Israel e EUA atacam Irão e escalam guerra no Médio Oriente

Um possível cessar-fogo entre Irão e Israel estava a ser discutido, na noite de 23, com a intermediação dos EUA. À hora do fecho desta edição, os ataques prosseguiam: Teerão e Telavive ainda não tinham confirmado o cessar das hostilidades.

Os EUA agiram em coordenação com Israel, acusa o Irão

Lusa


Meios de informação do Irão noticiaram, na noite de 23, a entrada em vigor de um cessar-fogo com Israel e tanto Telavive como Teerão declararam, na manhã seguinte, que o mesmo entraria em vigor «quando todas as partes o respeitarem». Na manhã de terça-feira, entretanto, ainda se registavam bombardeamentos.

Depois de Israel ter iniciado, no dia 13, uma série de ataques contra alvos civis, militares, científicos e económicos do Irão, os EUA resolveram escalar ainda mais o conflito, bombardeando no dia 22 três instalações nucleares iranianas (em Natanz, Fordow e Isfahan). O Irão assegura que os EUA actuam «em plena coordenação» com Israel. A guerra foi iniciada por Israel (a única potência nuclear da região) quando decorriam conversações entre o Irão e os EUA sobre o programa iraniano, usando precisamente como pretexto a eventualidade do Irão poder vir a curto prazo a possuir bombas atómicas – o que não só não corresponde à verdade como tem vindo a ser brandido desde há anos.

Teerão reiterou o carácter pacífico do seu programa nuclear e advertiu que responderia à agressão: no dia 23, lançou um ataque de mísseis contra a base militar norte-americana de Al-Udeid, no Qatar. Quartel-general da força aérea norte-americana no Médio Oriente, a base de Al-Udeid alberga 10 mil soldados norte-americanos, mas não se registaram mortos ou feridos.

Condenações

O ataque dos EUA contra o Irão foi condenado com veemência pela Rússia, que o considerou uma decisão irresponsável que viola gravemente a Carta da ONU. «A Rússia condena energicamente os ataques perpetrados pelos EUA na madrugada de 22 de Junho contra uma série de instalações nucleares no Irão, levados a cabo após os ataques israelitas contra a nação islâmica», lê-se num comunicado divulgado em Moscovo.

A China expressou também a sua forte condenação aos ataques dos EUA contra o Irão, com ênfase no bombardeamento de instalações nucleares que se encontram sob a salvaguarda da Agência Internacional de Energia Atómica.

O Tudeh (Partido do Povo do Irão) e o Partido Comunista de Israel (PCI) emitiram uma declaração conjunta condenando a contínua agressão israelita no Médio Oriente e seu mais recente ataque contra o Irão, que constitui uma violação directa do direito internacional. O objectivo de Israel, com apoio dos EUA, do Reino Unido e de aliados na União Europeia, «é redesenhar o mapa do Médio Oriente em consonância com os interesses estratégicos do imperialismo norte-americano», acusam.

Também o Partido Comunista dos EUA repudiou os ataques, denunciando os seus verdadeiros objectivos: «apoiar as campanhas militares do regime de Netanyahu, a começar pelo genocídio de Gaza, e, por outro lado, uma mudança de regime» no Irão. Refere ainda a intenção dos EUA de afastarem o Irão do processo dos BRICS e da iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota.

Entre apelos à “contenção”, NATO e UE apoiaram os ataques norte-americanos .

 

Lusa

PCP condena agressão norte-americana ao Irão

O PCP condenou a agressão dos EUA contra o Irão, na sequência do apoio que asseguraram aos ataques iniciados por Israel a 13 de Junho, em clara violação dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. Estes ataques, salienta, ocorreram no momento em que estavam em curso «negociações indirectas entre o Irão e os EUA relativamente ao acordo sobre o programa nuclear iraniano, que as autoridades iranianas reafirmam prosseguir fins pacíficos. Acordo assinado em 2015 e que os EUA unilateralmente abandonaram em 2018, para tentar impor ao Irão as suas condições de domínio».

Uma declaração de João Frazão, da Comissão Política do Comité Central, no dia 22, o Partido salienta que Israel é o único país detentor de armas nucleares no Médio Oriente e que se recusa a ratificar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e a aceitar as inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica, ao contrário do que se verifica com o Irão. Recordando as décadas de violações do direito internacional, de ingerência, de desestabilização e de guerra por parte dos EUA, de Israel, da NATO e de potências da UE na região – Palestina, Líbano, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iémen, Sudão e agora o Irão –, o PCP «responsabiliza o imperialismo norte-americano e os seus aliados pelo sério agravamento da situação no Médio Oriente, desde logo pelo genocídio do povo palestiniano por parte de Israel e pelas consequências desta nova agressão».

A agressão ao Irão, acrescenta, insere-se no propósito mais vasto dos EUA e das outras potências imperialistas reunidas no G7 de «tentarem, pela via da força e da violência, impor o seu domínio hegemónico no plano mundial».

e não quer o País envolvido

Denunciada foi também a utilização de território português, nomeadamente a Base das Lajes, nos Açores, para a escalada de agressão contra o Irão. Em nota de imprensa, no dia 21, os comunistas afirmam que as notícias sobre a presença de aviões das forças armadas norte-americanas na Terceira, exigem «um pronto e urgente esclarecimento por parte do Governo PSD/CDS».

Lembrando que a Base das Lajes tem funcionado como um autêntico «porta-aviões» a meio do Atlântico para as acções belicistas dos EUA – nomeadamente na Guerra do Golfo (1990), na invasão do Afeganistão (2001) ou na invasão do Iraque (2003) –, o PCP «reafirma a sua oposição à existência de bases militares estrangeiras em Portugal e à utilização de território português para acções de ingerência e agressão contra outros povos».

O PCP considera da maior gravidade que o governo, em lugar de pugnar por uma política de paz e de solução política dos conflitos, de acordo com a Constituição da República Portuguesa, se alinhe com as forças do militarismo e da guerra. Na já referida declaração de João Frazão, reafirmou-se a convicção de que «o não distanciamento e condenação por parte do Governo português, além de contrariar os princípios da Constituição da República Portuguesa, representa um acto de conivência com esta criminosa política belicista que constitui uma clara afronta ao direito internacional».

Também Paulo Raimundo se referiu a esta questão. No dia 20, em Coimbra, reafirmou que «não permitiremos, não autorizamos, que o território nacional seja usado, mais uma vez, para ser uma plataforma para acentuar um conflito que está em curso no Médio Oriente».

 

 



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