Droga entrava desenvolvimento

Os agricultores que cultivam drogas ilícitas nos países em desenvolvimento apenas beneficiam de um por cento do montante pago pelo toxicodependente para satisfazer os seus hábitos de consumo, garante o Organismo Internacional de Controlo dos Estupefacientes (OICS – uma das agências das Nações Unidas), num relatório divulgado na passada semana sobre os impactos do tráfico de droga sobre o desenvolvimento económico.

O documento conclui que «o tráfico de drogas não contribui para o crescimento e para a prosperidade económica, notando que, em 2001, as colheitas ilícitas de ópio e de coca, renderam respectivamente 400 milhões e 700 milhões de dólares, o que representa apenas 1,3 por cento do rendimento agrícola global dos países em análise, estimado em 86 mil milhões de dólares. O rendimento dos cultivadores é igualmente reduzido face aos 2,7 mil milhões de dólares que vão parar aos bolsos dos traficantes locais.

«Em percentagem do PIB (produto interno bruto), a produção e tráfico de droga representa entre 10 e 15 por cento no Afeganistão e na Birmânia, entre dois e três por cento na Colômbia e no Laos, um pouco mais de um por cento na Bolívia e menos de um por cento em todos os restantes países produtores», indica o relatório.

A OICS constata ainda que 99 por cento das receitas mundiais do tráfico de drogas ficam nas mãos dos diversos grupos que participam nos diferentes níveis da cadeia de tráfico, notando, como exemplo, que «nos Estados Unidos, 74 por cento do total dos lucros da venda de cocaína e de heroína foram gerados no próprio país».

O organismo calcula igualmente que o rendimento obtido pelos agricultores das culturas ilícitas não ultrapassa os dois por cento dos montantes destinados em 2000 à ajuda mundial ao desenvolvimento (53,6 mil milhões de dólares). Ou seja, bastaria um ligeiro aumento de dois por cento da ajuda mundial em favor das zonas de culturas ilícitas para compensar as perdas de rendimentos que resultariam de um passagem para culturas legais.

A OICS afirma que, tendo em contra a tripla desestabilização que provoca no Estado, na economia e na sociedade civil, a produção ilícita de drogas constitui um entrave ao crescimento económico a longo prazo.



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