A acção do imperialismo e a luta dos povos
“assume a maior importância a convergência entre os países – muito diferenciados entre si – que são alvo da acção e dos intentos do imperialismo”
Os acontecimentos que têm lugar no plano internacional estão a mostrar como o imperialismo norte-americano tudo faz para retomar a iniciativa, tentando contrariar as tendências que têm caracterizado a recente evolução da situação mundial.
Assume particular significado que os primeiros a se submeter e a alinhar com os esforços encetados pelos EUA para impor a prevalência dos seus interesses sobre todos os demais sejam, precisamente, as restantes potências imperialistas reunidas no denominado G7 – Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão.
Tal realidade já tinha ficado vergonhosamente patente na recente Cimeira da NATO, realizada em Haia, onde a generalidade dos governos dos países que integram este bloco político-militar aceitaram, subserviente e empenhadamente, cumprir o ditame norte-americano de aumento exponencial das despesas militares, comprando, no essencial, armamento aos EUA – situação sintetizada nas humilhantes palavras dirigidas a Trump por Rutte, Secretário-geral da NATO.
Subordinação e alinhamento com o imperialismo norte-americano que são evidentes na cumplicidade e apoio ao genocídio do povo palestiniano levado a cabo por Israel, assim como noutros conflitos no mundo.
No entanto, ela é de novo exposta na forma como o Reino Unido, o Japão e, agora a União Europeia, cedem às pressões da Administração Trump para redefinir as suas relações comerciais e assumir compromissos de fluxos de investimento em termos muito mais favoráveis aos EUA, para gáudio dos seus grupos económicos e financeiros.
Tanto assim é que, no agora anunciado acordo entre os EUA e a UE, os termos são tão desequilibrados que diversos responsáveis governamentais de países que integram a UE rapidamente procuraram desresponsabilizar-se, colocando o ónus do acordo e das suas negativas consequências na abominável von der Leyen – a quem coube protagonizar o papel que Rutte havia desempenhado um mês antes.
As classes dominantes das grandes potências imperialistas, no contexto da crise estrutural do capitalismo e apesar de contradições entre si, claudicam perante os ditames do imperialismo norte-americano, sabendo que sem este não serão capazes de fazer frente ao desafio que representa a afirmação da soberania, do direito ao desenvolvimento e da dinamização de relações entre diversos países não subordinadas ao imperialismo e às suas imposições de domínio económico, político e ideológico – processo onde a China tem vindo a assumir um papel fundamental.
A concertação de classe entre as potências imperialistas, mesmo que subordinando-se à hegemonia de uma delas, sobrepõe-se, de momento, às suas rivalidades, aos seus interesses contraditórios.
Em sentido inverso, assume a maior importância a convergência entre os países – muito diferenciados entre si – que são alvo da acção e dos intentos do imperialismo. É na convergência, articulação e cooperação entre estes países que reside um dos mais importantes factores para fazer face ao imperialismo norte-americano e aos seus subordinados, com os seus ditames, as suas chantagens, as suas ingerências, as suas sanções e bloqueios, as suas agressões, a sua brutal e criminosa violência.
Ou seja, se o imperialismo procura impor o isolamento político e económico de países para poder prosseguir, sob velhas e novas formas, a exploração, o saque, o domínio neocolonial, é na convergência entre estes países que se encontra um dos seus esteios de resistência.
A evolução da situação mostra que se reafirma a necessidade, a exigência, a aspiração a um mundo livre de relações desiguais, de uma nova ordem internacional mais equitativa, baseada na igualdade soberana dos Estados, no direito ao desenvolvimento, na cooperação mutuamente vantajosa.
Ao contrário do que o imperialismo procura evitar a todo o custo, a realidade mostra que o futuro da Humanidade passa necessariamente pelo fim da condenação à dependência económica, à pilhagem de recursos, ao subdesenvolvimento, à pobreza.
Um processo cujo sentido da evolução é inseparável da luta pela paz e contra a guerra, da aproximação e articulação entre os que resistem ao imperialismo, do desenvolvimento da luta dos trabalhadores e dos povos pelos seus direitos e emancipação.