falso pretexto de combater a sua utilização por veículos pesados de mercadorias».
Na Póvoa de Varzim, Paredes, Gaia, Maia e Penafiel, frisou, «temos relatos de quem despende mais de cinco por cento do salário com portagens para trabalhar».
Por seu lado, João Frazão, da Comissão Política, em Almada, lembrou que foi o PCP, antes e depois das eleições, que esteve junto dos trabalhadores, solidarizando-se com as suas lutas. Assim foi na Autoeuropa, SGL e Teijin.
O dirigente lembrou as muitas necessidades da região, a que o Partido tenta dar resposta, como a construção do Hospital do Seixal, da ponte Barreiro-Seixal e da terceira travessia sobre o Tejo.

Já em Lisboa, Miguel Soares destacou a luta das populações «contra as PPP nos hospitais Amadora-Sintra, Beatriz Ângelo e de Vila Franca», considerando este modelo um «desastre». O dirigente recordou, igualmente, a luta por melhores condições nas linhas ferroviárias de Sintra, Cascais e Oeste.

 

Juventude está com Abril

Em Almada, Catarina Menor, da Comissão Política da JCP, destacou que o Partido é «a força que não desiste perante vaticínios», e que continua a estar ao lado dos jovens, dos trabalhadores e do povo.
«Importa não baixar os braços», sublinhou, apontando como tarefa prioritária «ir mais longe», e afirmando que «está nas [mãos dos jovens] agir e tomar a dianteira pelos [seus] direitos».
«Somos a juventude de Abril, mais prontos do que nunca para cortar o passo à direita», frisou.
Já em Gaia, Joana Machado destacou a alegria e confiança reflectida na participação da juventude na campanha na região, lembrando os mais de 500 jovens que apoiaram as propostas da CDU, em torno dos seus problemas concretos,
A dirigente regional da JCP recordou algumas das exigências da juventude do distrito, como a necessidade urgente de obras na Escola Secundária de Oliveira do Douro, melhores transportes públicos em Gaia ou a gratuitidade dos materiais obrigatórios na Escola Artística Soares dos Reis.
A jovem garantiu que, desde a noite eleitoral, a JCP já recebeu 20 pedidos de inscrição na região.

 

Interessa a estabilidade da vida das pessoas

«O confronto é evidente, os interesses são antagónicos», afirmou, em Gaia, Paulo Raimundo, expondo a política de direita que PSD, CDS, IL e Chega – com a conivência de outros – continuarão a tentar levar por diante nos próximos tempos.

Já para o PCP, é claro que «rejeitamos essas políticas e opções, está claro de que lado estamos» e, «para quem afirma que é cedo para avançar com uma rejeição ao programa do Governo», a resposta é firme: «sabemos bem o que aí está e aí vem. Agora é o momento de clarificar os que apoiam, os que são coniventes e os que se opõem à política em curso e à agenda em preparação».

«É agora que é preciso optar», insistiu, «entre o sim e o não ao desmantelamento do SNS, ao assalto à Segurança Social, a mais precariedade e alterações às leis laborais, ao caminho das privatizações». E é preciso «optar agora e não depois do mal estar feito», salientou.

Com o PCP «não vale a pena a conversa da estabilidade e da governabilidade», são «tretas e tangas», pois «não há estabilidade com a instabilidade da vida das pessoas». Os únicos que se vão governar à grande, afirmou, «são os grupos económicos, não é o nosso povo, os trabalhadores e os jovens». «Que se lixe a estabilidade dos grupos económicos, nós precisamos é da governabilidade da vida das pessoas. O resto não nos interessa nada», afirmou por fim.

 

Partido prepara batalha autárquica com compromisso de sempre

«A CDU mede-se por estar onde os outros se escondem. Lá onde está a dor, a injustiça e a ausência de resposta», afirmou, no comício em Vila Nova de Gaia, André Araújo, candidato à presidência da Câmara Municipal, para quem, «ao teu lado, do teu lado», não é «frase de comício», mas sim «verdade concreta e prática militante». É com esse compromisso que a CDU continua a sua acção, «já com os olhos postos nas próximas batalhas, incluindo a frente autárquica».

Em Gaia, é o regresso da CDU à vereação que está em jogo, num município que «não precisa de fantasmas, fantoches ou herdeiros» da política praticada pelo anterior executivo. «Não precisa», insistiu, de «voltar para trás, nem de insistir num rumo de apatia e vista grossa aos problemas das suas gentes», mas sim de «gente séria e honesta, do reforço da CDU».

O comício de Almada contou, igualmente, com a intervenção do candidato à presidência do Município, Luís Palma, que apresentou, recordando que o PCP «é feito de gente que não se resigna perante as dificuldades». Já no comício de Sintra estiveram presentes Pedro Ventura e Ana Maria Alves, candidatos, respectivamente, à CM e AM de Sintra.

 



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