Rússia e Ucrânia continuam conversações

Delegações da Rússia e da Ucrânia realizaram uma segunda ronda de conversações, no dia 2, em Istambul. Apresentaram as suas propostas, acordaram nova troca de prisioneiros e anunciaram uma terceira ronda de consultas.

A Rússia está «satisfeita» com os resultados da segunda ronda de conversações directas com a Ucrânia

A Rússia está «satisfeita» com os resultados da segunda ronda de conversações directas com a Ucrânia, declarou Vladimir Medinski, assessor do Kremlin e chefe da delegação russa. Falando após as conversações realizadas em Istambul, Medinski anunciou que as duas partes acordaram um intercâmbio de soldados feridos graves e de jovens militares (com menos de 25 anos), no formato «todos por todos». Prevê-se que possam ser trocadas pelo menos mil pessoas de cada lado, no que qualificou como um «gesto humanitário». Revelou ainda que Moscovo entregará a Kiev, de maneira unilateral, seis mil corpos de militares ucranianos.

Medinski informou também que a Rússia apresentou à delegação ucraniana, durante as conversações, um memorando constituído por três partes «I. Parâmetros principais de uma resolução final», «II. Condições para o cessar-fogo» e «III. Sequência de passos e prazos da sua realizaçao». A primeira aborda, do ponto de vista russo, como conseguir «uma paz real a longo prazo». A segunda trata dos passos a dar para «fazer que um cessar-fogo seja possível». E a terceira, como o titulo refere, trata dos passos e prazos para a sua concretização.

Do seu lado, o chefe da delegação da Ucrânia, Rustem Umérov, ministro da Defesa, anunciou que Kiev propôs a Moscovo organizar uma próxima ronda de negociações, entre 20 e 30 de Junho. Umérov comunicou que a Ucrânia estudará no prazo de uma semana o memorando sobre a solução do conflito apresentado pela delegação russa.

A parte ucraniana entregou à parte russa uma lista de nomes de menores de idade que diz se encontrarem na Rússia. Moscovo afirma que não tem à sua guarda crianças «deportadas», mas apenas crianças que foram retiradas da zona de combates para sua protecção e que continuará a entregar os menores às respectivas famílias ou aos seus representantes legais, aliás, como se tem vindo a verificar.

Condições russas

Entretanto foram divulgados em diversos órgãos de comunicação social os pontos do memorando entregue pela delegação russa à representação ucraniana, na segunda ronda de conversações directas, em que figuram o reconhecimento jurídico da integração na Rússia da Crimeia, de Lugansk, de Donetsk e das regiões de Zaporizhya e de Kherson, assim como a proclamação da neutralidade da Ucrânia e a sua não inserção em alianças militares.

Entre outros aspectos, o documento aborda questões como a proibição das actividades militares de outros países na Ucrânia; o estatuto não nuclear da Ucrânia; o estabelecimento de um número máximo de membros das forças armadas da Ucrânia; ou o levantamento das sanções económicas impostas contra a Rússia. Também refere a garantia dos direitos e liberdades da população de fala russa e a proibição da glorificação do nazismo.

O memorando elenca o restabelecimento gradual das relações diplomáticas e económicas com a Ucrânia; a renúncia mútua a reclamações por danos causados por operações militares; ou a necessidade de promover a reunificação das famílias e das pessoas deslocadas.

Moscovo propôs duas opções para um cessar-fogo: uma que incluiria o início da retirada completa das tropas ucranianas das regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporizhya e Kherson; outra que implicaria medidas como a desmobilização das forças armadas da Ucrânia, a exclusão da presença militar de países terceiros, o fim da ajuda militar estrangeira a Kiev ou o fim de acções de sabotagem contra a Rússia, a «amnistia mútua de presos políticos» e a libertação de civis detidos e o levantamento da lei marcial.

 



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