Transportes

Um sector estruturante e estratégico

No âmbito da preparação da Conferência Nacional do PCP sobre questões económicas e sociais, realizou-se, na sexta-feira, em Lisboa, no CT Vitória, um debate/audição dedicado às questões dos transportes.

No âmbito da preparação da Conferência Nacional do PCP sobre questões económicas e sociais, realizou-se, na sexta-feira, em Lisboa, no CT Vitória, um debate/audição dedicado às questões dos transportes.

Ao longo do dia, cerca de quatro dezenas de técnicos, membros das ORTs e de Comissões de Utentes, militantes a amigos do PCP aprofundaram a actual política de transportes e as propostas do PCP para o transporte de passageiros e de mercadorias, público e privado.
Vasco Cardoso, membro da Comissão Política que participou no debate, analisou a realidade nacional, intervindo, como era objectivo do debate, sobre os actuais constrangimentos e limitações impostos pela política de direita, mas também sobre as «enormes potencialidades que a força e energia criativa dos trabalhadores projectam». A realidade é que o País «não pode continuar com um modelo de desenvolvimento que gera contínua estagnação económica», aumenta o desemprego e o desequilíbrio na distribuição da riqueza e «permite que as principais alavancas económicas – as suas maiores empresas – possam estar nas mãos de estrangeiros»
Fazendo o balanço à discussão, Vasco Cardoso valorizou o conhecimento da situação revelado ao longo da discussão, assim como as reflexões e propostas do PCP para um sector «estruturante para vida económica e social do país e estratégico para um projecto de desenvolvimento».
Na actual sociedade capitalista, disse, o transporte individual constitui um «paradigma» de tal forma dominante que a ele se sacrifica um conjunto de recursos financeiros, energéticos e ambientais, em «benefício do complexo sistema de interesses montado em torno da indústria automóvel, da exploração petrolífera e do capital financeiro». Daí, a política de destruição da concepção de serviço público e a sua entrega aos privados, considerando mesmo o texto-base da Conferência em discussão que «o deficit da estrutura de transportes e logística nacional, quer para as necessidades actuais, quer para um projecto de desenvolvimento é hoje uma das causas da estagnação económica e do agravamento de um conjunto de indicadores sociais».

Exploração aumenta

Foi tendo em conta precisamente o papel fundamental do sector de transportes para a «articulação do desenvolvimento e a recuperação económica do país», sublinhou o dirigente comunista, que em 1975 este sector foi objecto de importantes nacionalizações. Ao longo de três décadas, os diferentes governos do PSD, CDS/PP e PS têm procurado contudo liquidá-las e, com o objectivo de restaurar o capitalismo monopolista de Estado, têm recorrido à privatização de empresas ou de grande parte delas. Da destruição da Marinha Mercante, da privatização da RN, do encerramento de mais de 900 km de linha e ramais ferroviários, das sucessivas tentativas de destruição do passe social intermodal e da destruição de mais de 40.000 postos trabalho líquidos, o que resultou, porém, foi «o aumento da exploração dos trabalhadores, o aumento das tarifas e na redução do serviço público prestado às populações».
E não é o anúncio de mega projectos de investimento em infra-estruturas de transportes, como a OTA ou TGV, diz Vasco Cardoso, que consegue ocultar o facto de a política do actual Governo, como a dos anteriores, ter agravado os problemas do País, para beneficiar os grupos privados do sector, ligados ao capital estrangeiro, que controlam grande parte do sector rodoviário e parte da aviação civil, tendo já penetrado no sector ferroviário através da FERTAGUS. As Administrações portuárias deixaram de operar nos portos e tornaram-se alugadoras de espaços e equipamentos.
O objectivo da Conferência Nacional que o PCP está a preparar é, pois, assegura Vasco Cardoso, o de discutir e apresentar um conjunto de propostas que, rompendo com as politicas de direita, respondam às reais necessidades do País.

Propor e afirmar direitos

Como muitas outras vozes que se ouviram ao longo do debate, Vasco Cardoso acusou o Governo PS de se ter virado com «grande violência» contra os mais de 100.000 trabalhadores que desenvolvem a sua actividade profissional nas empresas rodoviárias, ferroviárias, aviação civil, marítimas, portuárias, fluviais, táxi e despachantes oficiais. «Os seus direitos, salários e condições de trabalho, têm sido degradados, aumentou o trabalho precário, a sub-contratação, a insegurança, as limitações à sua livre associação e intervenção sindical», disse, mas, para o PCP, «não há política de transportes que possa ser feita contra os direitos dos trabalhadores» destes sectores.
Aliás, a Conferência Nacional, para além das propostas que tem para apresentar, pretende também afirmar «que os direitos dos trabalhadores são simultaneamente objectivo e condição para o desenvolvimento do país».
Quanto a propostas, o debate/audição apontou, entre outras propostas e reflexões, a necessidade de uma forte política de investimento público em todas as dimensões destes sectores e que, ouvindo as populações e ORT´s, assuma a necessidade de um Plano Nacional de Transportes (este Plano deve assentar no serviço público e estar virado para o desenvolvimento da economia nacional, do ordenamento do território e desenvolvimento harmonioso das regiões, de forma a responder a imperativos de economia energética, menor custo social e preservação do ambiente); de assegurar a complementaridade entre os diversos modos de transporte; de garantir a existência de um sector forte, constituído por empresas públicas, única forma de garantir a efectiva prioridade ao serviço público, com transportes coordenados e frequentes, seguros, com boa qualidade e a preços sociais.


Mais artigos de: PCP

PCP entrega Petição

Uma delegação da Direcção Regional de Aveiro do PCP, constituída por Luís Quintino, Óscar Oliveira e Lúcia Gomes, membros deste organismo, deslocou-se, na passado dia 3, à Assembleia da República, para entrega de uma petição «Reabilitar a Linha do Vale do Vouga é Urgente e Imperativo», subscrita por mais de 4500...

Homenagem a Óscar Lopes

Por ocasião da passagem do 90.º aniversário de Óscar Lopes, o Secretariado do Comité Central do PCP homenageou, na segunda-feira, esta grande figura de intelectual e «infatigável combatente da liberdade», através de um comunicado (que a seguir se transcreve) e associando-se à homenagem que lhe é promovida pela Cooperativa Árvore, no próximo domingo.

PCP inaugura Centro de Trabalho

Seis dezenas de militantes e simpatizantes do PCP assistiram, no passado dia 30 de Setembro, à inauguração do Centro de Trabalho de Albufeira, em que igualmente participou Rui Fernandes, membro do Secretariado e da Comissão Política.«A inauguração do Centro de Trabalho de Albufeira é mais do que a concretização de um...

Tomar tem novo CT

No passado fim-de-semana, Jerónimo de Sousa participou na inauguração do novo Centro de Trabalho do Partido em Tomar, agora situado numa das principais artérias da cidade.Na ocasião, Custódio Ferreira, membro da Comissão Concelhia do PCP, manifestou a satisfação dos comunistas de Tomar por passarem a dispor de um espaço...

PCP tem condições para crescer

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, visitou no passado fim-de-semana as Ilhas do Faial e do Pico, Açores, onde teve oportunidade de confraternizar com simpatizantes e militantes do Partido.

Injustiça social agrava-se

Reunida recentemente, a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP analisou a situação social no distrito e as tarefas partidárias a realizar.A abertura do ano lectivo, foi uma das questões também analisadas pela DORAV, que diz ter este começado mal, apesar dos anúncios de tranquilidade e normalidade do Governo....

A submissão às grandes potências

O PCP considera que a política externa do Governo PS «colide com os interesses nacionais» e com a Constituição, defendendo, em alternativa, uma «política de paz, cooperação e amizade com todos os povos».