EUA vetam condenação de Israel nas Nações Unidas

Via aberta aos massacres

Os EUA vetaram uma resolução da ONU que condena Israel pelo massacre de 18 palestinianos na Faixa de Gaza. Ehud Olmert diz que o ataque foi um «erro técnico».
Horas depois do exército israelita ter massacrado 18 civis palestinianos, entre os quais 11 mulheres e crianças, na cidade de Beit Hanoun, os EUA vetaram uma resolução apresentada pelo Qatar no Conselho de Segurança das Nações Unidas onde se condenava o bombardeamento ocorrido quarta-feira, dia 8, e as suas bárbaras consequências.
Entre os 15 membros daquele órgão da ONU, apenas os EUA votaram contra o documento de repúdio. No texto, também se pedia o apuramento dos factos e apelava-se à retirada dos soldados de Telavive dos territórios sob administração da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP). Grã-Bretanha, Dinamarca, Japão e Eslováquia abstiveram-se.
Em reacção ao veto de Washington, Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da ANP, afirmou que tal prática serve de «alento a Israel para que continue a levar a cabo mais agressões». Na mesma linha, o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, pediu uma reunião urgente da Liga Árabe para analisar os acontecimentos na Faixa de Gaza e analisar uma tomada de posição conjunta.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 22 países da organização reuniram-se domingo, no Cairo, donde se expressou indignação quer pelo veto dos EUA, quer pelo ataque israelita. Para o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, a situação só serve para «fazer crescer a cólera no Médio Oriente».
Da parte do governo israelita, Ehud Olmert afirmou-se «perturbado» com o sucedido e escudou-se num «erro técnico da artilharia». Sem pedir desculpas oficiais pelo massacre de 18 civis, o primeiro-ministro garantiu que tudo fará para evitar a repetição do cenário violento de Beit Hanoun, mas logo a seguir foi avisando que outras tragédias podem acontecer.
Numa declaração final de boa-vontade que já não convence quase ninguém, Olmert mostrou-se disposto a encontrar-se com Abbas para discutir o processo de pacificação do conflito, até porque, «ele ficará surpreendido quando se reunir comigo, sobre até que ponto estamos dispostos a ir. Posso oferecer-lhe muito», disse.

Revolta e unidade

No mesmo dia em que o Conselho de Segurança discutia a resolução de condenação a Israel, milhares de pessoas participaram no funeral das vítimas dos bombardeamentos sobre Beit Hanoun. As cerimónias fúnebres, acompanhadas de perto por caças israelitas que sobrevoaram a multidão, terminaram no único cemitério local com espaço para acolher mais palestinianos mortos na sequência dos ataques das duas semanas anteriores e consubstanciaram-se num gigantesco protesto popular contra os massacres e pela autodeterminação da Palestina. Números oficiais indicam que em consequência das últimas incursões de Israel pereceram mais de uma centena de palestinianos e cerca de 350 resultaram feridos.
Paralelamente, continuam as discussões em torno da formação de um governo de unidade nacional envolvendo, entre outras forças políticas, a Fatah e o Hamas, vencedor das últimas eleições legislativas mas proscrito pela «comunidade internacional» sob a acusação de «terrorismo».
A vitória do movimento islâmico é aliás apontada pelos EUA, Israel e UE como a principal justificação para a imposição do garrote económico à ANP, embora o sufrágio que garantiu ao Hamas a maioria no parlamento e consequente liderança no governo tenha sido considerado «livre e justo» por agências e instituições internacionais encarregues de monitorizar o processo.
Segundo informações avançadas por Mustafa Barguti, legislador palestiniano e intermediário nas conversações entre Abbas e Ismail Haniye, primeiro-ministro ainda em exercício, o nome do futuro chefe do executivo palestiniano já terá sido encontrado. Fontes da ANP citadas por agências internacionais avançam com o nome de Mohamed Shbair, ex-reitor da Universidade Islâmica de Gaza, para o cargo.

Arafat recordado

Com a memória ainda fresca dos massacres de Beit Hanoun, milhares de palestinianos, 35 mil, de acordo com as autoridades, participaram, sábado, em Ramala, na iniciativa que assinalou a passagem do 2º aniversário da morte de Yasser Arafat. O histórico líder foi recordado entre palavras de ordem e de luta confiantes no futuro da Palestina gritadas por gente que, em alguns casos, foi obrigada a atravessar cinco postos de controle do exército israelita para estar presente na cerimónia.


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