António Filipe desafia à unidade e convergência em defesa da democracia

António Filipe participou, no dia 31, numa sessão pública que se realizou no Porto, no Largo Soares dos Reis. Lá, o candidato às eleições presidenciais apelou à união de todos os democratas para reverter a degradação do sistema democrático no País.

Candidatura de António Filipe dá corpo à vontade colectiva de dar futuro ao País

A escolha do local da sessão-pública recaiu sobre um espaço com particular simbolismo: o Largo Soares dos Reis, mesmo ao lado da antiga sede da PIDE na cidade portuense. Ali, com esta opção e através das palavras de António Filipe, recordaram-se os inúmeros actos de bravura dos que resistiram, entre e fora de paredes, à opressão e à tortura da ditadura fascista. Nas palavras de Silvestre Lacerda, que apresentou a iniciativa, foram evocados igualmente Virgínia de Moura e Hermínio da Palma Inácio, ali homenageados em dois bustos.

«Esta candidatura é clarificadora na defesa da Constituição da República Portuguesa (CRP) e dos valores de Abril. António Filipe garante-nos uma intervenção e postura que se identifica com os valores da liberdade, contra o ódio, o fascismo, pela democracia e contra todas as formas mascaradas de a deturpar», assegurou o destacado arquivista e antigo director da Torre do Tombo.

Candidatura identificada com a democracia

Para António Filipe, «impunha-se, o quanto antes, estar junto do povo portuense».

«O juramento do presidente é o de cumprir e fazer cumprir a CRP e é importante saber qual será o seu posicionamento em relação ao retrocesso democrático que se está a viver», realçou o candidato. Perante a actual situação, «em que muitas pessoas desesperam» e em que há uma «grande inquietação por parte dos democratas», «está cá esta candidatura para unir todos em torno da defesa da democracia e para eleger um presidente que se identifique com os valores de Abril».

«Serei o candidato que fará a diferença e dará corpo a esse sobressalto cívico dos democratas que querem reverter esta situação de degradação da democracia», acrescentou ainda.

Candidatura colectiva

O Presidente da República é um órgão unipessoal e as candidaturas não são partidárias, no entanto, para António Filipe é importante não esconder a sua «família política» e as suas «convicções políticas comunistas» que o acompanharam ao longo da sua vida. Mesmo assim, esta é uma candidatura, explicou, que não se restringe a fronteiras partidárias, mas que tem antes como objectivo «unir todos os democratas, independentemente de convicções» e que se «dirige a todos os cidadãos que querem viver num País mais decente». É por isso uma candidatura com um «desígnio colectivo», que dá corpo a uma «vontade colectiva de dar futuro ao País».

«Palestina vencerá»

Para António Filipe, o Presidente da República não pode ficar à margem do que se passa no mundo e o «Estado português tem de assumir uma posição firme em relação à tragédia que se está a passar com o povo palestiniano às mãos do estado sionista de Israel». «Entendo que o Estado português já há muito tempo deveria ter saído da lista da vergonha de países que ainda não reconheceram o Estado da Palestina», afirmou, acrescentado que a posição de Portugal deve ser a de «exigir o fim do genocídio, ajuda humanitária sem entraves e o cumprimento das resoluções da ONU».

 

Encontros ligados à vida

No mesmo dia, da parte da manhã, o candidato teve ainda oportunidade de se encontrar com a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, a Rede Europeia Anti-Pobreza e com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Na ordem do dia estiveram temas como o desenvolvimento do Interior, a necessidade de superar uma economia assente em baixos salários, de investir na capacitação formativa de nível superior e garantir o acesso a serviços públicos.

Da conversa sobre a pobreza na Europa, sobressaiu-se como elemento particularmente grave os muitos milhares de trabalhadores que continuam a empobrecer enquanto trabalham – acto que evidenciou a urgência de uma distribuição da riqueza criada mais justa.

Por parte dos médicos da FNAM, foram transmitidas diversas preocupações com a evolução negativa na capacidade de resposta do SNS. Já o candidato, afirmou que a valorização das carreiras e das condições de trabalho são condições fundamentais para a fixação de mais profissionais no sector.

No sábado, dia 2, António Filipe visitou a exposição Venham mais cinco, em Almada. Com curadoria de Sérgio Trefaut, que acompanhou a visita, a mostra conta com centenas de imagens únicas do 25 de Abril, capturadas por fotógrafos estrangeiros que acompanharam o processo revolucionário português.

Já nesta terça-feira, o candidato comunista reuniu com a Liga Portuguesa dos Bombeiros, em Lisboa. Em declarações à comunicação social, António Filipe referiu que «num momento particularmente difícil para o País», o que se exige é «atrair mais jovens para serem bombeiros», «um maior esforço por parte do Estado para valorizar a opção de ser bombeiro» e o «melhoramento do fundo social e do estatuto de bombeiro».

 



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