A resistência da Venezuela é essencial para os povos
Cristina Cardoso, membro do Comité Central e da Secção Internacional do PCP, esteve na Venezuela a acompanhar as eleições regionais e legislativas realizadas naquele país no final de Maio. Ao Avante!, contou as suas impressões.
Nas vésperas das eleições, foi desmantelada mais uma tentativa de golpe
Em que contexto ocorreu a tua viagem à Venezuela?
Tive a oportunidade de me deslocar à Venezuela a convite do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), dirigido ao PCP, para acompanhar as eleições regionais e legislativas que se realizaram no passado dia 25 de Maio. Como eu, mais de três centenas de acompanhantes de partidos políticos e organizações sociais, de 53 países, tiveram a oportunidade de conhecer melhor o sistema eleitoral venezuelano e assistir ao acto eleitoral por todo o país.
Nas vésperas das eleições fomos convidados a participar num fórum internacional “Venezuela vota pela Paz e contra o fascismo”, com a participação de Ivan Gil, ministro das Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela, e de Rander Peña, vice-presidente dos assuntos internacionais do PSUV, que salientaram a luta do povo bolivariano para desmontar a violenta acção e campanha de desinformação e manipulação da extrema-direita golpista, apoiada pelos EUA, após as eleições presidenciais realizadas em Julho de 2024.
Foi mais uma tentativa de golpe que foi derrotada, mas as forças golpistas continuam a procurar fomentar a desestabilização e a apelar à ingerência do imperialismo norte-americano na Venezuela. Poucos dias antes das eleições, as autoridades venezuelanas tinham desmantelado uma rede terrorista que tinha planos para sabotar as eleições, dirigidos por Maria Corina Machado e financiados no exterior pelo narcotráfico.
Como decorreram as eleições?
Mesmo com as ameaças de violência e o boicote da extrema-direita golpista, no dia das eleições pudemos observar um ambiente calmo na cidade de Caracas e os centros de votação a funcionar com tranquilidade. O povo bolivariano mobilizou-se para eleger os 285 deputados, 24 governadores e 260 membros dos Conselhos Legislativos estaduais, dando uma expressiva vitória às forças que compõem o Grande Pólo Patriótico Simón Bolivar e confirmando assim o apoio popular à Revolução Bolivariana.
O que pudeste observar da situação económica e social do país?
Apesar de só termos tido oportunidade de nos focarmos nas eleições que estavam a ocorrer, as forças revolucionárias e progressistas da Venezuela não escondem a difícil tarefa que é levar a revolução bolivariana em frente no contexto actual. As medidas coercivas impostas pelos EUA, como o bloqueio económico e financeiro ou o roubo de milhares de milhões de activos da Venezuela pelos EUA e noutros países – incluindo em Portugal –, levou à degradação das condições de vida do povo venezuelano. A actual administração norte-americana já se demonstrou empenhada em aprofundar estas medidas, nomeadamente com a aplicação de tarifas adicionais de 25% impostas a países ou entidades que compram gás ou petróleo à Venezuela. E a UE, como boa acólita dos EUA, incluiu recentemente a Venezuela numa lista de países de “alto risco” de branqueamento de capitais de forma a poder impor restrições a transacções financeiras.
Que tarefas coloca esta situação a quem defende a soberania da Venezuela?
Isto exige a firme denúncia e condenação da política de ingerência dos EUA e da UE e uma ainda maior expressão da solidariedade com a Venezuela Bolivariana, do direito do seu povo a decidir livremente o seu próprio destino, em defesa da paz, da soberania e progresso social. A resistência da Venezuela torna-se ainda mais importante para os povos do mundo e, em particular, para a América Latina, neste contexto internacional em que o imperialismo norte-americano procura, à força, manter a sua hegemonia, empurrando o mundo para a catástrofe.