«Viveiro» de multimilionários
Apesar do caos económico e do aumento exponencial da pobreza e da extrema miséria, a Rússia está a ser terreno fértil para o surgimento de grandes fortunas.
A Rússia é o novo «viveiro» de grandes fortunas, com 17 multimilionários inscritos na edição de 2003 da lista anual realizada pela revista Forbes. Na edição de 2002 constavam apenas sete multimilionários russos e em anos anteriores estavam completamente ausentes.
Porém, neste momento a Rússia tem uma quota significativa no clube dos países de multimilionários, ultrapassada apenas pelos Estados Unidos da América, Alemanha e Japão, apesar de a sua economia continuar em crise, na sequência da transição para o capitalismo.
Entre os 17 multimilionários russos da lista - que apresenta 476 fortunas superiores a mil milhões de dólares (sensivelmente o mesmo valor em euros) -, 12 estão ligados à indústria petrolífera.
Os preços do petróleo nos mercados internacionais, ao mais alto nível dos últimos dez anos, não são alheios a este resultado, embora o embrionário mercado bolsista russo também tenha contribuído para multiplicar os lucros, já que o principal índice da bolsa de Moscovo registou uma progressão de 530 por cento, desde o início de 1999.
Os multimilionários da Rússia capitalista são exclusivamente do sexo masculino, pertencem todos à mesma geração de empresários, com 41 anos de idade média. O magnata do petróleo Mikhail Khodorkovski, proprietário de 59 por cento do capital da holding Menatep, que detém, entre outras empresas, o segundo maior produtor russo de petróleo Ioukos, regista a primeira fortuna da Rússia. Esta cresceu de 3,7 mil milhões de dólares em 2002 para oito mil milhões em 2003, conduzindo Khodorkovski para o 26.º lugar mundial do ranking da Forbes.
A segunda maior fortuna russa, no valor de 5,7 mil milhões de dólares, está nas mãos de Roman Abramovitch, governador da República de Tchoukotka, no extremo oriente do país. Este empresário de 36 anos fez fortuna no petróleo e no alumínio e os seus activos são encabeçados pela holding Millhouse Capital, registada no Reino Unido.
O fundador da holding Alfa, Mikhail Friedman, de 38 anos, com 4,3 mil milhões de dólares e patrão da Access/Renova, Viktor Vekselberg, de 45 anos, com 2,5 mil milhões de dólares viram os seus activos fortemente valorizados, graças ao investimento recorde do grupo petrolífero BP no grupo russo TNK, que ambos controlam, situando-se no terceiro e quarto lugares, respectivamente.
O rendimento mensal médio na Rússia é de 143 dólares e um em cada cinco russos vive abaixo do limiar da pobreza, ou sejam com menos de 59 dólares mensais.