Militantes do PCP enchem Rivoli, no Porto, para assinalar os 82 anos do PCP

Comemorar um Partido cheio de vida

O Te­atro Ri­voli abar­ro­tava de en­tu­si­asmo, no do­mingo pas­sado, ao som de Ma­nuel Freire, na co­me­mo­ração do 82.º ani­ver­sário do PCP, no Porto.

Na festa, que contou com a par­ti­ci­pação do se­cre­tário-geral do PCP, Carlos Car­va­lhas, cuja in­ter­venção en­cerrou o co­mício (ver ex­tractos em se­pa­rado), foi pos­sível chamar à me­mória um pouco do pa­tri­mónio his­tó­rico e de acção dos co­mu­nistas por­tu­gueses e, com o re­curso a ma­te­riais de afir­mação e pro­pa­ganda uti­li­zados pelo PCP ao longo dos tempos, evocar a ac­ti­vi­dade e in­ter­venção do Par­tido após a Re­vo­lução de Abril, dos tempos de li­ber­dade e de­mo­cracia.


Um dis­trito em re­gressão


Foi exac­ta­mente fa­zendo re­fe­rência à luta de sempre do Par­tido que Jaime Toga, membro da Co­missão Exe­cu­tiva da DORP, atestou que «o PCP irá con­ti­nuar a estar ao ser­viço do Povo e de Por­tugal, con­tando com a par­ti­ci­pação deste nosso co­lec­tivo mi­li­tante que apro­funda as suas raízes nos tra­ba­lha­dores e massas po­pu­lares».

A re­a­li­dade do dis­trito do Porto, no­me­a­da­mente as ten­dên­cias ne­ga­tivas nos ín­dices de de­sen­vol­vi­mento, no poder de compra, o au­mento brutal do de­sem­prego - com a atri­buição de mais de 5000 re­que­ri­mentos para sub­sídio de de­sem­prego, só em Ja­neiro -, são ex­pres­sões de um de­se­qui­lí­brio so­cial e eco­nó­mico que afecta cada vez mais o dis­trito e es­ti­veram pre­sentes na in­ter­venção de Jaime Toga, que também de­nun­ciou «o vasto, en­di­nhei­rado e in­flu­ente con­junto de in­te­resses que faz com que o PS aceite os ata­ques des­fe­ridos pelo go­verno ao Poder Local de­mo­crá­tico».


Re­forçar a or­ga­ni­zação,
elevar a in­ter­venção


Co­lo­cando também acento na ne­ces­si­dade de re­forço da or­ga­ni­zação do Par­tido, Jaime Toga re­feriu a cam­panha de re­cru­ta­mento em marcha no dis­trito do Porto, em pa­ra­lelo com a con­cre­ti­zação da ac­ti­vi­dade normal do PCP, na re­a­li­zação dum amplo con­junto de de­bates in­se­rido no con­texto da ini­ci­a­tiva na­ci­onal «Por­tugal com Fu­turo» e na cam­panha de fundos ex­tra­or­di­nária para aqui­sição de um Centro de Tra­balho no In­te­rior do Dis­trito do Porto, entre ou­tras sig­ni­fi­ca­tivas me­didas que se pre­tende levar a cabo.


A luta con­tinua


O re­co­nhe­ci­mento da im­por­tância das di­nâ­micas de luta que têm exis­tido por todo o dis­trito do Porto ao longo dos úl­timos tempos, so­bre­tudo da luta dos tra­ba­lha­dores, im­plica o apelo à sua con­ti­nu­ação, pelo que saiu do Ri­voli um cha­ma­mento a todos para que adiram à quin­zena de luta da CGTP e par­ti­cipem na con­cen­tração de 21 de Março na Praça da Ba­talha.

To­davia, também no âm­bito da luta pela Paz, contra o ne­o­li­be­ra­lismo, contra este ca­pi­ta­lismo sel­vagem e guer­reiro, foi pro­du­zida uma fru­tuosa in­ter­venção e re­a­li­zado um con­junto de con­cen­tra­ções e ma­ni­fes­ta­ções de pro­testo que en­vol­veram mi­lhares de pes­soas e mos­traram a força do clamor po­pular a favor da Paz.

«Porque a his­tória do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês é cons­truída com a luta e re­sis­tência de mi­lhares de ho­mens e mu­lheres, de quem nos or­gu­lhamos, e da qual re­co­lhemos a ex­pe­ri­ência que nos aju­dará a en­frentar o fu­turo, es­tamos certos de que somos a al­ter­na­tiva de es­querda na de­fesa do tra­balho com di­reitos, pelo acesso de todos à saúde, pelo en­sino pú­blico, gra­tuito, de­mo­crá­tico e de qua­li­dade para todos, contra a eli­ti­zação da cul­tura, por um sis­tema pú­blico de se­gu­rança so­cial, pela paz contra a guerra, pelo so­ci­a­lismo, rumo ao co­mu­nismo», sin­te­tizou no final Jaime Toga.


Carlos Car­va­lhas no Porto:
Não há jus­tiça sem paz!

Na in­ter­venção que pro­feriu no co­mício do Porto, Carlos Car­va­lhas de­bruçou-se sobre a si­tu­ação imi­nente de guerra contra o Iraque, no­me­a­da­mente sobre a Ci­meira dos Açores em ter­ri­tório na­ci­onal, que clas­si­ficou como uma «Ci­meira de guerra».

O Pri­meiro-mi­nistro de Por­tugal, no seu papel de «mestre de ce­ri­mó­nias» está con­ven­cido que tal Ci­meira «é de grande pres­tígio para Por­tugal porque o seu nome e o do nosso país vão estar nos prin­ci­pais no­ti­ciá­rios mun­diais». Mas «pelas pi­ores ra­zões», diz Carlos Car­va­lhas.

Por­tugal vai ficar, con­tudo, as­so­ciado a uma «Ci­meira dos fal­cões da guerra que há muito op­taram pelo ataque ao Iraque», pros­segue Car­va­lhas, e «a morte de mi­lhares de civis ino­centes, de mi­lhares de cri­anças para quem cer­ta­mente este será o úl­timo fim de se­mana de paz, fi­cará his­to­ri­ca­mente li­gada à guerra apoiada pelo go­verno PSD/​PP». «Triste papel», pois, o do Pri­meiro-Mi­nistro por­tu­guês. «Triste papel o do Por­tugal de Abril».

Mais, esta Ci­meira em solo por­tu­guês e o en­vol­vi­mento do go­verno «ofendem os sen­ti­mentos e as as­pi­ra­ções de paz do povo por­tu­guês que se sente jus­ta­mente in­dig­nado».

De resto, esta Ci­meira não foi para se ver se ainda havia pos­si­bi­li­dade de paz, já que «Bush não quer dar uma opor­tu­ni­dade à paz, Bush quer dar sim uma opor­tu­ni­dade a Blair para ver como é que ele salva a face pe­rante a cres­cente re­volta e con­tes­tação no seu pró­prio Par­tido e no seu go­verno». «Triste fi­gura», também, a deste «dito tra­ba­lhista in­glês!».

Para Carlos Car­va­lhas, «a guerra é morte e des­truição». Mas «o mas­sacre de cri­anças e de ci­da­dãos ino­centes não pre­o­cupam os que fazem dos di­reitos do homem uma re­tó­rica. Com todo o ci­nismo e frieza, os se­nhores da guerra até nos mos­tram uma sala para a im­prensa no Kweit, como se es­ti­vesse pe­rante um jogo de com­pu­tador».

É uma evi­dência que Bush só adiou o ataque ao Iraque «porque a voz da opi­nião pú­blica mun­dial tem iso­lado os go­ver­nantes apoi­antes da guerra». E «sen­tindo que as opi­niões pú­blicas os con­denam, Bush e Blair dizem também agora que querem que o Es­tado Pa­les­ti­niano venha a ser es­ta­be­le­cido». Ou seja, «de­pois de terem dado luz verde à po­lí­tica cri­mi­nosa de Sharon, vêm agora em vés­peras da guerra falar no Es­tado de Is­rael para aplacar a justa re­volta e in­dig­nação do povo pa­les­ti­niano e de mi­lhões de árabes que se sentem jus­ta­mente ofen­didos e hu­mi­lhados».

O se­cre­tário-geral do PCP apro­veitou, então, para saudar «o povo pa­les­ti­niano e a Alta Au­to­ri­dade Pa­les­ti­niana e as forças da paz que, em Is­rael com co­ragem, con­denam a po­lí­tica de Sharon e lutam pela paz contra a es­piral de vi­o­lência». E lem­brou a ida, há duas se­manas, de uma de­le­gação da JCP a Ra­malat, para prestar a sua so­li­da­ri­e­dade ac­tiva ao povo pa­les­ti­niano.

Carlos Car­va­lhas saudou, ainda «os 10 mi­lhões de pes­soas que no dia 15 de Fe­ve­reiro, nas praças, nas ruas e nas ci­dades do Pla­neta ma­ni­fes­taram o seu pro­testo contra a guerra e ex­pri­miram os seus sen­ti­mentos e as­pi­ra­ções de paz», bem como todos os que na ci­dade do Porto «de grandes tra­di­ções de­mo­crá­ticas e de paz» se têm ma­ni­fes­tado contra a guerra, pela paz.

A luta pela paz é, aliás, para o se­cre­tário-geral do PCP, também «uma luta pela jus­tiça so­cial» pois como os povos têm cla­mado «não há paz sem jus­tiça nem jus­tiça sem paz». E lem­brando, os mi­lhões de dó­lares que terão já sido gastos nos pre­pa­ra­tivos desta guerra e no que se vai se­guir, per­gunta «quantos mi­lhões de cri­anças se­riam salvas da fome e de do­enças fa­cil­mente cu­rá­veis, se estes mi­lhões fossem apli­cados na sua ajuda e não na guerra? Quantos mi­lhões de cri­anças ira­qui­anas terão ainda se ser sa­cri­fi­cadas para sa­tis­fazer a ar­ro­gância e a ga­nância do im­pério?».



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