Ong, mong, bong!
Fala-se muito de ONGs, desde há mais de uma dúzia de anos. Como se se tratasse de uma daquelas famigeradas «novas realidades» ou de algum daqueles «movimentos sociais» que deliciam tanto os que pretendem esvaziar e dissolver as organizações populares tradicionais que persistem nas suas lutas em defesa de interesses, de aspirações, de direitos e, ao mesmo tempo, que pretendem não apenas jogar à defesa mas estabelecer um projecto de verdadeira mudança na sociedade, que é como quem diz arrancar o poder das mãos do capital e pôr fim à exploração.
Tropeçamos em ONGs por todo o lado. Não se pode ir ao supermercado nem parar num semáforo sem que uma ONG, com o apoio do patrão do hiper, nos meta na mão um saco de plástico para encher; sem que nos saia na rifa uma rifa, com o apoio estatal disfarçado; sem que nos convidem na televisão a fazer uma chamada a engrossar o lucro das telecomunicações privadas. Tudo em nome da solidariedade; ou dos direitos humanos.
Ora, de facto, ONGs sempre as houve, desde os tempos distantes em que o Estado nasceu e logo se revelou um aparelho de dominação de uma classe sobre as outras todas. As populações - ou a sociedade civil, como hoje abundantemente se chama ao povo sem poder - sempre souberam organizar-se - em corporações, em mútuas, em ligas; mais tarde em sindicatos, em partidos populares contra os partidos do poder.
Mas há realmente alguma coisa de novo. Que, sintomaticamente começa quando, pelos anos 80, o neoliberalismo levanta a cabeça e, simultaneamente, se inicia a derrota do socialismo, destruindo o frágil mas ainda assim poderoso equilíbrio de forças mundial, colocando nas mãos do imperialismo todo o poder (ou quase) a nível global. Aconteceu então que o Estado, que se tinha visto a braços, no campo capitalista, com funções sociais obrigatórias, fruto das exigências populares e das lutas e, sobretudo, do poder e do exemplo do socialismo, viu as portas abertas para se libertar de peias e tornar à sua condição de instrumento de exploração desenfreada. Aparecem então, em força, as ONGs. As boas, apostadas na defesa de direitos roubados. Chamemos-lhes bongs. E as outras, claramente ou disfarçadamente apoiadas e subsidiadas pelo Estado - para cumprirem o papel de que o Estado se demitiu, cobrando os dinheiros e as solidariedades que o Estado não dispensa já. Serão as mongs, as más ou as menos boas porque tendem a conduzir ao engano de quem nelas participa, crendo ser esta uma «terceira via» da participação cidadã...
As ONGs, neste mundo que luta por uma mudança a sério, tanto podem ser uma boa ajuda como uma venda nos olhos inocentes de quem acredita que a caridade resolve os problemas. Mas são hoje um sinal claro de que o Estado prefere dar tudo ao capital e que as mongs façam de conta que há participação popular nesta democracia burguesa.
Tropeçamos em ONGs por todo o lado. Não se pode ir ao supermercado nem parar num semáforo sem que uma ONG, com o apoio do patrão do hiper, nos meta na mão um saco de plástico para encher; sem que nos saia na rifa uma rifa, com o apoio estatal disfarçado; sem que nos convidem na televisão a fazer uma chamada a engrossar o lucro das telecomunicações privadas. Tudo em nome da solidariedade; ou dos direitos humanos.
Ora, de facto, ONGs sempre as houve, desde os tempos distantes em que o Estado nasceu e logo se revelou um aparelho de dominação de uma classe sobre as outras todas. As populações - ou a sociedade civil, como hoje abundantemente se chama ao povo sem poder - sempre souberam organizar-se - em corporações, em mútuas, em ligas; mais tarde em sindicatos, em partidos populares contra os partidos do poder.
Mas há realmente alguma coisa de novo. Que, sintomaticamente começa quando, pelos anos 80, o neoliberalismo levanta a cabeça e, simultaneamente, se inicia a derrota do socialismo, destruindo o frágil mas ainda assim poderoso equilíbrio de forças mundial, colocando nas mãos do imperialismo todo o poder (ou quase) a nível global. Aconteceu então que o Estado, que se tinha visto a braços, no campo capitalista, com funções sociais obrigatórias, fruto das exigências populares e das lutas e, sobretudo, do poder e do exemplo do socialismo, viu as portas abertas para se libertar de peias e tornar à sua condição de instrumento de exploração desenfreada. Aparecem então, em força, as ONGs. As boas, apostadas na defesa de direitos roubados. Chamemos-lhes bongs. E as outras, claramente ou disfarçadamente apoiadas e subsidiadas pelo Estado - para cumprirem o papel de que o Estado se demitiu, cobrando os dinheiros e as solidariedades que o Estado não dispensa já. Serão as mongs, as más ou as menos boas porque tendem a conduzir ao engano de quem nelas participa, crendo ser esta uma «terceira via» da participação cidadã...
As ONGs, neste mundo que luta por uma mudança a sério, tanto podem ser uma boa ajuda como uma venda nos olhos inocentes de quem acredita que a caridade resolve os problemas. Mas são hoje um sinal claro de que o Estado prefere dar tudo ao capital e que as mongs façam de conta que há participação popular nesta democracia burguesa.