Fora de controlo
A duplicidade das potências imperialistas é gritante
O ataque israelita ao Irão confirma o que já se sabia. Israel é o maior agente de guerra no Médio Oriente; é uma ameaça para a paz, não só regional, mas mundial; viola sistematicamente a legalidade internacional; comete bárbaros crimes com total impunidade; mente em permanência. A natureza de Israel, após mais de 20 meses de genocídio do povo palestiniano, está para além de qualquer dúvida racional. Mas é preciso sublinhar que o que se passa hoje no Médio Oriente ultrapassa em muito Israel. Os crimes e a impunidade de Israel não são de hoje, mas marcam toda a sua existência. Espelham a sua íntima ligação ao imperialismo. Israel é um posto avançado dos EUA e potências europeias naquilo que é a mais rica região do planeta em recursos energéticos. Na barbárie genocida de Israel vê-se a verdadeira essência das potências da NATO que, mais uma vez, cerraram fileiras em defesa do agressor israelita.
Há anos que Israel – e o seu primeiro-ministro fascista Netanyahu em particular – clama que o Irão está à beira de ter armas nucleares. Mas o único país da região com armas nucleares é Israel. E, ao contrário do Irão, Israel nunca ratificou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT), nem aceita inspecções do seu programa nuclear, que não é apenas civil, mas também militar. O Irão, que sempre afirmou não pretender ter armas nucleares, assinou em 2015 o acordo conhecido em inglês pela sigla JCPOA, com as principais potências mundiais. Aceitou as inspecções da AIEA, que confirmou o seu cumprimento do acordo. Mas quando chegou a vez de levantar as sanções ao Irão, como previsto, os EUA rasgaram o acordo. Foi Trump, em 2018, mas Biden assim o manteve. De forma dúplice, a Inglaterra, França e Alemanha exigiram que o Irão continuasse a cumprir o acordo, mesmo sem os EUA. O Irão aceitou. Agora, quando estavam em curso negociações, e escassas horas após Trump afirmar que se estava muito perto dum novo acordo, Israel ataca. Matando, entre outros, o chefe da missão de negociadores do Irão (latintimes.com, 13.6.25). E as potências imperialistas, coniventes com a agressão militar israelita que nunca condenaram, rapidamente ameaçaram o Irão em caso de represálias, que são legais ao abrigo do direito internacional. Estão a participar em acções militares ao lado de Israel. É evidente que as negociações foram em má-fé e que as inspecções da AEIA e do seu cada vez mais desacreditado presidente Grossi serviram apenas para recolher no terreno as informações necessárias ao ataque.
A duplicidade das potências imperialistas é gritante. Mas não é novidade. É assim há 20 meses de genocídio em Gaza. É assim há muitas décadas de ocupação da Palestina. Foi assim com os acordos de Minsk sobre a Ucrânia. Para as potências imperialistas, os acordos servem apenas para exigir concessões enquanto preparam os próximos ataques.
Dizer que Israel está fora de controlo é verdade. Mas é todo o imperialismo decadente que está a conduzir a Humanidade para o precipício, escalando a guerra em toda a parte. Num declínio cada vez mais evidente, as potências imperialistas (EUA, Inglaterra, França e Alemanha à cabeça) recusam aceitar ser apenas países iguais a outros. Para o “partido da guerra” no seio do imperialismo, parece que mais vale conduzir a Humanidade à destruição, do que aceitar o fim da sua hegemonia mundial. Terão de ser os povos a acordar para a ameaça que enfrentam, antes que seja tarde.