Programa envolto em corrupção
A comissão de inquérito apurou graves erros de gestão, controle e auditoria ao programa «Petróleo por Alimentos» e apontou actos de corrupção praticados por alguns dos seus responsáveis.
Segundo as conclusões apresentadas pela equipa liderada pelo ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, Paul Volcker, o secretário-geral da ONU não é um dos envolvidos no escândalo, mas a corrupção no programa mancha nitidamente a administração da organização.
Kofi Annan reagiu ao conteúdo final do documento, entregue quarta-feira da semana passada, junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas, congratulando-se com a confirmação da sua inocência e apelando à reflexão crítica sobre os factos apurados, até porque, situações destas «envergonham» a organização.
O quarto relatório produzido na sequência das investigações ao «Petróleo por Alimentos» acusa a administração de «muitas vezes» não ter sido «competente, honesta e responsável» na condução de um programa envolvendo dezenas de milhões de dólares.
Muitos interesses…
As informações divulgadas a uma semana da Cimeira Mundial- que se iniciou ontem e se prevê que termine amanhã, na sede da ONU, em Nova Iorque - vieram reforçar a tese dos cortes e das reformas na gestão e no financiamento da organização propostas pelos EUA.
A análise ao programa que, de 1996 até à data da invasão do Iraque, em 2003, permitiu ao governo iraquiano trocar crude por géneros de primeira necessidade, aponta empresas francesas, russas e chinesas como algumas das principais beneficiadas pelo esquema.
Muito embora a diplomacia não assuma o facto, as entidades denunciadas na lista da comissão de inquérito são sociedades sedeadas precisamente nos países que se opuseram à ofensiva dos EUA e da Grã-Bretanha contra o Iraque, os quais, entre outros, poderão fazer valer a sua palavra no âmbito da chamada «reforma» dos programas e das agências da ONU, que nestes dias assume centralidade na discussão entre mais de 170 países representados.
…e dois rostos
Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque, e Kojo Annan, filho do secretário-geral da ONU, acabam por sair do escândalo como os rostos mais visíveis da corrupção.
Saddam terá arrecadado um valor calculado em quase nove milhões de euros à custa de um programa que permitia alimentar mais de metade da população iraquiana.
O governo de Bagdad, autorizado a comercializar parte do seu petróleo e beneficiando da falta de monitorização da ONU, não só aproveitou para cobrar «luvas» às empresas concorrentes ao comércio legal, como traficou petróleo através das fronteiras vizinhas.
O embargo económico imposto ao Iraque terá aguçado a procura pelo principal recurso do país. Kojo Annan – que enfrenta ainda uma investigação movida pelo congresso norte-americano – entra em cena porque seria o alegado elemento que influenciava a atribuição de contractos a favor de determinadas empresas petrolíferas. As companhias transferiam centenas de milhar de dólares a coberto do programa «Petróleo por Alimentos» para contas em nome de Kojo garantindo, com isso, uma fatia do comércio de petróleo com o Iraque na época alvo de sanções da ONU.
Segundo as conclusões apresentadas pela equipa liderada pelo ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, Paul Volcker, o secretário-geral da ONU não é um dos envolvidos no escândalo, mas a corrupção no programa mancha nitidamente a administração da organização.
Kofi Annan reagiu ao conteúdo final do documento, entregue quarta-feira da semana passada, junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas, congratulando-se com a confirmação da sua inocência e apelando à reflexão crítica sobre os factos apurados, até porque, situações destas «envergonham» a organização.
O quarto relatório produzido na sequência das investigações ao «Petróleo por Alimentos» acusa a administração de «muitas vezes» não ter sido «competente, honesta e responsável» na condução de um programa envolvendo dezenas de milhões de dólares.
Muitos interesses…
As informações divulgadas a uma semana da Cimeira Mundial- que se iniciou ontem e se prevê que termine amanhã, na sede da ONU, em Nova Iorque - vieram reforçar a tese dos cortes e das reformas na gestão e no financiamento da organização propostas pelos EUA.
A análise ao programa que, de 1996 até à data da invasão do Iraque, em 2003, permitiu ao governo iraquiano trocar crude por géneros de primeira necessidade, aponta empresas francesas, russas e chinesas como algumas das principais beneficiadas pelo esquema.
Muito embora a diplomacia não assuma o facto, as entidades denunciadas na lista da comissão de inquérito são sociedades sedeadas precisamente nos países que se opuseram à ofensiva dos EUA e da Grã-Bretanha contra o Iraque, os quais, entre outros, poderão fazer valer a sua palavra no âmbito da chamada «reforma» dos programas e das agências da ONU, que nestes dias assume centralidade na discussão entre mais de 170 países representados.
…e dois rostos
Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque, e Kojo Annan, filho do secretário-geral da ONU, acabam por sair do escândalo como os rostos mais visíveis da corrupção.
Saddam terá arrecadado um valor calculado em quase nove milhões de euros à custa de um programa que permitia alimentar mais de metade da população iraquiana.
O governo de Bagdad, autorizado a comercializar parte do seu petróleo e beneficiando da falta de monitorização da ONU, não só aproveitou para cobrar «luvas» às empresas concorrentes ao comércio legal, como traficou petróleo através das fronteiras vizinhas.
O embargo económico imposto ao Iraque terá aguçado a procura pelo principal recurso do país. Kojo Annan – que enfrenta ainda uma investigação movida pelo congresso norte-americano – entra em cena porque seria o alegado elemento que influenciava a atribuição de contractos a favor de determinadas empresas petrolíferas. As companhias transferiam centenas de milhar de dólares a coberto do programa «Petróleo por Alimentos» para contas em nome de Kojo garantindo, com isso, uma fatia do comércio de petróleo com o Iraque na época alvo de sanções da ONU.